Educandário tem 296 alunos matriculados, que cumprem jornada escolar de nove horas diárias

Diferente do habitual, onde os alunos permanecem cerca de quatro horas no ambiente escolar, o ensino em tempo integral tem uma proposta diferente, onde os estudantes ficam até nove horas diárias no espaço. Este é o caso da Escola Municipal de Tempo Integral Professora Nilza Côvolo Kratz, localizada no bairro São Roque, em Bento Gonçalves. Contudo, vai muito além de aumentar o período, mas consiste principalmente em explorar ainda mais o processo de aprendizado.

Diretora Andreza Ana Peruzzo

A diretora da instituição, Andreza Ana Peruzzo, destaca que além da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo para as redes de ensino públicas e privadas do Brasil, que tem como proposta organizar o que todo estudante da Educação Básica deve saber, os professores podem transcender. “A gente pode extrapolar, ir além. É a teoria aliada com a pratica”, explica.

Como exemplo, ela cita que dentro da disciplina de matemática é trabalhado o pensamento matemático. No português, regularmente os estudantes contam com o laboratório de informática, para realizarem pesquisas, mas não é só isso. “Na arte, trabalhamos a musicalidade. Agora, os alunos do 3° ao 9° ano começaram com a flauta doce, cada um adquiriu a sua e eles estão desenvolvendo essa habilidade”, salienta.

Rotina de nove horas

Fundado em 2014 e atualmente com 296 alunos matriculados, do 1° ao 9° ano, a programação dos estudantes começa de manhã, às 8h e encerra no final da tarde, às 17h. É por isso que a diretora afirma que o local é considerado como uma segunda casa. “Eles passam nove horas conosco. Aqui é tudo. É o cuidado, o conteúdo, os valores da vida que nós ensinamos. Isso é ser integral”, defende.

Diariamente, os alunos recebem quatro refeições: o café, logo na chegada, o lanche da manhã, o almoço e, por fim, um lanche da tarde. “É como se fosse um restaurante, nós chegamos a servir, antes da pandemia do coronavírus, cerca de cinco mil refeições ao mês. É bastante e de muita qualidade”, garante.

A atenção com a alimentação, de acordo com a diretora, sempre foi considerada um ponto importante para os profissionais e motivo de elogio por parte dos alunos. “Eles amam a comida da escola, dizem que é a melhor do mundo. Inclusive, recebemos o Conselho de Alimentação do município e ganhamos dez, com estrelinha”, orgulha-se.

Projeto “Ler é sonhar pela mão de outrem”

Com o objetivo de despertar o prazer pela leitura nos estudantes, a professora de Língua Portuguesa, Silmara Argenton desenvolveu um projeto que envolve habilidades relacionadas a tecnologia e as mídias digitais.

De acordo com a diretora Andreza, na proposta, os alunos puderam escolher livros para ler e analisar. “Como tarefas pós-leitura, produziram uma resenha crítica e representaram uma cena da obra selecionada em caixas de papelão, utilizando-se de materiais recicláveis”, afirma

Alunos desenvolvendo projeto da Língua Portuguesa

Depois, nas aulas subsequentes, os alunos reuniram-se em grupos para debater sobre o que foi lido. O resultado foi surpreendente. “As discussões resultaram em roteiros, que foram transformados em episódios de podcast e, posteriormente, publicados em uma plataforma digital. O podcast recebeu o nome ‘O universo através dos livros’”, conta.

Para a professora Silmara, o mais interessante da atividade “foi observar os alunos organizando o roteiro do programa que iriam gravar. Eles contavam uns aos outros as histórias lidas, de forma espontânea, sem se sentirem pressionados, como geralmente ocorre quando precisam apresentar um trabalho perante a turma. O processo de produção do podcast, além de desenvolver habilidades orais, de leitura e expressão, foi um momento de descontração e integração entre os alunos”, finaliza.