Registro valoriza saberes tradicionais e reforça identidade cultural do Estado
A Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial, órgão vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), aprovou, no dia 21 de fevereiro, o Registro dos Modos de Fazer Cuca Artesanal do Rio Grande do Sul como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado. A medida reconhece a relevância histórica e cultural dessa tradição gastronômica, que há gerações é preservada e transmitida no território gaúcho.
Reconhecimento e valorização da tradição
A solicitação do registro foi encaminhada pela Prefeitura Municipal de Rolante, por meio do Departamento de Cultura e da Associação dos Amigos do Museu Histórico de Rolante, com a anuência da Associação de Cuqueiros e Cuqueiras de Rolante (ASCUR). O pedido teve como base um inventário detalhado sobre a produção artesanal da cuca no município, entregue ao Iphae, órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).
O registro tem abrangência estadual e permanece aberto para a inclusão de novos inventários sobre a produção da cuca artesanal em outras regiões. Dessa forma, municípios interessados podem encaminhar suas próprias pesquisas ao Iphae, ampliando o reconhecimento desse patrimônio imaterial.
A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, destacou a importância de expandir o inventário para diferentes localidades. “A ampliação permite não apenas um maior conhecimento sobre essa herança cultural, mas também a formulação de medidas de salvaguarda mais abrangentes, garantindo a preservação e a continuidade desse saber tradicional para as futuras gerações”, ressaltou.
Municípios que desejam realizar um inventário regional sobre a cuca artesanal podem entrar em contato com o Iphae pelo e-mail iphae@sedac.rs.gov.br, onde receberão as metodologias e orientações necessárias.
A cuca como identidade cultural gaúcha
O diretor do Iphae, Renato Savoldi, explicou que os modos de fazer cuca artesanal englobam desde a seleção dos ingredientes até o preparo da massa e dos recheios, passando pelo assamento e consumo. Esse processo ocorre tanto no ambiente familiar quanto em eventos comunitários, como feiras e festas regionais.
“As cuqueiras são as principais guardiãs desse saber, transmitindo receitas e técnicas de geração em geração”, destacou Savoldi. Segundo parecer técnico publicado em dezembro de 2024, a cuca chegou ao Rio Grande do Sul no século XIX, trazida pelos imigrantes europeus, e foi adaptada ao longo do tempo com a incorporação de ingredientes e práticas locais.
O Patrimônio Imaterial do Estado
O reconhecimento de bens culturais imateriais no Rio Grande do Sul está previsto na Lei nº 13.678/2011, atualizada pela Lei nº 14.155/2012, e regulamentada pelo Decreto nº 54.763/2019. O processo de identificação, inventariação e salvaguarda do patrimônio imaterial cabe ao Iphae, que conduz o registro e a preservação dessas práticas tradicionais.
Com a inclusão dos Modos de Fazer Cuca Artesanal, o estado passa a contar com quatro bens culturais imateriais registrados:
- Sistema Cultural e Socioambiental da Erva-mate Tradicional
- Modo de Fazer Artesanato com Palha de Butiá na região de Torres
- Modo de Fazer Queijo Artesanal Serrano
- Modos de Fazer Cuca Artesanal
Esses registros refletem o compromisso do Estado em preservar e valorizar as tradições culturais do Rio Grande do Sul, garantindo que os saberes sejam transmitidos para as futuras gerações.