Morador da Linha Veríssimo de Matos, no interior de Bento Gonçalves, afirma que o problema já persiste na comunidade há anos e se intensifica em novembro, dezembro e janeiro

O Natal e Ano Novo costumam ser momentos de celebrar ao lado da família e amigos, em instantes de descontração e fartura. A realidade da comunidade residente na Linha Veríssimo de Matos, entretanto, foi um pouco diferente. Isto porque passaram os dias 25 e 31 sem água para realizar higiene pessoal, cozinhar ou lavar as louças utilizadas nas ceias.

O subprefeito de Tuiuty, Tiago Coser, afirma que a população do local já sofre há um bom tempo com essa falta de água. “Geralmente de novembro a março, que tem época de safra da uva e com uso constante de água, eles ficam sem. Os moradores recorreram a mim porque foram algumas vezes na Corsan e não tiveram resultado nenhum”, explica.

Coser ressalta que na última quarta-feira, 29 de dezembro, houve uma reunião com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), para resolver a questão. “O gerente disse para o pessoal que encaminharia o caminhão pipa para manter o abastecimento no Ano Novo. Me parece que ele enviou, mas não chegou a Veríssimo de Matos”, lamenta.

O morador da localidade, Michael da Rocha, concorda com o subprefeito e afirma que o problema não é recente. “A questão da falta d’água já vem se arrastando faz anos, mas as piores épocas são novembro, dezembro e janeiro”, relata.

No dia a dia é que a comunidade sente os contratempos de ficar sem o elemento básico. “A pior dificuldade é não ter água para fazer tua higiene, cozinhar os alimentos, ou ter que comprar para poder beber. Somos em torno de 30 a 40 famílias, a Corsan foi notificada várias vezes e o único retorno que nos deram é que tem dois patamares prontos para a instalação de duas caixas d’água, só que não vieram ainda. Dizem que a empresa que está fornecendo não conseguiu entregar para eles”, conta.

Até mesmo um abaixo assinado já foi entregue à companhia. “Tentamos conversar para resolver da melhor forma possível, só que não resolveu. A informação passada foi que iam mandar caminhão pipa, dizem que foi mandado, só que não teve água para nós. Agora mesmo, neste momento, estamos sem água de novo”, menciona Rocha, em 3 de janeiro, às 16h58min.

Sobre viver as datas comemorativas sem água, Rocha se sente decepcionado. “Passar o Natal e Ano Novo assim é uma coisa que não tem nem como descrever, é um descaso com o povo daqui. A gente parece que é esquecido, é muito ruim”, ressalta.

Segundo o morador, devido ao ar nos encanamentos, mesmo sem usufruir da água, a conta não tem redução. “A princípio é cobrado o valor normal. O relógio de hidrômetro gira e não passa água, então a conta vem, é como se fosse utilizado, mas não tem água, só ar”, realça.

Quando ficam muito tempo sem água, é no momento de descanso em que muitas vezes a distribuição se normaliza. “Quando vem de madrugada tem que levantar para encher uma caixa, uma garrafa, o que tiver, porque se não aproveitar, fica sem”, expõe Rocha.

Medidas da Corsan

Segundo o gerente da Corsan de Bento, Marciano Dal Pizzol, a comunidade de Veríssimo de Matos conta com um reservatório que já não atende mais as demandas com regularidade em dias de alto consumo, bem como no período de colheita da uva, onde há maior circulação de pessoas. “A população na região cresceu muito. A maior demanda de consumo se dá nos finais de semana, onde diversos imóveis são utilizados para lazer (sítios, chácaras)”, realça.

Dal Pizzol afirma que há uma ordem de produção emitida para a empresa vencedora da licitação de dois reservatórios, de 100m³ cada. “Houve atraso na produção devido à falta de matéria prima disponível para a empresa. Toda a parte operacional de assentamento do novo reservatório está pronta, sendo que apenas estamos aguardando a entrega para a instalação. Tal situação deverá aumentar substancialmente a capacidade de reserva de água para a região afetada em, no mínimo, dez vezes a atual”, prevê.

O gerente destaca que a companhia está em tratativas para buscar a solução definitiva dentro dos próximos três meses. “Contudo, enquanto o reservatório de fato não nos é entregue, estamos dispondo de cargas de água diariamente, quando necessário, para amenizar o problema. Além disso, temos atuado em pesquisa e consertos de vazamentos na área, que possam afetar a disponibilização”, sublinha.

Sobre o encarecimento da conta de água devido à entrada de ar no relógio medidor, Dal Pizzol aponta que todos os equipamentos que a companhia opera são aprovados pelo Inmetro e estão dentro das normas estabelecidas. “No caso de o usuário ter dúvidas quanto ao funcionamento ou eventual cobrança indevida, deve solicitar aferição do medidor através de nossos meios de atendimento disponíveis (0800 646 6444, app de celular, site, redes sociais, ou presencialmente)”, conclui.