O corredor lotado de pacientes esperando atendimento, o médico no consultório, mas o enfermo da vez não aparece. A cena descrita foi corriqueira durante o ano de 2016, quando mais de 30% da totalidade de solicitantes não compareceu ao horário que havia sido agendado com o especialista.

Engana-se quem pensa que são poucos os casos e que a situação está restrita somente às especialidades como neurologia, traumatologia, oftalmologia, que são as mais disputadas. E a consequência direta é o aumento da já gigantesca fila de espera. Além disso, o médico e a estrutura disponibilizada para aquele atendimento são desperdiçados. De acordo com o coordenador médico da secretaria de Saúde de Bento Gonçalves, Marco Antônio Ebert, os pacientes têm faltado, também, consultas com clínicos gerais que, na maioria das vezes, são mais baratas e de mais fácil acesso. “Os prejuízos pelo não comparecimento sem aviso prévio recaem tanto no Poder Público quanto na população.Atualmente temos uma fila de aproximadamente 20 pessoas que estão tentando consultar com um oftalmologista e cada vez que alguém falta, além de causar o desperdício de dinheiro, também causa o aumento da fila de espera e a ociosidade dos profissionais”, comenta.

Entre 2015 e 2016 o número de pacientes que não compareceram às consultas agendadas triplicou – sendo 11,01% no ano retrasado e 36,80% no ano passado – e com isso, também os valores gastos com as consultas (veja gráfico abaixo). “Precisamos pagar mais de R$ 10mil sem que ninguém tenha usufruído do serviço que é bastante burocrático para mantermos”, lamenta Ebert.

Na contramão dos altos índices de abstinência em consultas, está o comparecimento dos bento-gonçalvenses em exames que foram agendados pelo Sistema Único de Saúde. Em 2015, 20,09% não compareceram à avaliação médica, já em 2016, o número reduziu para 16,13%, o que resulta em uma economia de R$ 206 mil. “É isso que precisamos mostrar para o povo. Que é possível trabalharmos juntos para que ninguém fique prejudicado, perdendo espaço na fila de espera, porque há pessoas que não se fazem presentes no horário. Atingimos essa meta pois temos entrado em contato até 48 horas antes do exame, para que os solicitantes possam confirmar a ida ou não ao local. Isso é fundamental para o bom andamento do processo e para que todos consigam ser atendidos a tempo de um possível tratamento, caso seja necessário”, finaliza o coordenador médico.