Pesquisa com novas drogas pode ser o caminho futuro para o tratamento de tumores, entre eles, o câncer de mama
Esperança de vida. É assim que médicos e pacientes definem os novos testes e estudos realizados contra o câncer, doença que vitima milhares de pessoas todos os anos. Considerado o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e o segundo no mundo, o câncer de mama passou a ter um novo aliado no tratamento da doença: a imunoterapia, método considerado revolucionário e que rendeu o prêmio Nobel de Medicina 2018 para o norte-americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo. No Rio Grande do Sul, um grupo de pacientes já utilizam a medicação com as drogas experimentais, numa pesquisa que conta com a participação do médico mastologista José Luiz Pedrini.
Estudos comprovam que o câncer de mama é responsável por 25% de novos casos de tumor a cada ano no Brasil. Os dados mostram ainda que, depois do melanoma, o problema na mama é o mais diagnosticado no mundo. A doença caracteriza-se como o crescimento de células anormais dentro da mama a partir de um erro genético na renovação de uma célula normal envelhecida. Essa nova célula se reproduz rapidamente criando um tumor maligno que cresce constantemente, causando a compressão dos órgãos.
Conforme o mastologista José Luiz Pedrini, responsável e coordenador dos testes realizados no Hospital Conceição, no Rio Grande do Sul, os experimentos tiveram início em outubro de 2017, com um grupo de mulheres diagnosticadas com a doença. Atualmente, 28 pacientes participam dos testes e a previsão dos primeiros resultados analisados deve ocorrer em 2019. Para Pedrini, a imunoterapia é um aliado que auxilia o organismo na destruição do tumor assim que o corpo sinta a presença das células. “Hoje, o tumor não é reconhecido no organismo como um agressor, então ele cresce livremente. A imunoterapia chega para quebrar a defesa das células tumorosas, de maneira que o nosso organismo faça a destruição dele. A novidade é que o procedimento pode ser utilizado em qualquer tipo de câncer”, explica.
Mudanças no tratamento
Com os novos avanços, Pedrini destaca que a imunoterapia será destinada para o tratamento do câncer e de outras doenças em um futuro próximo. Pesquisadores e cientistas já detectaram que as drogas são realmente eficazes e beneficiam um grande número de pacientes pela baixa toxicidade. “Não causam os efeitos colaterais da quimioterapia, não cai o cabelo, não destroem outras células. É a legítima terapia-alvo. É o mecanismo mais inteligente que existe no combate ao câncer na atualidade”, garante.
De maneira simples, Pedrini diz que os médicos e pesquisadores serão “alfaiates” no tratamento, pois, através da imunoterapia, poderão desenhar realmente o que o paciente necessita. “Isso tem uma importância muito grande, pois nós vamos deixar de utilizar procedimentos que talvez não sejam necessários em determinado caso. Nós vamos deixar de intoxicar o paciente”, ressalta.
Medicação utilizada ainda é cara
A utilização de drogas como o Atezolizumabe e o Pembrolizumabe, integrantes da imunoterapia custam em média R$ 20 mil por dose, sendo reaplicadas a cada 21 dias. Atualmente, a indústria farmacêutica internacional é quem banca o tratamento. Segundo as regras brasileiras, por ainda estar em fase de pesquisa, os medicamentos não são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (Sus) e não são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento do câncer de mama.
Pedrini garante que, em breve, a imunoterapia irá substituir a quimioterapia. “Disso eu não tenho dúvida alguma. Pela primeira vez na história do Brasil, as drogas foram testadas aqui. Nós somos pioneiros em iniciar novas alternativas para o tratamento do câncer”, acrescenta. “Isso é um alento para as mulheres que estão em tratamento, porque não há necessidade em ser tão sofrido, a mama não precisa ser, na maioria das vezes extirpada e quando realmente há necessidade de procedimento cirúrgico para erradicar o câncer, a reconstrução deve ser imediata”, revela.