Moradores elencam as duas qualidades como as principais do bairro, e explicam que isso está resultando em um número maior de novos moradores

Moradores

Luciane Bielski tem 53 anos, é aposentada e moradora do bairro há 23 anos, mudou-se para lá após casar. “Acabamos vindo morar para cá eu e o meu marido, gostamos muito do bairro. É um lugar tranquilo, calmo e acabei ficando até hoje. Na época nem pensava em viver aqui, só que apareceu a oportunidade e nos agarramos nela. Hoje em dia noto que o bairro não precisa de nenhuma melhoria”, declara.

Para ela, poder se sentir segura é extremamente importante e essa é mais uma das qualidades que acredita ter o Maria Goretti. “A melhor parte de viver no bairro é a tranquilidade, claro que volta e meia acontecem alguma coisa. Se deixa os pertences do lado de fora, um sapato, uma roupa, às vezes tem perigo de ser roubado, mas isso não é sempre”, assegura.

Cada dia mais é possível ver novas estruturas de casas e prédios, além de placas de vende-se ou de aluga-se pelas ruas do bairro. “Noto que tem crescido muito, e vejo isso através de prédios novos, casas, toda hora vemos vizinhos que se mudaram recentemente. E acredito que isso aconteça porque é um lugar com fácil acesso, já que temos muitos. É perto do Centro, da rodoviária e além disso, temos escola e mercado, então acaba sendo um bairro prático”, reconhece.

Fabiane Camera é do lar, tem 39 anos, a mesma idade em que vive no local, e hoje em dia mora com os dois filhos, o marido e a mãe. “É um bairro bom de morar, e após me casar, eu e meu marido decidimos ficar perto da minha mãe e seguir vivendo com ela. É um bairro bom, tem tudo próximo, e é perto do Centro”, realça e complementa que “outro lado bom é a comodidade, muitos vizinhos são moradores antigos o que é bom pois já os conhecemos. Então essa proximidade é muito bacana”, aponta.

Como tem uma filha pequena, Fabiane enfrenta o desafio de não ter onde deixa-la, pois não existem escolinhas públicas próximas. “Falta escola infantil no bairro, tem particular, mas pública não. Tem muita criança, então não faz sentido não ter uma escolinha no bairro. E acabei optando por não deixar meu filho na escola que temos, porque ela vai somente do primeiro ao quarto ano”, cobra.

Por muitos anos, ainda quando trabalhava, Fabiane se deslocava com o ônibus do bairro, e explica como era o serviço. “Utilizei o transporte público há um tempo, e eram menos linhas na época, e ainda sim era bom. Agora que duas empresas prestam serviço para o bairro têm mais ainda. E na avenida ainda passa mais ônibus”, destaca.

Ela nota o aumento exponencial de vizinhos ao longo dos anos, assim como o aparecimento de moradias. “Tem muito morador novo, agora que está surgindo cada vez mais apartamentos notamos bastante gente vindo. Acredito que seja porque é próximo ao Centro, porque é um bairro completo em questão de comércio e as vias de acesso são ótimas, então penso que estes sejam os motivos”, elenca.

Lúcia Zott tem 82 anos, nasceu em Pinto Bandeira, mas há muitos vive no Maria Goretti, funções já teve diversas, mas a que mais gostava eram as que envolviam a preparação de alimentos. “No início fazia capelleti em casa, em torno de 500kg por semana. Fazia para os restaurantes e mercados, vendia quilos. Mas comecei a cansar, e aos 45 anos desisti de fazer porque já estava adoecendo. Depois abri uma loja na avenida do Maria Goretti, vendia lãs, linhas e botões. Fora os crochês e os tricôs. Depois o vizinho abriu um restaurante e me convidou para ir trabalhar com ele, passei 23 anos cozinhando nesse restaurante”, relembra a aposentada.

Lucia Bielski relembra a juventude e os amigos que fez, no bairro, ao longo dos anos 


Há seis décadas, ela passou a viver no local em uma casa que acomodava seis pessoas. “Vai fazer 61 anos que moro no bairro, meu marido construiu a casa antes de nos casarmos. Ele a fez por causa dos pais, de um tio e do irmão que passaram a morar lá, quando ele me pediu em casamento, perguntou se eu cuidaria deles e disse que sim, assim assumi a responsabilidade de todos”, conta.

