Espetáculo tem direção de Edson Possamai e atuação de Cristian Bernich
O teatro contemporâneo em Bento Gonçalves ainda é sinônimo de novidade. Na atualidade, não existem produções que fazem uso desta linguagem/processo para montagens cênicas, fato este que expressa o quanto é necessário e importante desenvolver este segmento em nossa cidade. O Projeto “Mundus Immundus2” é um exemplo da utilização da metalinguagem para criação de um espetáculo contemporâneo, no qual o ‘palco’ possui uma estética singular, com a presença e ausência de um ator/personagem o seu multi-monólogo em cena. O projeto vem sendo elaborado e produzido na Sala de Ensaio há quase dois anos, é financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Bento Gonçalves, com estreia prevista para o fim de março.
O espetáculo tem direção de Edson Possamai e atuação de Cristian Bernich, artistas bento-gonçalvenses que construíram uma linguagem única ao longo de mais de 20 anos de carreira. Nesta produção, depois de quase uma década, retomam e revisitam a linguagem teatral. Criado pelos artistas, a proposta foi elaborada a partir de uma adaptação de um monólogo teatral que conta a história surpreendente da personagem ‘Cabrita’, uma mulher que (sobre)vive em um lixão relatando suas memórias e de que forma ela chegou à “vida no lixo”. Um drama com a investigação policial de um assassinato, permeado com momentos de tragicomédia: a revelação da história de uma catadora de lixo que é investigada como a principal suspeita da morte de uma mulher indigente com o corpo encontrado no lixão. Durante a narrativa, a personagem Cabrita (con)fundem-se ao ator criando uma aproximação e distanciamento do cotidiano, até chegarmos a um desfecho surpreendente.
Como em qualquer processo de teatro contemporâneo, este não foi diferente. “Creio que esse será um dos trabalhos mais diferente que produzimos, certamente, é algo inovador na cidade, inclusive para nós, pois é a primeira vez que faremos uso de tecnologia em cena”, revela Edson Possamai.
À frente da Cia A Trupe Dosquatro, Edson e Cristian pesquisam o “humano” partindo das memórias afetivas e, sempre, a presença e ausência do corpo é uma algo que motiva as criações. Neste trabalho o espectador estará literalmente dentro da cena, abrindo os sentidos para perceber o ator na sua presença de atuação, mas ao mesmo tempo se ausentando como personagem em cena. “Foram muitas experimentações que fizemos até chegar a esse resultado; estudei o texto inúmeras vezes, criei personagem no gênero masculino, feminino, trans, até chegarmos à ‘Cabrita’ que será apresentada”, comenta Cristian Bernich.
Foto: Arquivo Pessoal