Em entrevista, a gerente fala sobre o papel do Sebrae no desenvolvimento das micro e pequenas empresas da região, e as ações realizadas para apoiar os empreendedores afetados pelas enchentes

Além do cargo de gerência, Gabrielle também é responsável pelas palestras com foco em capacitação para os micro e pequenos empreendedores

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é uma das principais instituições voltadas ao empreendedorismo no Brasil. Fundado em 1972, o Sebrae tem como objetivo fomentar o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e, assim, contribuir para o crescimento econômico do país. A instituição oferece uma ampla gama de serviços que vão desde capacitações e consultorias até o acesso a mercados e inovação, sendo essencial para que micro e pequenas empresas possam enfrentar desafios, crescer de forma sustentável e inovar em suas atividades.

Com uma estrutura presente em todos os estados brasileiros, o Sebrae tem uma abordagem que se adapta às realidades regionais, oferecendo soluções personalizadas para cada localidade. Na Serra Gaúcha, uma região com forte vocação agrícola, turística e industrial, a instituição desempenha um papel crucial no desenvolvimento das empresas locais, especialmente após eventos desafiadores, como as recentes enchentes que impactaram significativamente a economia do Estado.

Em entrevista, Gabrielle Sartor, assistente de relacionamento do Sebrae Bento na Serra Gaúcha, aborda questões que envolvem sua trajetória profissional, o papel da instituição no apoio aos empreendedores locais e as ações realizadas em momentos de crise, como as enchentes.

Uma trajetória de dedicação e crescimento

Gabrielle é um exemplo de como uma trajetória de constante aprendizado e superação pode moldar uma carreira de sucesso. Aos 34 anos, casada e mãe de cinco pets, como ela destaca, é formada em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Minha trajetória começou com a minha graduação, que me preparou para enfrentar desafios e buscar soluções efetivas, pautadas na ética”, explica. Sua formação em Direito proporcionou as ferramentas iniciais para lidar com desafios complexos e buscar soluções assertivas, habilidades que ela trouxe para o ambiente de negócios.

Em 2022, Gabrielle iniciou sua carreira no Sebrae RS como Assistente de Relacionamento, um cargo que lhe permitiu estar em contato direto com empresários locais. “Neste papel, sou responsável por estabelecer e manter relacionamentos com clientes e parceiros, contribuindo para o desenvolvimento de negócios locais. Esta experiência me permitiu aprimorar habilidades como comunicação, negociação, colaboração e adaptabilidade”, detalha. Sua atuação é marcada pelo constante aprimoramento, com participação em cursos e treinamentos, sempre com o objetivo de oferecer o melhor atendimento. Além disso, ela ministra palestras com foco em capacitação para MEIs na região.

Ela destaca a importância de estar constantemente buscando aperfeiçoamento e qualificações. Um exemplo disso é sua participação no Seminário Empretec, um dos principais programas de formação de empreendedores do mundo, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e promovido no Brasil exclusivamente pelo Sebrae. “Foi uma imersão de seis dias repletos de desafios, que despertaram minha identidade empreendedora”, comenta. Gabrielle reforça que esse tipo de experiência é fundamental para ela continuar contribuindo de maneira significativa para a empresa e, consequentemente, para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas da Serra Gaúcha.

Atuação em cenário de crise

Sobre o papel do Sebrae em meio às dificuldades enfrentadas pelos empresários após as enchentes e deslizamentos que atingiram o Rio Grande do Sul, Gabrielle ressalta que a instituição readequou sua atuação para viabilizar um plano emergencial com foco na sobrevivência e reconstrução das empresas. “Criamos o programa Sebraetec Supera, uma das nossas principais iniciativas, para auxiliar negócios e produtores rurais atingidos pelas enchentes e deslizamentos na retomada de suas atividades, temos como meta atual, o foco na sobrevivência e reconstrução das empresas”, afirma.

Este programa inclui reembolsos limitados para danos à estrutura física, além de um plano de ação para reconstrução e reestruturação dos negócios. Além disso, Gabrielle destacou que o Sebrae tem oferecido acompanhamento contínuo nessa jornada de recuperação, através de Assessoria de Negócios SBDC, Unio Supera, consultorias nas áreas de finanças e agronegócio, orientações sobre crédito e um canal de comunicação para atualização sobre decretos, leis e tributos.

