Especialistas em saúde pública estão lançando alertas sobre o risco crescente de uma possível pandemia causada pela gripe aviária, mais especificamente pela variante H5N1, que tem se espalhado para diferentes espécies animais e, recentemente, tem infectado pessoas nos Estados Unidos. Embora as autoridades de saúde dos Estados Unidos ressaltem que o risco para a população geral ainda seja considerado baixo, um novo estudo publicado na revista científica Science sugere que a ameaça de uma pandemia pode estar mais próxima do que muitos imaginam – possivelmente a apenas uma mutação de distância.
A variante H5N1 da gripe aviária foi identificada pela primeira vez na China em 1996 e, desde então, tem se espalhado de maneira alarmante. Nos últimos quatro anos, o vírus se disseminou por várias regiões do mundo, incluindo a Antártica, afetando um número crescente de aves. Desde outubro de 2021, mais de 300 milhões de aves domésticas foram mortas ou abatidas devido ao surto. O avanço do vírus também resultou em grandes perdas econômicas na indústria avícola global.
No entanto, o cenário mais preocupante se desenhou nos últimos meses, quando, em março, o H5N1 começou a afetar vacas leiteiras nos Estados Unidos. A transmissão entre mamíferos é uma novidade alarmante, já que o vírus originalmente infectava apenas aves. Além disso, 58 pessoas testaram positivo para a gripe aviária, sendo que duas delas não apresentaram histórico conhecido de exposição a animais infectados, o que sugere uma possível transmissão direta entre humanos.
O estudo publicado na Science alerta que o vírus, em sua forma atual, já demonstrou capacidade de adaptação a novos hospedeiros. Com isso, o risco de uma mutação que possibilite a transmissão mais eficiente entre humanos não pode ser descartado. Isso transformaria a gripe aviária H5N1 de um problema restrito aos animais para uma ameaça global, com potencial para se espalhar rapidamente e causar uma pandemia de proporções semelhantes à da gripe suína em 2009.
Embora especialistas afirmem que, até o momento, o risco de transmissão entre humanos permaneça baixo, a vigilância permanece intensa. Autoridades de saúde alertam que o monitoramento contínuo da evolução do vírus e a preparação para possíveis cenários são essenciais para mitigar riscos futuros.