Um estudo recente conduzido pela Universidade Federal da Bahia e pela Fundação Oswaldo Cruz revelou a circulação de uma nova variante do HIV em três estados brasileiros. A descoberta é marcada por quatro registros de um vírus recombinante nas regiões da Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Essa nova variante do HIV, ainda não identificada em outros países, resulta da combinação genética dos subtipos B e C do vírus, que estão presentes no Brasil. Denominada de “recombinante”, essa versão do HIV é o resultado da mistura genética de dois subtipos distintos que se encontram e se reproduzem dentro de um mesmo organismo hospedeiro.
De acordo com os pesquisadores, a presença desta variante representa um risco aumentado de dupla infecção. Isso ocorre porque, quando uma pessoa é exposta a dois subtipos do HIV, há uma possibilidade de reinfecção e a subsequente combinação dos dois, formando uma nova variante. Essa dinâmica pode levar à formação de vírus únicos, encontrados em indivíduos com reinfecção, ou a variantes viáveis e circulantes, que são transmissíveis.
A bióloga Joana Monteiro-Cunha, uma das autoras do estudo, esclarece que os vírus recombinantes podem ter diferentes padrões de transmissão e progressão. “Os vírus recombinantes podem ser únicos, encontrados apenas em uma pessoa que passou por reinfecção, ou viáveis e circulantes, se tornando versões transmissíveis”, afirma Monteiro-Cunha.
No entanto, ainda não se sabe se esta nova variante do HIV é mais facilmente transmissível ou se progride mais rapidamente para a AIDS. Estudos adicionais são necessários para entender melhor o comportamento do vírus recombinante e suas implicações para o controle e tratamento da doença.