Segundo dados do Ministério da Economia, o serviço representa aumento de 24,65%, se comparado com março e abril de 2019
Com a pandemia assolando o mundo, milhares de empresas têm se obrigado a demitir funcionários ou buscar alternativas para contornar a crise econômica. Setores das mais diversas atividades, uns em mais proporções do que outros, mas todos estão sendo afetados. A agência do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Bento Gonçalves registrou, desde que começou a atuar de forma remota, há duas semanas, 800 encaminhamentos de seguro-desemprego.
O assessor administrativo Marcos André Vrielink destaca que as causas mais frequentes de rescisões que chegam à unidade de Bento é sem justa causa. “Devido ao coronavírus, temos recebidos muitos por ‘motivo de força maior’, de empresas que estão sendo obrigadas a demitir para aliviar folhas de pagamento”, observa.
Segundo dados do Ministério da Economia, da segunda quinzena de março até a segunda de abril, foram registradas 69.130 solicitações no Rio Grande do Sul. Destas, 53.747 foram online e 15.383 presencial. Em março e abril do ano passado, no Estado, foram realizadas 55.464 solicitações, sendo apenas 571 via web e 54.883 presencial. Um aumento de 24,65% no serviço.
Há cinco modalidades de seguro no Brasil: formal, pescador artesanal, empregado doméstico, trabalhador resgatado (casos de trabalho escravo) e a Bolsa de Qualificação Profissional. De acordo com o Sine, em Bento Gonçalves as solicitações são, em sua maioria, de formais, por alvará judicial e doméstico, nesta ordem.
Mesmo que unidades no país e no Estado voltaram a atender presencialmente desde segunda-feira, 11, o coordenador, Jairo Alberici, afirma que a unidade da cidade aguarda a chegada de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para retornar plenamente com os serviços. “É importante que as pessoas sejam acolhidas e orientadas da melhor forma possível. Precisamos organizar como vamos atender o público, pois devemos cumprir com as normativas do Ministério da Saúde, que determina cuidados com os ambientes e higienização. Além disso, o prédio comporta outros serviços estaduais que voltarão daqui a 15 dias ou um mês. Contudo, os atendimentos online estão operando perfeitamente e têm dado muito certo”, esclarece.
Os requerimentos de seguro-desemprego podem ser enviados pelo e-mail bento@fgtas.rs.gov.br. Desde segunda-feira, 11, a agência trabalha com horário reduzido: das 8h às 14h. Mais informações pelo WhatsApp (54) 98432-6547.
Como solicitar pela internet
O trabalhador pode realizar o encaminhamento do benefício após sete dias da dispensa, por meio do aplicativo “Carteira de Trabalho Digital”.
Uma vez com acesso à conta, é preciso clicar em “Solicitar Seguro-Desemprego” e informar número do requerimento que está no comunicado de dispensa. Em seguida, confirmar a solicitação e obter um comprovante ao final do processo. No portal www.gov.br também pode ser encaminhado o benefício.
Se a solicitação online for concedida automaticamente, receberá a informação de que a emissão das parcelas acontecerá em 30 dias contados a partir da data de liberação do sistema.
Se o sistema notificar pendências, o cidadão deve enviar um e-mail para a Agência FTAS/Sine da cidade para que seja fornecido auxílio nas situações de seguro empregado doméstico, com alvará judicial, por término de contrato ou se o sistema acusar confirmação no posto ou divergência de dados cadastrais.
Contornando a crise
Na contramão das incertezas, Thaís Bernardi, 26 anos, sempre teve o desejo de ter algo voltado a atividade colonial, mas “guria de apartamento”, como ela mesma fala, não teve oportunidade. Com a vinda da pandemia, enxergou na crise uma saída para dar a volta por cima, ou melhor, ajudar a sogra.
Ela conta que em certo dia estava na casa da sogra, Isalete Ferro, 58 anos, que confessou que em questão de 20 dias ficou sem renda alguma. “Ela não conseguiu se aposentar e ainda perdeu o emprego como cuidadora da sogra, que veio a falecer. Eu disse: ‘não é possível que você não plante uma alface’. A casa é enorme e tem oportunidade de fazer e acontecer”, relata.
A Covid impulsionou e serviu para que a gente desenvolvesse um lado que já queríamos: eu, empreender e ela, ter uma renda. Thaís Bernardi, gerente de loja
Foi a vez da Thaís colocar a mão na massa. Preparou um plano estratégico simples e se tornaram sócias do negócio. “Hoje o foco é ela, quem produz e eu fico responsável pelas estratégias, marketing, divulgação nas mídias sociais e pela marca. Então, sim, de certa forma, a Covid impulsionou e serviu para que a gente desenvolvesse um lado que já queríamos: eu, empreender e ela, ter uma renda”, sublinha.
As vendas são feitas pelo Instragram @daisaprodutosdacolonia. Tem doces, geleias, pães e biscoitos, além de verduras e legumes da própria horta.