Estado promete melhorias na rodovia afetada pela enchente em até 18 meses

A ERS-431, que conecta Bento Gonçalves a Santa Bárbara (São Valentim do Sul), é uma rota vital para a região, mas enfrenta desafios estruturais há anos. Com 22,85 km de extensão, o trecho está em planejamento de obras de recuperação do pavimento, reforço das cabeceiras de pontes e construção de contenções, conforme documento de apresentação do plano de recuperação de rodovias anunciado na segunda-feira, 20, pelo governador. O projeto, estimado em R$ 101 milhões e com prazo de conclusão de 18 meses, busca melhorar a segurança e a mobilidade dos usuários.

Rodovia apresenta trechos com asfalto cedendo

Desafios na travessia da balsa

Desde a instalação de uma balsa provisória para substituição da ponte, os problemas de infraestrutura e logística são constantes. Dalcir Foletto, professor de Português que utiliza a rodovia regularmente para visitar familiares em Serafina Corrêa, descreve os transtornos. “Sempre temos que esperar bastante. Recentemente, ficamos mais de três horas devido a um carro estragado na balsa. Isso afeta o fluxo, principalmente para quem depende dessa via para trabalho ou transporte de produtos como a uva”, comenta.

Dalcir Foletto destaca a demora para usar a balsa

Ele ressalta que com a vinda de uma balsa menor após a última balsa ser levada pelo rio, o fluxo está bem lento.

Foletto também destaca a falta de organização do governo: “Embora esta não seja uma rota tão movimentada, ela é essencial para os moradores e produtores locais. Precisa de maior atenção e sensibilidade”, destaca.

Relatos de motoristas

André Ortolan, usuário eventual da ERS-431, relata dificuldades na travessia de veículos maiores: “A balsa não comporta ônibus, e mesmo micro-ônibus enfrentam problemas, como danos nos para-choques. Além disso, não há estrutura adequada nas rampas de acesso”, afirma.

Ele também critica o tempo de espera: “Os operadores esperam a balsa encher para atravessar. Se tiver poucos carros, pode levar até uma hora. Isso é inviável para quem tem compromissos”, frisa. Segundo Ortolan, o custo também é um fator de insatisfação, variando de R$ 2,40 para motos a R$ 9,90 para carros.

André Ortolan afirma não ter estrutura adequada nas rampas de acesso

A população está cética quanto ao cumprimento do prazo estipulado pelo governo do Estado. A falta de atualizações claras sobre o progresso das obras alimenta a insatisfação, principalmente entre os produtores rurais que dependem da via para escoamento de safras.

A construção da ponte foi novamente adiada para fevereiro. “Isso aqui é uma vergonha. O asfalto está cedendo e tem desmoronamentos em toda a via. As estradas estão realmente precárias, danificando os veículos. Eles colocaram cascalho nas partes onde o asfalto está cedendo, mas não ajuda muito na situação”, evidencia um morador do local, que não quis se identificar.

O anúncio do Estado

É esperado um investimento de R$ 1,2 bilhão em obras de resiliência climática em estradas e pontes do Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes de 2024. Em solenidade no Palácio Piratini, Leite e o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, assinaram contratos para três pontes e 15 lotes que incluem 11 rodovias em diversas regiões do Estado, entre elas a ERS-431.

A iniciativa integra o Plano Rio Grande, o programa de reconstrução, adaptação e resiliência climática do Estado lançado em 2024, que visa planejar, coordenar e executar ações para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente histórica.

Do total aportado, R$ 1,18 bilhão será investido em rodovias e R$ 65,6 milhões em pontes. A categorização das estradas e pontes afetadas foi baseada em sete critérios: situação da rodovia, tempo gasto a mais em deslocamentos, quantidade de afetados, impactos na economia local, na saúde e na mobilidade urbana e volume de circulação de veículos.