Mesmo 35 anos depois de o cientista francês Luc Montagnier isolar o vírus do HIV/Aids pela primeira vez em laboratório, a discussão sobre a doença ainda é muito necessária. Isso inclui as famílias, as escolas, os meios de comunicação, as organizações não governamentais e, claro, o poder público. Com este enfoque, foi realizada nesta quarta-feira, 11, a segunda reunião do Grupo de Trabalho da Unaids 2018, com o A epidemia e a resposta ao HIV no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez, o encontro ocorreu fora de Brasília, no Distrito Federal.

O GT Unaids (Grupo Temático Ampliado das Nações Unidas sobre HIV/Aids) é um dos braços do Unaids, o programa da ONU que busca soluções para combater a enfermidade no mundo inteiro. Com a colaboração de parceiros globais, nacionais e regionais, a meta é acabar com a epidemia da Aids até 2030.

A diretora da Unaids no Brasil, Georgiana Braga Orillard, falou da importância de compartilhar ações e experiências que estão dando certo. “Essa troca de informações é fundamental para termos mais sucesso e atingirmos nossas metas. O enfoque tem que ser nas populações mais vulneráveis e, especialmente, nos jovens. Temos que falar com eles, na linguagem deles”, explicou.

O secretário da Saúde, Francisco Paz, lembrou que o Rio Grande do Sul foi o primeiro estado brasileiro a assinar a Declaração de Paris, em dezembro de 2015. O documento estabelece metas que são conhecidas como 90-90-90, até 2020. Significa que 90% das pessoas que vivem com o HIV façam o teste; que 90% destas estejam em tratamento antirretroviral; e que, destas, 90% tenham carga viral indetectável.

Até o momento, segundo a SES, o RS tem o seguinte balanço: dos 90% pacientes diagnosticados, 66% fizeram o teste. Destes, 72% estão em tratamento antirretroviral. E, destes, 90% tem carga viram indetectável.

Tendência de queda

Entre janeiro de 2007 e janeiro de 2017, foram notificados 194.217 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo que 40.275 foram na Região Sul e 18.901 no Rio Grande do Sul. Em relação à mortalidade (com dados de 2016), a média nacional é de 5,2 óbitos para cada 100 mil habitantes. Na Região Sul, são 6,7 óbitos para cada 100 mil habitantes. E, no Estado, 9,6 óbitos para cada 100 mil habitantes. O número de mortes ainda é alto, mas há uma tendência de queda: só no RS, a taxa de mortalidade caiu 17,2% entre 2006 e 2016.

Para o secretário Paz, a redução é importante, mas também exige um alerta contínuo: “Não podemos descuidar. Isso inclui a sociedade, os municípios, o governo estadual, o governo federal, enfim, todos. Vários fatores precisam ser combatidos. Precisamos de educação e de mobilização constantes. A descoberta da medicação que reduz a mortalidade não significa que a doença é menos grave. As pessoas não podem descuidar e deixar de se proteger porque existe medicação”, disse.

Fonte: Secom
Foto: Juliana Baratojo/Especial Palácio Piratini