Dados cedidos pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e do Centro do Testagem e Acolhimento (CTA) dão conta de que nos seis primeiros meses desse ano, 18 novas pessoas estão vivendo com o HIV/AIDS em Bento Gonçalves. Ao todo, são 387 pessoas que convivem com a doença no município.
Embora tenha crescido o número de pessoas infectadas, outro dado também chama atenção. De acordo com a coordenadora SAE e do CTA, Adriana Cirolini, esse ano também está aumentando o número de pessoas que decidiram retomar o tratamento. “Em média, três novos pacientes por mês estão saindo do abandono e virando aderente ao tratamento”, afirma.
O fator determinante que justifica esse aumento, de acordo com Adriana, é a preocupação com o Covid-19. “Se tornou bem visível. As pessoas, preocupadas com a pandemia do coronavírus, estão se ligando mais na importância da saúde e procurando o serviço para continuar com o tratamento”, explica.
A psicóloga do SAE, Cassiane Signor Venturini, acrescenta que, embora muitas pessoas neguem a doença, elas têm consciência de que estão mais expostas à riscos devido a imunidade ser menor. “Como o coronavírus está por aqui, eles têm que se tratar. Eles fazem esse raciocínio, de que a morte está mais presente, então eles têm que fazer alguma coisa para se livrar dela”, analisa.
O que gera o abandono?
Para a psicóloga Cassiane, são vários os fatores que levam o paciente e desistir de continuar com o tratamento. Vão desde a sensação de bem-estar, até depressão. “Muitas abandonam quando estão se sentindo bem, acham que vão continuar bem sem o remédio. Outras tem comorbidades psiquiátricas, como depressão, às vezes até severa”, menciona.
De acordo com Cassiane, algumas pessoas também acreditam que a fé vai trazer a cura da doença. “Isso já aconteceu, de pessoas acharem que a religião vai cura-los”. Além disso, acrescenta outros motivos. “Tem aquelas que dependem da família para vir e acabam deixando porque não querem incomodar”, pontua.
Rio Grande do Sul
O último boletim Epidemiológico HIV/AIDS, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), publicado anualmente revela que o Rio Grande do Sul ocupa o segundo lugar no ranking de casos de AIDS no Brasil. São 31,8 casos para cada 100 mil habitantes. O Estado também é líder nas estatísticas de mortalidade no Brasil.
Por outro lado, o Ministério da Saúde acredita que no Brasil 135 mil pessoas vivem com o HIV e não sabem. Por isso, a importância de incentivar pessoas que em algum momento não se preveniram a realizar o teste rápido, disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).