O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves participa de um estudo nacional sobre eficácia de um antiviral para reduzir a capacidade de contágio do SARS-COV-2, vírus causador da Covid-19. Dois pacientes da instituição já participaram do estudo e novos pacientes serão incluídos nas próximas etapas. São 34 centros de saúde brasileiros que integram a realização do estudo, que pretende incluir pouco mais de 1000 pacientes nos próximos 90 dias.
Podem participar pessoas com 18 anos ou mais, que estejam hospitalizadas com suspeita ou diagnóstico confirmado de covid-19, cujo sintomas tenham iniciado em até sete dias. Além disso, é preciso que eles apresentem ainda saturação de oxigênio menor ou igual a 94% em ar ambiente ou que precisem de oxigênio suplementar para manter a saturação acima desse nível.
Conduzido pelos Hospitais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do SUS (PROADI-SUS), o Coalizão IX, batizado de Revolution, tem como objetivo estudar a eficácia e segurança de antivirais já utilizados no combate a outras doenças, como Hepatite C e HIV.
Conforme o Tacchini, os resultados de estudos realizados pela Fiocruz se mostraram eficazes na redução da carga viral do causador da covid-19. A infectologista, Nicole Golin, afirma que a pesquisa é uma das mais aguardadas para avançar nas técnicas de combate ao novo coronavírus. “Tanto o novo coronavírus, quando o HIV e o vírus da hepatite C, fazem parte de um mesmo grupo, ou seja, possuem estrutura e forma de replicação parecidas. Por isso, utilizar medicamentos que funcionem contra as outras doenças para controlar também a evolução desse novo vírus pode ser promissora”, explica.
Pesquisa irá ocorrer em duas etapas
Segundo o cronograma dos estudos, a primeira etapa consiste na avaliação de qual medicamento ou combinação diminui mais intensamente a carga viral. Para isso, os participantes serão divididos em três grupos. Um deles receberá o Atazanavir, que é utilizado atualmente no tratamento para o HIV e no segundo grupo será aplicada uma combinação de Sofosbuvir com Daclatasvir, utilizados no tratamento de pacientes com Hepatite C. O terceiro grupo da pesquisa irá receber apenas o Daclatasvir.
Na segunda etapa, as medicações ou combinações serão avaliadas comparativamente ao placebo, em relação ao principal desfecho clínico definido: o número de dias sem suporte respiratório. Segundo Nicole, as medicações utilizadas apresentam baixo risco de efeitos colaterais. “São medicamentos já conhecidos e prescritos, principalmente por especialistas das áreas de Infectologia e Hepatologia. Além disso, eles são de fácil uso, já que são comprimidos, e ainda têm a vantagem de apresentarem baixo risco de eventos adversos. Estamos otimistas e muito satisfeitos em participar do Coalizão IX”, avalia.
Estudos serão randomizados e duplo-cego
Assim como os demais estudos realizados pela aliança entre instituições de saúde, o Coalizão IX será randomizado e duplo-cego. Ou seja, nem o paciente, nem o pesquisador sabem se o que está sendo administrado em cada caso é a medicação ou o placebo. Os pacientes serão monitorados com exames em tempos específicos e acompanhados por até 12 meses., afim de avaliar o retorno às suas atividades usuais bem como sua qualidade de vida após a infecção.
Foto: Alexandre Brusa / Hospital Tacchini / Divulgação