O prazo para início das obras é final deste mês

Na manhã desta quinta-feira, dia 17, cerca de 15 moradores e usuários da travessia por balsa entre os municípios de Santa Tereza e São Valentim do Sul realizaram um protesto na ERS-431, clamando por agilidade no início da construção da nova ponte que substituirá a estrutura colapsada em setembro de 2023, durante a enchente do Rio Taquari. Os manifestantes também expressaram suas preocupações com as condições precárias da rodovia.

A empresa Vereda Engenharia, de Belo Horizonte, vencedora da licitação para a obra, tem até o final de abril como prazo contratual para dar início aos trabalhos. A previsão atual para a inauguração da nova ponte é fevereiro de 2026. Em fevereiro deste ano, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) havia notificado a empresa devido a atrasos na entrega da documentação necessária. Após a notificação, a empresa providenciou os documentos, que foram analisados pela equipe técnica do Daer. O departamento solicitou complementações de informações técnicas em duas questões específicas para, posteriormente, liberar o começo da construção.

A nova estrutura será erguida na ERS-431, no mesmo local onde a ponte anterior foi destruída pela força das águas do Rio Taquari. Sua conclusão restabelecerá a vital ligação entre Bento Gonçalves, Santa Tereza e São Valentim do Sul. Desde a tragédia, a população local enfrenta dificuldades significativas de mobilidade, dependendo exclusivamente da operação de uma balsa para realizar a travessia.

O investimento total para a construção da nova ponte é de R$31,3 milhões, sendo R$24,4 milhões provenientes de recursos federais e R$6,9 milhões do governo estadual. A obra será executada sob o Regime de Contratação Integrada (RCI), que engloba tanto o desenvolvimento do projeto quanto a execução da construção. A nova ponte terá uma extensão de 320 metros, 51 metros a mais que a anterior, e será projetada para suportar um volume maior de carga, visando garantir maior segurança e durabilidade para os usuários.

Mobilização

Os organizadores do protesto, Itajiba Soares Lopes, Gilberto Rubbo e Alexandro Giuriatte da Silva, explicam que a manifestação busca chamar a atenção da comunidade, governadores, vereadores e órgãos públicos para a precária situação da ERS-431 e a demora no início das obras da ponte. “Não tem mais condições de tráfego, não é feita nem uma roçada nas margens da pista para melhor a trafegabilidade”, afirma Lopes.

A situação é precária dos dois lados da ponte, no sentido Guaporé até dois Lajeados ainda há pontos em que os deslizamentos continuam na pista, com o trecho mais crítico sendo em São Valentim, explica Alexandro Giuriatte.

Pela rodovia trafegam cerca de 700 carros por dia, afirma Giuriatte. “Isso que muitas pessoas fazem outras rotas para não ficar esperando na fila, porque finais de semana e feriados as vezes dá duas horas de espera. As pessoas ficam ali esperando no Sol, cadê nosso direito de ir e vir?! É um descaso do governo com nossa região”, afirma.

O vice-prefeito de Bento Gonçalves, Amarildo Lucatelli também esteve presente na manifestação. “Essa obra era para ter começado a meses atrás, os recursos já estão garantidos, já tem empresa responsável com projeto. Mas é essa burocracia do DAER, que eles enrolam. Isso é o próprio estado que tem que resolver, porque depende só deles. Então eles precisam dar início nas obras. O que eles estão pedindo aqui hoje é o mínimo, que é a manutenção”, afirma Lucatelli.

O morador da região Anderson Bombasaro ressalta a importância da rodovia para o turismo e para a escoação da produção agrícola, que foi gravemente afetada pelas enchentes e agora pela demora na construção da ponte. “Muitos pegam rotas alternativas para escoarem suas produções, aumentando a quilometragem e também os custos”, afirma.

Bombasaro ressalta também a importância para movimentação dos moradores no dia a dia. “Só enquanto estamos aqui olha a quantidade de carros que passaram buscando auxilio médico,” aponta. 

Enquanto acompanhamos a manifestação, carros, vans e algumas ambulâncias requisitaram passagem imediata para tratarem de consultas médicas previamente agendadas. Os manifestantes fechavam a rodovia durante 10 minutos, permitindo a passagem por outros 10 minutos, para não prejudicarem o fluxo ou causar tumultos.

Ivo Vailatti, presidente do Sindicato dos trabalhadores e mobiliários de Bento Gonçalves, afirma que é lamentável que o Governo do Estado tenha tamanho descaso sobre a questão da ponte. “É uma via que tem grande circulação de carros, e de grande importância para a economia da região e deve ser tratada com a devida importância”, declara.

Enquanto a nova ponte não é concluída, a travessia entre as margens do rio continua a ser realizada por meio da balsa, que opera diariamente das 5h às 23h. A embarcação tem capacidade para transportar até 15 veículos leves por viagem. Apesar de ser uma alternativa funcional, a balsa impõe desafios diários para motoristas e moradores que dependem dessa rota para suas atividades cotidianas.