Presidentes do Sindilojas, CDL e Segh- Região Uva e Vinho são contra o fechamento do comércio, mesmo com bandeira preta imposta pelo governo do estado

O Rio Grande do Sul está há três semanas com o modelo de cogestão suspenso, ou seja, municípios não podem adotar bandeiras mais brandas à classificação do distanciamento controlado. Isso, contudo, desagradou empresários de estabelecimentos gastronômicos e comerciais, uma vez que devem manter as portas fechadas.

O presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, destaca que a cogestão corrige injustiças no comércio. “Já temos uma crise instalada na saúde. Com o fechamento das empresas, aumentamos o problema econômico e agrava ainda mais e questão. O comércio tomou todos os cuidados exigidos para poder seguir trabalhando. A liberdade de decisão aos prefeitos, conforme a situação de cada cidade, é imprescindível. Entendemos que a impossibilidade de praticar a cogestão é uma ordem abusiva e que vem gerando muitas manifestações. Não é no comércio que vemos aglomeração”, enfatiza.

Um tratamento preventivo, com imunização em grande quantidade, fiscalizações de atividades irregulares e clandestinas, e ainda isenção de impostos foram as soluções citadas pela diretora executiva do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh) – Região Uva e Vinho, Márcia Ferronato. “Somos favoráveis à cogestão, cada região tem suas peculiaridades. É preciso respeitar e construir um território de forma responsável, considerando a saúde, situação econômica e emocional, para este período tão devastador para todos. Também defendemos a vacinação em massa”, pondera.

Por fim, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcos Carbone, acredita em uma postura equilibrada com a adoção de medidas que priorizem a saúde das pessoas e respeitem as determinações dos programas de segurança e prevenção à Covid-19. “Defendemos o direito ao exercício responsável das atividades, especialmente no setor do comércio, que foi e continua sendo um dos mais severamente penalizados pelas restrições. Da mesma forma, a prática da cogestão, que permite aos municípios regular as normas que devem ser aplicadas na cidade, conforme sua realidade específica. Esse é o caminho que, no entendimento da CDL-BG, mostra-se o mais eficiente, sem ações extremistas, como o fechamento arbitrário do comércio, cuja consequência é, apenas, o enfraquecimento do setor”, argumenta.

Após decisão de Leite, empresários se manifestaram contrários por meio de cartazes.
Foto: Franciele Zanon

Trabalho é vida. Não ao lockdown

Contrário ao lockdown, entidades representativas assinaram uma Carta Aberta que se opõe à prorrogação da bandeira preta no Rio Grande do Sul até o dia 21 de março, defendendo a manutenção das atividades econômicas de forma responsável, por entender que os setores cumprem e oferecem cuidados a trabalhadores e clientes, respeitando e adotando todos os protocolos de segurança. O pensamento é compartilhado entre o Sindilojas Regional Bento, Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), Bento Convention Bureau, Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Sindicato de Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh) – Região Uva e Vinho, Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis).

Carta aberta

“A prorrogação da bandeira preta no Rio Grande do Sul até o dia 21 de março, o endurecimento das medidas restritivas e a imposição de penalidades para quem não cumprir a determinações firmadas pelo governador Eduardo Leite colocam os setores econômicos dos municípios sob a pressão de um cenário extremo. A atuação restritiva no modelo de Distanciamento Controlado, aliada a decretos que suspendem as atividades, têm imposto severas dificuldades num cenário que já era de lenta recuperação. Hoje, o desenho é de um cenário insustentável.

Por isso, entidades empresariais de Bento Gonçalves estão se juntando para manifestar sua contrariedade com a situação e se empenhando para que seja evitado o lockdown, prática que ainda mais restritiva do que o atual contexto, uma vez que prevê o fechamento de todos os setores e que já está sendo ventilada para ser adotada no Estado. O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), o Bento Convention Bureau, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), o SEGH Região Uva e Vinho, o Sindilojas Regional Bento, a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul – MOVERGS e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves – Sindmóveis defendem a manutenção das atividades econômicas de forma responsável, pois entendem que os setores cumprem e oferecem cuidados a trabalhadores e clientes, respeitando e adotando todas os protocolos sanitários.

O lockdown para um país como o Brasil, sem infraestrutura social e econômica para absorver uma medida como essa, significaria um agravamento da crise em instância jamais vista, acarretando ao fechamento de empresas e ao aumento do desemprego, deixando milhares de famílias sem renda. Em agravante, as imposições ferem de forma inaceitável a liberdade do cidadão em inúmeras esferas: seu direito de ir e vir, seu poder de escolha e, especificamente, o direito de trabalhar, no caso daqueles que atuam com o comércio de bens e prestação de serviços arbitrariamente qualificados como não-essenciais em uma visão distorcida do Governo. Esse conjunto de restrições comprometem em demasia o bom desenvolvimento da sociedade.

Sabe-se que o momento da saúde é extremamente delicado e, por isso, nossos esforços estão concentrados em evitar que a sociedade seja submetida ao agravamento, também, da crise econômica. Há formas de evitar essa medida extrema com o cumprimento dos protocolos de segurança, a partir da obediência ao distanciamento social, ao uso de máscara e à utilização de álcool gel, a fim de conter a disseminação do vírus. Ademais, o diagnóstico e o tratamento imediatos também se configuram em importantes meios de evitar o contágio com o vírus.

O cenário atual exige responsabilidade de todos, da sociedade, principalmente no cumprimento dos protocolos sanitários, e dos governos municipal, estadual e federal, que precisam ampliar equipes de saúde e leitos hospitalares e investir em vacinação, além de prorrogar impostos e facilitar o acesso ao crédito. Outrossim, as entidades que assinam esse documento entendem como necessária a volta da cogestão no modelo de Distanciamento Controlado, pois entendem que podem realizar a tangível leitura do cenário regional a partir de suas realidades locais. Essa ferramenta compartilhada de gestão tem se mostrado eficaz no combate à pandemia e na manutenção das atividades econômicas, oportunizando renda, dignidade e preservação de vidas.

É imperioso, neste momento, a adoção de medidas coletivas e equilibradas no enfrentamento à pandemia, que vão ao encontro dos interesses da classe produtiva e da população, promovendo saúde e trabalho de forma conjunta, e não separadamente, pois um interdepende do outro. Não podemos simplesmente fechar. Não podemos simplesmente ser impedidos de trabalhar. Trabalhar não é crime, como está sendo sentenciado indevidamente pelo Governo do Estado do RS. Pelo contrário: precisamos apoio para permanecermos abertos e produzindo, salvando vidas e a economia brasileira. Trabalho é vida, não ao lockdown”.