Áreas de maior investimento e aplicação de recursos

Ao falar sobre as áreas que têm recebido maior atenção em termos de investimento, ela explica que a comercial, agrícola e o turismo foram as mais afetadas de forma direta pelas enchentes, mas todos os setores enfrentaram algum impacto, mesmo que indiretamente. O Sebrae, segundo Gabrielle, tem atuado prioritariamente no programa de reconstrução, com foco em apoiar as empresas impactadas diretamente por meio de ressarcimentos e consultorias especializadas. “Os recursos estão sendo aplicados em duas fases do Sebraetec Supera. A primeira fase envolveu o ressarcimento financeiro para negócios que sofreram danos físicos, com valores de até R$15.000,00 por empresa. A segunda fase abrange consultorias especializadas para ajudar na gestão e a elaboração de planos de ação para a recuperação”, detalha.

Gabrielle reforça a importância da ação emergencial do Sebrae em momentos de crise, destacando que o apoio às empresas vai além do financeiro. “O nosso objetivo, é proporcionar uma assessoria completa para que os negócios possam não apenas se reerguer, mas também crescer de maneira sustentável a longo prazo”, completa.

A sala do empreendedor está localizada no Complexo Administrativo da prefeitura, na rua 10 de novembro, 190

Apoio para micro e pequenos empresários

Gabrielle explica que a instituição atua de forma orientativa e estratégica, oferecendo suporte para micro e pequenos empreendedores em diversas áreas da gestão empresarial, como marketing, finanças, recursos humanos e mercado. “Os serviços mais comuns são as orientações para Microempreendedores Individuais (MEIs) sobre formalização, declaração e emissão de Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), além de orientações para aqueles que desejam iniciar um negócio formalizado”, explica.
Ela também ressalta o papel da Sala do Empreendedor, que está localizada no complexo administrativo da Prefeitura, que oferece atendimento direto e personalizado aos MEIs, fornecendo suporte desde a elaboração de um plano de negócios até a escolha da estrutura jurídica mais adequada para o empreendimento, além do cumprimento das normas legais.

A assistente destaca ainda que empresas já formalizadas podem buscar o Sebrae para suporte no crescimento e desenvolvimento na gestão de seus negócios. “Temos um atendimento personalizado para resolver problemas específicos e desenvolver estratégias que garantam uma gestão eficiente e um crescimento sustentável”, afirma.

Público-alvo e formas de acessar os serviços

O público-alvo do Sebrae são micro e pequenas empresas, além de produtores rurais que faturam até R$4,8 milhões por ano. Ela destaca que esses empreendedores podem aproveitar os serviços e programas oferecidos pela instituição por meio de diferentes canais de atendimento. “Temos assistência presencial em diversos pontos de suporte, inclusive na Sala do Empreendedor, em Bento Gonçalves, além de atendimento on-line e via telefone”, diz. Além disso, a instituição oferece um leque de serviços que inclui consultorias, cursos, mentorias e projetos coletivos, todos voltados para a melhoria da gestão e o desenvolvimento empresarial.

Critérios e processo de seleção para apoio

Gabrielle explica que eles não atuam com projetos específicos, mas sim com um atendimento personalizado para identificar as necessidades de cada empreendedor ou empresa. “Fazemos um diagnóstico empresarial para auxiliar no desenvolvimento ou criação de uma empresa. O Sebrae tem um papel orientativo e não atua como instituição de crédito, mas sim, oferecendo orientação financeira para aqueles que precisam de apoio nessa área”, esclarece.
Os critérios de atendimento são claros: a instituição trabalha com micro e pequenas empresas ou produtores rurais com faturamento anual de até R$4,8 milhões. “Este perfil abrange grande parte dos negócios da nossa região, que buscam no Sebrae um apoio estratégico para melhorar suas operações e alcançar seus objetivos”, comenta.

Impactos das enchentes e desafios de recuperação

As enchentes de maio de 2024 trouxeram desafios significativos para a economia da Serra Gaúcha. Gabrielle destaca que, segundo os próprios dados do Sebrae, em parceria com o governo do estado, 61% dos pequenos negócios do Rio Grande do Sul ficaram com operações paralisadas ou reduzidas em razão das enchentes. “Foram mais de 147 mil pequenos negócios localizados em áreas afetadas por inundações e deslizamentos, resultando em destruição de estoques, equipamentos e infraestrutura, perda de colheitas e danos a propriedades rurais”, enfatiza.

