Eu tenho inveja de um tipo de gente: aqueles que vivem, felizes ou tristes, sem ostentar nada. Aqueles que acordam não se sabe a hora, que comem não sei o quê, que viajam não sei pra onde, que dormem não sei com quem, que dizem “eu te amo” em silêncio, que pouco demonstram ou deixam parecer. Prefiro o silêncio dos que falam pouco, a curiosidade do que estão fazendo, se estão bem e ao lado de quem. Esses, de fato, dá pra sentir saudade. Não sei se já estão grisalhos, se ainda estão com o mesmo peso, se gostam das mesmas coisas ou não. Prefiro os que desfrutam dos momentos pelas lentes dos olhos ao invés das câmeras, os que vestem o que querem sem se importar, os que fazem check-in com a alma onde estão e os que dizem para si mesmos “sentindo-se…”. Os que marcam as pessoas na vida e não somente nas fotos, os que desfrutam os “stories” da vida e os que alimentam o Feed da vida real. Os que “seguem” o coração e “curtem” seus instantes. Prefiro os que adicionam humildade em sua linha do tempo, os que bloqueiam emoções negativas, como a raiva e a inveja. Prefiro os que valorizam as notificações da memória e as mensagens de Deus. Prefiro os que vivem na realidade com suas boas ou ruins e os que passam o tempo com os poucos amigos que têm de verdade. Prefiro um comentário honesto e um filtro interior. Eu tenho inveja dos que conseguem e se policiam para viver no anonimato, longe dos flashes da rede social. Desses, eu tenho inveja. Porque valorizam a curtida da vida muito mais do que um “amei” pela telinha!