Um dos motivos do bairro ser tão querido por ela são as boas recordações que mantém de momentos divertidos e alegres. “Adoro viver aqui, sempre tive vizinhos bons, nunca briguei com ninguém. Quando não tinha o calçamento na rua, nós e os vizinhos jogávamos caçador, futebol e antes da pandemia jogávamos cartas todas as noites. Vinham sempre na minha casa, e eles adoravam”, pontua nostálgica.

Lúcia menciona como era o diferente o bairro quando passou a viver lá. “Quando chegamos no Maria Gorreti, nós tínhamos de puxar água, fazer esgoto, puxar luz da avenida. Não tinha nada, só uma estrada que soltava muita poeira, eucaliptos e três casas. Fomos um dos primeiros moradores”, realça.

Ela finaliza com um alerta, já que nota as pessoas passando tanto tempo em frente as telas e vivendo menos os momentos. “Nós éramos felizes e não sabíamos, não é como agora… Nós jogávamos bola, brincávamos, mesmo casadas e com filhos. Mas hoje em dia as próprias crianças só passam no celular, não brincam mais”, conclui a aposentada.

Comércio

Argélio Mangoni é empreendedor e mecânico, escolheu o local para abrir o seu negócio. “Trabalho por conta há 18 anos, sou mecânico há 25. No Maria Goretti vai fazer cinco anos. A questão da escolha do bairro é que encontrei um lugar com um tamanho bom, tranquilidade, e como acaba tendo que sair e entrar muito carro, a falta de movimento facilita muito. E o bairro é bom demais, estruturalmente também”, explica.


Para ele, uma das qualidades do Maria Goretti é ser um bairro bastante funcional. “A princípio está tudo certo, tem mercado, padaria, mecânica. Não vejo ninguém se queixando, que falte comércios aqui. Porque o básico nós temos, agora tem uma fruteira enorme abrindo, tem borracharia… Até escola tem, então ele é bem completo”, exalta.

Mangoni, por estar há 25 anos na profissão, tem uma cartela de clientes bastante vasta, e por estar a cinco anos no bairro já conquistou muitos residentes do mesmo. “Na minha mecânica frequentam pessoas da cidade inteira, tem gente de Monte Belo, de Garibaldi, dos bairros nós temos clientes de todos. E daqui do Maria Goretti acabamos gerando muita confiança para os moradores. Mas nós temos um diferencial, nós fidelizamos o cliente e explicamos exatamente o que é necessário para melhorar o carro”, expressa.

Sobre a economia, existem seus altos e baixos, mas ele acredita que o ano de 2023 não está sendo favorável para a maioria dos empreendedores. “Esse ano não dá para dizer que está sendo bom, não posso me queixar porque o meu serviço é difícil ficar parado. Mas no auge da pandemia, sinto que estava melhor do que está agora. E isso se dá primeiramente pela troca de governo e segundo pelos desastres que ocorreram próximos de nós. Muitas pessoas perderam dinheiro, ou tiveram que gastar muito. É um ano que não está numa constância, tem meses que é uma loucura e outros que abaixam muito. Mas para quem é mais voltado ao comércio, se vê que os consumidores pararam de comprar muita coisa”, frisa.

Diego Borges tem 38 anos, é empresário do bairro e lá tem uma padaria. Ele explica que apesar dos clientes do local serem fiéis, não seria possível ter um negócio rentável apenas com eles. “Nenhum comércio, ou mais precisamente o meu tipo de negócio, sobreviveria apenas dos clientes daqui. Não é um tipo de negócio que somente os moradores do bairro frequentam. Até porque existem outros comércios que podem competir conosco, mas boa parte dos residentes o frequentam”, relata, e completa que “assim como nossos colaboradores que em sua maioria são de outros bairros, mas temos uma funcionária moradora daqui”, realça.

Sobre a questão econômica ele traz que apesar da economia não estar muito positivo, tendo qualidade é possível melhorar a situação. “As vendas sempre poderiam ser melhores, acredito que economicamente o país não está favorável para deslanchar as vendas, é necessário sempre estar fazendo o dever de casa e entregar o melhor”, frisa.

Há 12 anos ele decidiu colocar seu empreendimento no Maria Goretti, após algum tempo estudando o lugar mais adequado, e desde então não tem arrependimentos sobre a escolha feita. “Não tem partes negativas, quando se escolhe um lugar para abrir um estabelecimento se faz um estudo prévio. Pesa prós e os contras, e se o bairro foi escolhido é porque não tem grandes lados negativos. Nossa empresa este ano fez 15 anos, mas no bairro completaram 12, então não enxergo lado negativo”, reconhece.

Fotos: Renata Carvalho
Foto de capa: Raffele Imobiliária