Na sexta-feira, 9 de setembro, foi comemorado o Dia do Médico Veterinário, profissional que cuida da saúde e do bem-estar dos animais, dando assistência clínica e cirúrgica a pets e animais silvestres. Além disso, atua no combate a doenças de caráter zoonótico, que são transmissíveis entre os animais e o ser humano, trabalha na inspeção e controle de qualidade dos alimentos consumidos pela população, fiscalização de eventos com participação de animais como feiras, exposições e rodeios.

Dupla que cuida dos animais

A veterinária Bruna Contini, 32 anos, trabalha no Bem-Estar Animal e na unidade móvel de urgência e emergência do Samupet. Ela conta que os profissionais deste setor têm uma rotina bastante intensa, “Recebemos o chamado e através do WhatsApp, realizamos a triagem e, se necessário, deslocamos a viatura. No local, avaliamos o animal, prestamos os primeiros socorros e, quando preciso, encaminhamos para as clínicas parceiras”, relata. Juntamente com a equipe, ela atende, principalmente, a comunidade de baixa renda e animais de rua.

Formou-se na Universidade de Caxias do Sul (UCS), fez vários estágios, inclusive um no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF). “Após o término da faculdade, realizei pós-graduação em clínica médica e cirúrgica em pequenos animais. Recentemente, terminei a segunda pós em anestesia”, realça.

O amor pelos animais e o desejo de exercer a medicina com eles, fez Bruna largar o curso de Direito e seguir um novo caminho. “Sempre tive certeza que era essa a profissão que queria, mas devido a questões financeiras fui conforme as oportunidades surgiam, mas nunca desisti do meu sonho. Hoje sou realizada com o que faço, mesmo que, por muitas vezes, enfrentemos tantas dificuldades”, menciona.

A medicina veterinária vem evoluindo muito com as tecnologias e novas especialidades, o que torna a profissão ainda mais complexa. “Acredito que ainda temos que crescer, mas já vejo muito progresso por parte da medicina e por parte dos municípios com seus animais. Várias cidades já possuem ações de controle populacional e, agora, Bento Gonçalves tem atendimento de urgência e emergência, projeto inovador que mostra a preocupação do município com os pets e com seus tutores”, destaca.

Um caso muito especial e que a comoveu, é de um cão porte grande que veio até a clínica mal caminhando, cheio de bernes e muito fraco. “Informei a dona que teríamos que fazer alguns exames, ela negou, informando que iria deixá-lo assim. Pedi se ela me autorizava anunciá-lo para adoção e ela concordou na hora. Segurei ele comigo, tudo que precisava era de comida e carinho. Hoje é meu companheiro”, diz.

Apesar de muitos desafios, Bruna ressalta seu sentimento pela veterinária. “Amo minha profissão e sou realizada com o que faço. Às vezes fico um pouco desanimada com o ser humano pelo descaso com os animais e desrespeito com os profissionais, mas tento sempre fazer o meu melhor”, conclui.

Já sua companheira de trabalho, Michele Segatto, atua como responsável técnica em cinco estabelecimentos, de manhã administra a Casa do Frango Segatto, como Responsável Técnico (RT) da área de alimentos e, à tarde, como médica veterinária no departamento de Bem-Estar Animal, fazendo triagens, resgates e consultas.

Desde criança, Michele demonstrava muito amor e carinho pelos animais. “Sempre disse que seria veterinária, o tempo foi passando e a ideia continuou. Nunca tive dúvidas da minha escolha”, pondera.

Formou-se em 2008 na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). “Foram cinco anos de graduação e muito aprendizado. Fiz pós-graduação em clínica e cirurgia de pequenos animais. Hoje estou me formando em inspeção de produtos de origem animal e cursando pós em nutrição”, fala.

Alguns desafios profissionais foram enfrentados e as conquistas fizeram o esforço valer a pena. “Me formei e fui trabalhar com outro veterinário, tínhamos pensamentos diferentes e vi muita coisa que me fez repensar minha escolha. Acabei abrindo minha clínica, na qual atuei por 11 anos e vendi quando apareceu a oportunidade de virar RT de outros estabelecimentos. Cada paciente que salvamos, cada animal abandonado e resgatado por nós que ganha uma nova chance, faz o dia a dia valer a pena”, valoriza.

Segundo Michele, hoje o médico veterinário não é mais apenas um clínico. “Cada um tem uma especialidade, o que permite que novos tratamentos sejam possíveis e prolongue a vida dos animais que, atualmente, já são membros das famílias. Da mesma forma, como RT na área alimentar, garanto a qualidade da carne que é consumida pela população”, esclarece.

