Altamente viciantes, tóxicas, com overdoses narcísicas, egocêntricas, ideológicas e até sociopáticas, as redes sociais nos pegaram bonito. Sabe-se que é uma selva, que o terreno é movediço, “pegajoso e inóspito”, como disse uma amiga do face, mas mesmo assim entramos de cabeça nesse universo de fantasia e entretenimento.

E como entretêm. Plugados em tempo real, preferimos a companhia virtual a relações complexas, cara a cara, onde a espontaneidade é capaz de promover conflitos; ou a situações corriqueiras que nos arrancam bocejos.

Já em contato com amigos ocultos, escolhemos o que lhes revelar – a felicidade, por exemplo, que é farta de selfies estilo Tumblr. Tudo enquadrado no melhor ângulo (há um paradoxo geométrico aqui?) a melhor iluminação, a pose inusitada, o marketing ideal… Os aplicativos servem para eliminar imperfeições, aumentar ou reduzir as formas, remodelar, filtrar. Botox virtual.

O sorriso “sincero” mostra que tudo está às mil maravilhas, seja na rotina repleta de novidades, seja nas viagens fantásticas – somos cidadãos do mundo – seja nas férias incríveis ou nos eventos hollywoodianos. Afinal, do que vale ter uma vida perfeita se não a colocarmos na vitrine?

E quando a raiva “chega chegando”, bum! É só detonar os que se posicionam de forma diversa, porque, atrás de uma tela, até as minhocas viram najas (ou ninjas), especialmente se a intenção é viralizar.

Mas nem tudo são espinhos nestas searas. Nelas proliferam também ervas daninhas em forma de correntes, algumas de fundo religioso, outras, apelativas, que semeiam a dúvida na cabeça dos menos céticos. Fazer ou não fazer?

Mensagens positivas também permeiam a Internet, com sábios conselhos – sempre aos outros – porque queremos um mundo melhor –, contrabalançando com desabafos e recados velados.

Pois é! As redes sociais são uma droga. Viver de likes é insano. As críticas chateiam. Os discursos de ódio desestabilizam. Os compartilhamentos de fakes inquietam. E as relações mais próximas enfraquecem.

Facebook, WhatsApp, Instagram, You Tube, Messenger, Twitter… A oferta é grande. E quem resiste a tanta modernidade? Dar um pitaco aqui, fazer uma piada ali, apoiar uma causa, se identificar com um grupo, declarar o seu amor com plateia?

Não dá para negar. Todo mundo é um pouco ridículo nas redes sociais, mas ficar por fora é renunciar ao mundo contemporâneo. Bom ou ruim, vive-se nele. O jeito é andar com cuidado pra gente não se perder num mato sem cachorro.