A atividade física contribui para a melhora de saúde em todas as faixas etárias, em especial aos idosos, gerando adaptações fisiológicas e psicológicas

Com o avanço da idade, o corpo tende a perder força e massa muscular. Isso começa por volta dos 35 anos, mas se intensifica após os 60. Entretanto, estudos mostram que exercitar os músculos pode reverter esse processo. O enfraquecimento desses dificulta a realização de atividades cotidianas, como caminhar, subir escadas e carregar compras, além de prejudicar o equilíbrio, aumentando o risco de quedas.

Se realizada com supervisão de um profissional da área, a musculação é segura mesmo para quem não está com a saúde perfeita. O coordenador da NatSport Fitness, Tiago Fin, afirma que os benefícios são muitos. “Ajuda no controle de diversas doenças como osteoporose, diabetes, doenças cardíacas e artrites, além de fortalecer os tendões, ligamentos e as articulações. Há um aumento de massa óssea, e reduz as quedas e as consequências causadas por elas, além de tudo, contribui para o peso saudável. Somente haverá dano se não for orientada por um profissional”, confirma.

Lúcia de Bortoli pratica atividade física há 24 anos, entre pilates e musculação. Foto: Franciele Zanon

Dona Lúcia de Bortoli, 76 anos, pratica exercícios há 24. Ela conta que começou com pilates e hoje está na musculação também. “Quando não venho para a academia, sinto muita falta. Faz muito bem à cabeça, me ajuda na lombar e cervical”, afirma.

Cada aluno possui um exercício específico, de acordo com as dificuldades, dores, enfermidades, entre outros. “A gente chama de individualidade biológica, então os respeitamos dessa forma, têm aqueles que já malham e têm os sedentários. De forma geral, todos passam por uma avaliação física, na qual o professor identifica as possíveis ferramentas para indicar ao aluno”, complementa Fin.

Exercitando-se no extensor e focada em ganhar força, Odila Pelegrini, 56 anos, relata que no dia da entrevista caminhou cerca de três quilômetros para ir treinar – mais três para voltar. “Me sentia travada ao limpar a casa antes de fazer (exercício). Hoje pratico todos os dias, posso agachar, limpar e nada de dor”, reconhece.

Dona Odila diz praticar atividades físicas todos os dias. Foto: Franciele Zanon

Já Neiva Tonini, 71 anos, que pratica exercícios físicos há 14, comenta que não pode ficar sem musculação e pilates. “Na pandemia, quando ficamos uns meses parados, engordei, fiquei angustiada, desanimada. Para mim é um hábito, como tomar água”, frisa.

O coordenador Fin ressalta que atividades físicas podem ser feitas pelos idosos a todo momento, desde que acompanhadas por um profissional. “Nessa idade, trabalhamos bastante com equilíbrio, exercícios do dia a dia, como empurrar, puxar e agachar, e também aqueles que utilizam o peso corporal”, respalda.

Ajuda no controle de diversas doenças e para aumento de massa óssea, o que reduz as quedas. Tiago Fin, professor de Educação Física

Desafios na perspectiva da promoção à saúde

Do mesmo modo que a infância, adolescência e a idade adulta são repletas de prós e contras, na terceira idade não seria diferente. Por exemplo, a experiência e a resiliência, adquiridas ao longo dos anos, são comuns aos idosos e “invejáveis” aos mais novos. Por outro lado, estão em uma fase cheia de condições clínicas desfavoráveis.

Tiago Fin diz que o desafio é inserir a atividade como hábito em alguém que nunca treinou. “A terceira idade é um grupo excelente para trabalhar. Contudo, quem nunca praticou alguma atividade física até essa fase, para começar é bem complicado. Quem já vem de uma rotina de movimentação, a adaptação ao exercício é bem tranquila. Dando muita importância à promoção da saúde, hoje a musculação não é apenas para ganhar força, e sim visando um bem-estar físico, social e mental, principalmente neste momento de pandemia que estamos vivendo”, pondera.

Neiva Tonini, 71 anos, não abre mão da rotina de exercícios físicos. Foto: Franciele Zanon

Brasil tem 30,2 milhões de idosos

O envelhecimento da população brasileira segue a tendência percebida em diversos lugares do mundo. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2018, já são 30,2 milhões de idosos, 4,8 milhões a mais do que em 2012. Isso representa um aumento de 18% na quantidade de pessoas acima dos 60 anos.

A população idosa tende a crescer no Brasil nas próximas décadas, como aponta a Projeção da População do IBGE, atualizada em 2018. Segundo o documento, em 2043 um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. A taxa de natalidade está menor e a de longevidade maior, fica fácil compreender que, em um futuro breve, teremos uma mudança demográfica significativa, e boa parte da população terá 60 anos ou mais.

De acordo com a demógrafa do IBGE, Izabel Marri, as principais causas para essa tendência de envelhecimento seriam o menor número de nascimentos a cada ano, ou seja, a queda da taxa de fecundidade, além do aumento da expectativa de vida do brasileiro. Conforme o IBGE, quem nasceu no país em 2017 pode chegar, em média, a 76 anos de vida. Na projeção, quem nascer em 2060 poderá chegar a 81. Desde 1940, a expectativa já aumentou 30,5 anos.

Embora não seja possível retardar ou parar o envelhecimento, é possível minimizar os seus impactos com a implementação de hábitos saudáveis, como sono adequado, alimentação balanceada e prática regular de atividades físicas.

Importante

Na hora de escolher um personal trainer: “Primeiro saber se é formado, se tem a carteira do Conselho da Educação Física (Cref), e depois identificar nele uma empatia, ter boa relação entre aluno e professor, e experiência na área. Isso faz com que os dois se entendam super bem”, destaca Fin.