A veterinária recorda e emociona-se de uma ocasião. “Teve um cachorrinho que levou uma mordida de aranha, foi piorando e não respondia ao tratamento. Ele era um filho para os donos e sempre me envolvi muito com meus pacientes. Fiquei a madrugada inteira com ele em monitoramento, e no final, não resistiu”, lamenta.

Michele frisa o amor puro e verdadeiro que tem pela profissão. O maior retorno que temos no nosso trabalho é um rabinho abanando e uma lambida de carinho. Isso, não há dinheiro no mundo que pague”, completa.

Uma família de veterinários

A proprietária do Centro Veterinário Polivete, Rosângela Nicolaou, iniciou a clínica há 35 anos, com coragem, força e muito amor pelos animais. “Naquele tempo era diferente pois não tínhamos os recursos que temos atualmente. Hoje, somos uma família de veterinários, eu, meu marido Nicolaou e nossas filhas Dafni e Yoanna. E digo, provavelmente minhas netas vão seguir o amor pela profissão”, admite.

A empresária estudou na unidade de Uruguaiana da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). “A carga horária era integral e nos finais de semana tínhamos aulas práticas. O nível de exigência era muito alto e muitos colegas desistiram no caminho”, observa. Rosângela escolheu essa profissão pelo amor pelos animais, com grande expectativa de salvar vidas e fazer o seu melhor. “Foram cinco anos dedicados somente aos estudos, após a formatura, muita luta e trabalho”, lembra.

Para ela, é muito importante ter um vínculo com os pacientes e com suas respectivas famílias, pois surgem grandes amizades. “Cada animal deixa sua marca em meu coração, que me torna ainda mais forte e decidida a continuar lutando por eles. Os donos, em sua grande maioria, são amigos que até hoje fazem parte da nossa vida”, valoriza.

Especialista em equinos

Bruna Casagrande Otaram, 32 anos, trabalha à campo, em propriedades rurais e hotelarias. A veterinária atua, principalmente, em Bento Gonçalves e cidades vizinhas, realizando atendimentos à domicílio para cavalos. “Minha rotina com a medicina equina é bem variada, realizo consultas clínicas de rotina, de urgência e emergência, exames e vacinas. Meus dias de trabalho nunca são iguais, recebo a ligação do proprietário me relatando o problema com o animal e assim que possível me desloco para atendê-lo, nunca sei ao certo o que me espera”, destaca.

O interesse pela medicina veterinária surgiu quando Bruna cursava o Técnico em Agropecuária. “Percebi que, pra mim, não bastava somente planejar e orientar os proprietários sobre sua propriedade e seus animais, precisava fazer algo a mais e estar próxima deles. Queria examiná-los e entender o que estava acontecendo, como tratar, o que fazer para prevenir”, recorda.

Cursou Medicina Veterinária pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), formando-se em 2020. Durante a graduação, realizou estágios extracurriculares na Clínica Veterinária De Grandes animais da UCS, em hospitais veterinários, haras e centrais de reprodução. “Sempre tive admiração pelos cavalos, desde o início da faculdade sabia que queria trabalhar com equinos, e a cada estágio e oportunidade que tinha, minha admiração e certeza iam aumentando”, revela.

Bruna conta que essa profissão está em constante evolução e busca aprimorar seus conhecimentos e prestar um atendimento de qualidade aos pacientes. “Atualmente, curso pós-graduação em clínica e cirurgia de equinos, participo de cursos, palestras, congressos e eventos relacionados à área”, diz.

Para ela, cada pessoa nasce com um dom, quando se busca conhecimento e aperfeiçoamento, vira profissão. “Nasci para estar em contato, cuidar e zelar pela saúde dos animais. Desde pequena sempre gostei de estar com eles, não importando a espécie. Hoje não é diferente, amo todos os animais, mas dedico minha vida profissional aos equinos”, salienta.

De acordo com Bruna, os veterinários enfrentam desafios todos os dias, principalmente em relação a maus tratos, situação de abandonado, doentes, magros e que estão sendo explorados. “Mas, graças às mudanças na legislação e maior fiscalização, esses casos são denunciados, os responsáveis punidos e esses animais tem uma nova chance”, respalda.

A veterinária sente orgulho quando consegue transmitir para as pessoas a importância da preservação das espécies, do cuidado e respeito com os animais. Em especial, ela destaca o amor que tem pelos equinos. “Os cavalos são incríveis, com uma inteligência, docilidade e capacidade de percepção muito aguçadas. Eles se apegam ao seu dono assim como cães e gatos, criam uma relação de confiança e cumplicidade muito forte. Quando chego para atender um cliente que já é meu paciente há algum tempo, eles me reconhecem, se aproximam, cheiram, relincham, é magico, uma relação de confiança e amizade”, realça.

Fotos: Arquivo Pessoal