Não é culpa de ninguém e é de todo mundo. Bento Gonçalves, que hoje conta com, aproximadamente, 123 mil habitantes, um dia já foi colônia, não só a contar pelo nome: Colônia Dona Isabel, como também pelo número de habitantes.

Nos anos 50, a cidade contava com pouco mais de 22 mil pessoas, com predomínio na zona rural.
Já nos anos 2000, o salto foi pra mais de 90 mil residentes e, dez anos depois, a população era em torno de 107 mil.

Entre outros impactos, um dos que mais são notáveis e preocupantes é a questão da mobilidade urbana.
Tema cogitado há muitos anos em ser a redação do ENEM, esse problema é de ordem nacional, no entanto o que preocupa é que Bento está longe de ser uma metrópole.
O que é de se estranhar não é o crescimento da cidade, mas a frota de veículos nesse tempo. São mais de 90 mil para uma cidade de pouco mais de 123 mil pessoas. Ou seja, para cada família há uma média de dois carros, ao menos.

A culpa não é dos administradores passados ou da gestão atual. Sejamos honestos, a culpa é de uma cidade que cresceu exponencialmente com as mesmas ruas dos anos 30. A culpa é minha que não ando de transporte público ou a pé. A culpa é de quem não abre mão do conforto, mas também reclama do outro. A culpa é, também, de políticas públicas que não previram alargamento de ruas ou expansão de uma cidade promissora. Mas chega de falar em passado. E a solução? Alargar as ruas? Retirar o estacionamento de vias importantes centrais? Mão única? As soluções são apenas paliativas já que mudanças sempre causam impactos, podendo estes ser negativos em outras áreas, como a retirada de estacionamento ou a mudança de sentido que ocasionam, ainda, outros problemas.

Revezamento de placas? Até foi uma solução plausível décadas atrás em megalópoles como São Paulo, mas em uma cidade relativamente de porte médio, não seria efetivamente a melhor alternativa. Além disso, como ninguém abre mão de seu bem-estar e necessidade, certamente os veículos da casa seriam pensados a fim de suprir essa demanda.

A polêmica que o assunto nos traz é que é fácil resolver o problema quando é do outro, o difícil é quando ele me obriga a fazer diferente. A área central segue uma calamidade no trânsito, mas o que fazer quando há hospital e grandes escolas no entorno?

Nos horários de pico, quem pode, evita o tráfego; quem necessita, respira fundo e vai em frente. Mas fica a dica para uma qualidade de vida maior e menos estresse no trânsito: se puder, use meios alternativos. Evite os horários de pico. Vá a pé. Troque carona. Até a cidade vai parecer mais bonita e cheirosa, vendo-a por este ângulo. E quanto à mobilidade urbana? Eu deixo aos mais entendidos opinarem, já que minha área é outra. Eu só procuro fazer a minha parte.