A andropausa é uma condição fisiológica natural característica de pacientes do sexo masculino. Nela, há um declínio na produção de certos hormônios masculinos, como a testosterona. De acordo com o Dr. Orestes Blanco Netto, urologista do Hospital Tacchini, a andropausa é um declínio hormonal que muitos homens acabam tendo com o envelhecimento. “Após os 60 anos, ocorre uma diminuição progressiva dos níveis de testosterona, mas não a supressão dela”, explica.
É importante destacar que nem todo paciente do sexo masculino vai apresentar os sintomas de andropausa ou mesmo sofrer com o declínio na produção de testosterona. Em alguns, não há o surgimento desse quadro clínico.

Sintomas
De acordo com Netto, os sintomas que a andropausa causa na saúde masculina são muitos. “Estes baixos níveis hormonais irão promover alterações corporais nas quais poderá ocorrer diminuição da função sexual, resultando em disfunção da ereção e da ejaculação. Também outras alterações, como do humor, redução de massa muscular e de força física, assim como fadiga crônica e alterações da memória, são muito comuns”, explica.
Além das evidentes questões relacionadas à função sexual, como a disfunção erétil e problemas na ejaculação, é crucial reconhecer a amplitude dos outros sintomas. A alteração do humor, por exemplo, pode manifestar-se como irritabilidade, tristeza ou até mesmo sintomas depressivos, afetando diretamente a qualidade de vida e os relacionamentos. A redução de massa muscular e de força física não só dificulta a prática de exercícios, mas também pode comprometer a autonomia e a capacidade de realizar atividades diárias. A fadiga crônica é um sintoma debilitante que pode minar a energia e a produtividade, enquanto as alterações da memória podem impactar a concentração e o desempenho cognitivo.

Dr. Orestes Blanco Netto, urologista

Andropausa e menopausa
A comparação entre os casos citados é normal, porém não são iguais. “A grande diferença está no fato de que, no homem, não há a suspensão completa da produção de hormônio”, explica Netto. Além disso, ao contrário da mulher, o homem, mesmo passando pela andropausa, continua sendo fértil, ou seja, podendo ter filhos.

Tratamento
A andropausa tem tratamento; porém, ao contrário do que muitos imaginam, não é apenas a reposição hormonal. “Hoje em dia está muito na moda falar sobre reposição hormonal ou modulação. No entanto, ela somente deve ser realizada em pacientes que apresentem alterações laboratoriais e sintomas relacionados ao distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM), que popularmente é conhecido como andropausa”, salienta o médico.
A reposição deve ser feita especialmente por um médico urologista ou endocrinologista, não deixando de ser monitorada por exames clínicos, explica Netto. Além disso, o tratamento em pacientes que não possuem diminuição dos níveis hormonais pode inicialmente gerar benefícios. “Sintomas de bem-estar e aumento de massa muscular podem ser a consequência a curto prazo”, salienta Netto. Porém, a longo prazo, pode haver alterações e patologias. “A reposição hormonal, mesmo seguindo os devidos critérios, pode estar relacionada ao aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos e à incidência de infarto e derrames. Podendo ocorrer infertilidade, alterações do humor e doenças hepáticas”, explica.
Envelhecer não é uma tarefa fácil, e é por isso que manter uma vida saudável desde cedo, com apoio, é fundamental. “É necessário um equilíbrio entre o bem-estar físico, emocional e, principalmente, a presença da família na vida do indivíduo. São estes os pilares que realmente fazem a diferença para que possamos envelhecer com saúde”, conclui Netto.

Dados
A testosterona baixa afeta cerca de 25% dos homens de forma leve ou moderada, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Essa condição, ainda enfrenta um grande desconhecimento. Um estudo da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revela que 57% dos homens nunca ouviram falar sobre ela.