Modelo ameaçado
Até que ponto os episódios que causaram danos ambientais com a poluição de afluentes do Rio das Antas esta semana – o vazamento de Biodiesel-100 (preparado de soja), ocorrido na Oleoplan, na terça-feira, que deixou uma mancha densa ao longo de três quilômetros até o Arroio Jaboticaba, e o suposto derramamento de suco em Farroupilha no final da semana passada – podem ser considerados apenas acidentais?
O vazamento do óleo, causado por uma falha no sistema que estanca a entrada do líquido em um dos tanques, agravada pela inoperância de um dique de contenção, mostra, no mínimo, uma fragilidade do esquema de segurança da empresa e também da fiscalização, que havia visitado pela última vez a empresa – que já construiu tanques de armazenamento sem autorização, esteve sob denúncias de vazamentos é alvo de investigação do MP em supostas irregularidades há dois anos – em março do ano passado. O caso envolvendo o despejo de alegados 20 mil litros de suco cuja mistura teria falhado em uma fábrica da região, que apesar de ter ficado à margem da mídia regional, tem elementos que configurariam um comportamento abominável e apontam para a intenção do crime ambiental. Dezenas de milhares de peixes sucumbiram em ambos os casos, na face mais evidente da agressão à natureza. Há outras, tão ou mais graves. Todas elas denunciam o descaso. E exigem investigação rigorosa e punição exemplar. Deveriam também, pelo arrevesado exemplo, estimular o fortalecimento do debate sobre o uso dos recursos naturais e a construção de processos mais sustentáveis.
A CPI inevitável
Mesmo que ainda precise passar pela aprovação do plenário, a instalação da CPI da Fenavinho é uma questão de dias, acredita o presidente da Câmara de Vereadores de Bento, Valdecir Rubbo (PDT). Para Rubbo, os vereadores devem aprovar sem susto a abertura da comissão. “Não estamos condenando nem julgando ninguém. É apenas uma autorização para investigar”, afirmou Rubbo à coluna esta semana. A questão é que faltaria apenas um vereador, além dos sete que assinaram o pedido, para aprovar a instalação. Segundo o documento que pede a instalação da CPI, a intenção é apurar as dívidas e a situação financeira resultante das edições de 2009 e 2011. A aprovação deve ocorrer dia 18, quando encerra o recesso parlamentar. Dois dias depois, as bancadas devem indicar quem participará dos trabalhos. É claro que, além de apurar o que aconteceu com a festa, será preciso estimular o debate sobre o futuro da Fenavinho. Assim, até o dia 25, a CPI deverá ser, finalmente, instalada. Ironia do destino: na época em que deveríamos ter a Fenavinho, o que veremos por aqui é a CPI da Fenavinho. Triste, mas inevitável.
O 18 decisivo
O dia 18 deste mês será pródigo em decisões importantes. Além da votação do pedido de instalação da CPI da Fenavinho (tópico na coluna), a data marcará também o fim dos prazos para apresentação de recursos finais da defesa do prefeito Guilherme Pasin em relação à acusação de irregularidades na prestação de contas da campanha e a reunião do Conselho Municipal de Saúde (CMS) que vai debater as mudanças que o governo municipal quer fazer no Samu.
Gestão linear
O anúncio oficial do empresário Henrique Tecchio como presidente da próxima Movelsul é parte da estratégia da entidade para comandar diretamente a feira, que no próximo ano chega à 19ª edição. O movimento é natural no modelo de gestão adotado no Sindmóveis pela dupla que forma com Cátia Scarton (foto). Eles propõem uma espécie de linearização do comando a partir da direção executiva, integrando as ações para fortalecer os eventos promovidos pela entidade. A ideia é cara à presidente do sindicato, que exercitou a experiência quando ocupava a diretoria de comunicação da associação setorial. Jovens, se ocupam em construir um projeto continuado. Hoje vice dos moveleiros de Bento após presidir o CIC, aos 33 anos Tecchiose prepara para ocupar o grau mais alto da hierarquia política do setor na cidade, imprimiu personalidade ao presidir o CIC e já mostrou que não teme desafios. Podemos esperar novidades.
Compromisso com o Sindiserp
Na quarta-feira de cinzas, o Sindicato dos Servidores Públicos (Sindiserp) vai botar o bloco na rua para negociar com a administração municipal os itens da carta-compromisso assinada no ano passado, durante a campanha eleitoral, com todos os candidatos. Entre os estandartes defendidos pelo sindicato, estão a reclassificação de cargos e salários para os servidores e professores municipais com a implantação do piso nacional do magistério, a criação de um plano de carreira para os servidores públicos com incentivo pela qualificação, a análise do plano de carreira do magistério e a correção das distorções da política salarial, recuperando as perdas do ano passado.
A lei e o bolso
Além do aumento do preço dos fretes em todo o país, estimado na média dos 15% (para a indústria gaúcha, os novos valores podem ser acrescidos em até 30%) por conta da vigência da nova lei de descanso dos motoristas, agora são as empresas de ônibus de longos percursos que reclamam com o aumento dos custos, que devem crescer principalmente pela exigência de dois motoristas por carro.
Nas gôndolas
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) projeta que a venda de material escolar nas redes do estado signifique um faturamento de R$ 48 milhões aos supermercadistas gaúchos. Cerca de 20% desse total serão gerados por produtos gaúchos. E tem mais: o presidente da entidade, Antônio Longo, acredita que pelo menos 70% do total das vendas de material escolar nos supermercados aconteça este mês. Os cadernos, principalmente aqueles com personagens de desenhos infantis, serão o carro-chefe das vendas.
Ponto
Nesta madrugada, o Brasil assistiu uma demonstração de como o carnaval pode impulsionar um setor econômico. A parceria do Ibravin com a paulista Vai-Vai inebriou o sambódromo paulista incentivando o hábito de consumir vinho – e estimulando o aumento das vendas, é evidente.
O enredo correto sustentado por um samba que pegou fácil nas arquibancadas, foi construído com um aporte de R$ 1,35 milhão, divididos entre o instituto, patrocinadores, apoiadores, com suporte da Lei Rouanet, com 90% do valor investido capitalizado por dedução de impostos.
No ano passado, a estreia do vinho no samba embalou o bicampeonato da Restinga no carnaval de Porto Alegre. Este ano, a multicampeã do Bixiga comemorou com espumantes no Anhembi.
De olho na mídia espontânea da tevê, o diretor de Marketing do Ibravin, Diego Bertolini, desfilou uma estratégia de popularização da bebida, que privilegiou a presença constante nos eventos pré-carnavalescos, inovou com embalagens cartonadas e soube harmonizar vinho com samba. Sem excessos.