Na Serra Gaúcha, o impacto direto se deu principalmente por deslizamentos e bloqueios nas estradas, que afetaram o transporte e reduziram o fluxo de turistas, impactando diretamente setores como o comércio e o turismo. “Houve redução de faturamento, insumos se tornaram mais caros, queda no fluxo de visitantes, estradas afetadas, comprometendo a infraestrutura do transporte”, lembra. Apesar dos problemas, ela destaca que o Sebrae está comprometido em continuar apoiando a recuperação econômica local. “Mesmo com esses desafios, estamos vendo um esforço coletivo para reconstruir a infraestrutura da região de maneira mais robusta e sustentável”, afirma.

Investimentos na região e resultados

Ao falar sobre os resultados das ações do Sebrae na região, Gabrielle revela que a primeira fase do programa Sebraetec Supera resultou em mais de 386 atendimentos na Serra Gaúcha, com foco em ressarcimento de danos à estrutura física de empresas. No Estado, o número de atendimentos chegou a 10.954. Além disso, o Sebrae investiu fortemente em consultorias com subsídio de 100% nas áreas de finanças, marketing, processos e recursos humanos, para ajudar os empresários a se reerguer e se prepararem para o futuro. “A adesão à Assessoria de Negócios foi expressiva na região, com 510 empresas impactadas direta ou indiretamente participando do programa, que oferece atendimento especializado para fomentar o crescimento sustentável”, diz.

Principais produtos e serviços

A gerente explica que a instituição oferece uma ampla gama de produtos e serviços para os empreendedores “Atendimento especializado, realizado por um Analista do Sebrae com realização de diagnóstico empresarial; Assessoria de Negócios, com elaboração de um plano de ação aderente à empresa; consultorias, cursos presenciais e online, eventos que promovem networking, orientação ao crédito e finanças, com apoio de especialistas na área para realização de um planejamento financeiro eficaz, além de auxiliar na identificação de necessidade de crédito, assim com seus impactos”, destaca.

Atuação para estimular o empreendedorismo e a inovação

Especialmente no cenário pós-crise, estimular essas áreas é uma das metas do Sebrae. Segundo ela, a inovação é um dos pilares fundamentais para a retomada dos negócios atingidos pelas enchentes. “Estamos incentivando os empresários a adotarem novas tecnologias e processos inovadores que ajudem na recuperação e no crescimento sustentável de suas empresas”, explica.

Ela destaca que o Sebrae oferece programas e consultorias especializadas em inovação, como o Sebraetec, que facilita o acesso de pequenas empresas a soluções tecnológicas, além de parcerias com universidades e centros de pesquisa para promover a adoção de práticas inovadoras. “A inovação é um caminho para que as empresas possam não apenas se recuperar, mas também se posicionarem de forma competitiva no mercado”, afirma.

Programas de qualificação e capacitação para empresários

Outro ponto abordado foi o investimento do Sebrae em programas de qualificação para empresários. Ela ressalta que a capacitação contínua é essencial para garantir que os empreendedores da região estejam preparados para enfrentar os desafios do mercado. “Oferecemos cursos, workshops e programas de capacitação em diversas áreas, como finanças, marketing digital, vendas e gestão de pessoas. A ideia é fornecer aos empresários as ferramentas necessárias para que eles possam crescer e inovar em seus negócios”, explica.

Entre os programas de destaque mencionados, estão o Sebrae Delas, voltado para o empreendedorismo feminino, e o Startups RS, que busca fomentar a inovação e o desenvolvimento de startups na região. “O Sebrae está sempre em busca de novos formatos e metodologias para auxiliar os empreendedores a melhorar suas capacidades gerenciais e a adotar práticas de mercado que tragam mais eficiência e competitividade”, comenta Gabrielle.

Desafios futuros e visão para o desenvolvimento da região

Sobre o futuro, Gabrielle afirma que suas expectativas no Sebrae envolvem expandir suas habilidades e conhecimentos por meio de novas oportunidades de aprendizado, assumindo desafios que permitam impactar positivamente as micro e pequenas empresas. “Acredito que um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional é crucial para o sucesso a longo prazo”, destaca.

Em relação à Serra Gaúcha e sobre os desafios futuros para seus empreendedores, ela destaca que, apesar das adversidades impostas pelas enchentes, a região tem um enorme potencial de recuperação e crescimento em setores como agroindústrias, turismo, gastronomia, tecnologia e serviços. Além de enxergar a região como um ambiente vibrante e repleto de oportunidades para o empreendedorismo. “O Sebrae quer estar presente e apoiar os empresários a desenvolverem estratégias e soluções eficazes para evolução e desenvolvimento da nossa região”, conclui.