Quem circula tanto quanto eu, pelas áreas centrais da cidade, deve ter notado que os que compõem os “personagens do trânsito” convivem em eterno conflito. Muitos dos “personagens” – motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres (há que inclua até skatistas nisso, já que “alguém” deve ter autorizado a livre circulação deles por onde e quando quiserem) – do nosso trânsito parecem desconhecer as leis e regras basilares para uma convivência legal e pacífica. Até os chimpanzés sabem que todos esses personagens devem, precisam, é vital que convivam entre si porque não há a menor possibilidade de ser diferente. Os motoristas precisam, diariamente, subir pelas calçadas – território dos pedestres – ou para acessar as garagens em suas residências ou para acessar estacionamentos, da mesma forma que os motociclistas. Já os pedestres precisam, diuturnamente, atravessar ruas – território dos veículos – para poderem se locomover e chegar aos seus destinos. Para o acesso dos veículos sobre as calçadas existem os rebaixamentos delas. Para a travessia de ruas por pedestres, existem as faixas de segurança. Parece lógico, normal, acaciano, escancarado, portanto, que veículos acessem calçadas nos rebaixamentos apropriados e pedestres atravessem ruas nas faixas de pedestres.

Mas, não, em Bento Gonçalves não é assim. Há motoristas e pedestres que não respeitam as faixas de pedestres e pedestres que não respeitam o acesso de veículos às garagens e estacionamentos. Aqui está o conflito diário. O motorista tem o dever de dar prioridade aos pedestres nas faixas, mas não tem que ficar esperando que até os pedestres que estão no meio do quarteirão atravessem. Da mesma forma na entrada ou saída de garagens ou estacionamentos. No Shopping Bento, por exemplo, o fluxo de pedestres é intenso na calçada e o de veículos entrando e saindo do estacionamento, idem. Mas, o que se constata? Há pedestres que acham que só eles têm direitos. Podem estar até na frente da Igreja que acham que o carro que está saindo do estacionamento do Shopping tem que esperar eles também passarem.

Esses conflitos acontecem todos os dias, todas as horas, todos os momentos em vários locais da cidade, sem que se vislumbre possibilidades de conciliação. Mas, há uma maneira, sim, de, pelo menos, se tentar amenizar esses conflitos: fazendo campanhas educativas abrangentes. E verba para isso está sobrando, sem dúvidas, já que a Prefeitura arrecada multas de trânsito e essas, por lei, devem se investidas nele, inclusive em campanhas educativas. Resta saber se alguém que tenha o dever de fazer isso tenha percebido esses conflitos e a necessidade de fazer alguma coisa. Será que perceberam?