Conheça as principais estratégias de segurança, orientações e cuidados na hora de aproveitar as promoções para escapar das fraudes e garantir a melhor experiência
A Black Friday é um dos eventos mais aguardados pelos consumidores, mas também se torna um prato cheio para golpistas. Com a chegada da data, consumidores de todo o país já se preparam para aproveitar as promoções e descontos que prometem movimentar cerca de R$7,6 bilhões em 2024. Em 2023, cerca de 70% dos estabelecimentos fiscalizados pelo Procon-DF apresentaram irregularidades, incluindo falta de clareza nos preços e descontos duvidosos. Este ano, a fiscalização promete ainda mais rigor, com o Procon monitorando preços nas semanas anteriores ao evento para evitar práticas enganosas, embora não haja atendimento de plantão no dia 29 de novembro.
Para este ano, o Procon-DF intensificou a fiscalização de preços e ofertas nas lojas e-commerce, observando especialmente os valores anunciados antes da data para identificar práticas enganosas. A entidade também orienta os consumidores a estarem atentos às práticas de preços “maquiados”, onde os descontos não refletem o valor real do produto.
Os principais riscos e cuidados
O advogado Matheus Botrel Consentino Ferreira lembra que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante o direito à informação clara sobre preços e descontos, exigindo que, se o valor não for condizente com a oferta anunciada, o cliente possa exigir o cumprimento da promoção ou solicitar reembolso. Ele recomenda que os consumidores guardem provas das ofertas, como prints e notas fiscais, para respaldar futuras reclamações. “Os principais direitos do consumidor em casos de ofertas enganosas durante a Black Friday incluem o direito à informação clara sobre preços e descontos. Se o valor não corresponder ao anunciado, o consumidor pode exigir o cumprimento da oferta ou solicitar reembolso”, destaca.
Dados recentes da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indicam que 3 em cada 10 consumidores já foram vítimas de fraudes ou tentativas de golpes em compras virtuais. Com o crescimento das compras online, os consumidores precisam adotar medidas de segurança. Uma das melhores maneiras de proteger o investimento é optar pelo pagamento via cartão de crédito ou por intermediários financeiros que possibilitem estorno em caso de fraudes. “Pagamentos com cartão de crédito geralmente oferecem mais segurança ao consumidor, pois permitem contestar cobranças em casos de fraudes ou não entrega. Em contrapartida, o PIX, apesar da rapidez, não permite estorno automático, sendo indicado principalmente para compras com vendedores de confiança. Para maior proteção, o ideal é utilizar o cartão de crédito em lojas com boa reputação e optar por sites que ofereçam intermediários de pagamento”, destaca.
Como identificar sites confiáveis
Botrel também destaca a importância de verificar a autenticidade dos sites antes de realizar compras. “É essencial que o consumidor observe se o endereço do site começa com ‘https’ e procure dados da empresa, como CNPJ e canais de atendimento. Plataformas de reclamação são úteis para verificar a confiabilidade das lojas”, explica.
O CDC permite a variação de preços entre lojas físicas e online, desde que não haja cobranças abusivas. Caso o consumidor note preços exageradamente discrepantes, é possível procurar o Procon ou advogados especializados para verificar se há práticas abusivas. “A variação de preços entre lojas físicas e on-line é permitida, mas o Código de Defesa do Consumidor proíbe cobranças abusivas e práticas que prejudiquem o consumidor. Não existe um limite fixo para a diferença, mas ela deve ser justificável e razoável. Para identificar abusos, o consumidor pode comparar preços com outras lojas e acompanhar variações anteriores”, explica o advogado.
Compras online têm uma proteção extra: o direito ao arrependimento, válido por até sete dias após a compra. Matheus Botrel enfatiza que, se o produto não atender às expectativas ou for alvo de uma fraude, o consumidor tem o direito de solicitar a desistência e o reembolso integral, incluindo despesas de frete. Além disso, em casos de vazamento de dados pessoais, a loja pode ser responsabilizada, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Em casos de golpes ou fraudes, o consumidor tem o direito de cancelar a compra e exigir o reembolso. Ele deve entrar em contato com a loja para solicitar o cancelamento e, se necessário, registrar uma reclamação no Procon ou acionar a administradora do pagamento, como o banco ou operadora de cartão, para garantir o estorno”, diz.
Se o consumidor encontrar irregularidades, deve reunir provas e formalizar uma queixa junto ao Procon ou ao site consumidor.gov.br. Essas denúncias podem ajudar outros consumidores e orientar a fiscalização.
Conforme alerta Denis Riviello, diretor de cibersegurança. O entusiasmo dos consumidores pode ser a brecha perfeita para os golpistas. “É uma data atrativa, o consumidor fica ansioso pelas promoções, mas é preciso ter cautela e não agir por impulso para não cair na ‘Black Fraude’”, alerta Riviello.
O especialista destaca que muitas promoções exageradas podem ser “boas demais para serem verdade” e são usadas como iscas para atrair consumidores a sites falsos ou lojas suspeitas. Essas ofertas, que prometem grandes descontos, são uma armadilha comum para roubar dados pessoais e financeiros do consumidor, em uma prática conhecida como engenharia social. “Essas armadilhas exploram o desejo de economizar e manipulam as vítimas”, explica Riviello, ressaltando que o foco dos golpistas está em aproveitar o comportamento impulsivo durante a busca por promoções.
Como evitar golpes
Mesmo que sites falsos possam parecer muito profissionais e legítimos, existem alguns cuidados que ajudam a evitar fraudes. Riviello destaca a importância de verificar se o endereço do site começa com “https://” e se há o ícone de cadeado na barra de endereços, o que indica uma conexão segura. Além disso, sites legítimos geralmente possuem informações detalhadas em seções como “contato” ou “sobre nós”. A falta dessas informações pode ser um indicativo de golpe.
Outra orientação importante do especialista é buscar o histórico e a reputação da loja, consultando diferentes fontes on-line. “Com essas informações, o consumidor pode optar por comprar apenas em empresas que tenham uma boa reputação e sejam confiáveis”, afirma Riviello. Isso vale especialmente para lojas desconhecidas que oferecem descontos inacreditáveis.
Os e-mails são uma das ferramentas preferidas dos golpistas para aplicar golpes de phishing, utilizando domínios falsos que imitam empresas legítimas. Riviello explica que é importante prestar atenção ao domínio do remetente, que aparece após o “@”. “Se o domínio for diferente do site oficial ou parecer genérico, é um indicativo de possível golpe”, alerta o especialista.
Além disso, Riviello recomenda que os consumidores aumentem a segurança de suas compras utilizando ferramentas de proteção, como antivírus, e mantendo os softwares atualizados. Dar preferência a navegadores que detectam sites perigosos é uma prática recomendada. Ele também sugere instalar plugins que bloqueiem anúncios suspeitos, o que pode reduzir os riscos durante as compras. “Pesquisar as extensões mais recomendadas para o seu navegador e instalá-las pode ser uma maneira eficaz de aumentar sua segurança”, finaliza.