Oferecida pelo SUS, técnica é utilizada como complemento aos mais variados tratamentos de bem-estar. Em Bento Gonçalves, 16 unidades de saúde oferecem a terapia à população
Reconhecida em 1990 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a auriculoterapia funciona como terapia de microssistema para promoção e manutenção da saúde no tratamento de diversas enfermidades. Inspirada na terapia milenar chinesa, a técnica é uma importante aliada da medicina brasileira. Embora possa utilizar agulhas, não gera nenhum desconforto. Pelo contrário, alivia dores do corpo e também sintomas psicológicos e emocionais, sem causar dependência química. É um recurso terapêutico que busca a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, com ênfase na escuta acolhedora e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade.
A abordagem de tratamento depende da escola que o profissional seguir. Pela medicina tradicional chinesa existem em torno de 200 pontos, enquanto que pela medicina tradicional francesa, são 43 zonas. Os pontos mais usados são da reflexologia, correspondentes às áreas da coluna, ponto da ansiedade, neurastenia, relaxamento muscular, rim, fígado, intestino, coração, sistema nervoso vegetativo, e subcortex, entre outros.
O Sistema Único de Saúde oferece, de forma gratuita, 29 Práticas Integrativas e Complementares (PICs) à população. Dentre estas práticas destaca-se a auriculoterapia, por ser de fácil administração, rápidos resultados, utilizar materiais pouco invasivos e possuir mínimos efeitos adversos. O método é um dos ramos da acupuntura destinado ao tratamento das enfermidades físicas e mentais por meio de estímulos nos pontos do pavilhão auricular.
Tratamento complementar no município
As PICs começaram a ser disponibilizadas em 2018 no município de Bento Gonçalves, somando, desde aquele ano, pelo menos, 6.445 atendimentos de auriculoterapia. Bento Gonçalves é a segunda cidade gaúcha, e a 50ª, dentre as 1.445 de todo o Brasil, com o maior número de atendimentos realizados em sessões de auriculoterapia, no período entre dezembro de 2021 e o mesmo mês de 2022.
Segundo Núbia Beche Lopes, enfermeira coordenadora do Núcleo Municipal de Educação e Saúde Coletiva (NUMES), e coordenadora das PICs no município, a auriculoterapia é indicada para auxiliar no tratamento de cerca de 200 sintomas. “O que mais atendemos são queixas de dor aguda ou crônica, ansiedade, insônia, constipação. Também somos procurados por pessoas que querem emagrecer, além daqueles que pretendem parar de fumar, entre outros motivos. Cada paciente é único e o procedimento será individualizado. Quando iniciamos, até usávamos protocolos prontos, mas com a experiência e a constante atualização fomos aperfeiçoando nossa técnica”, relata.
Em Bento Gonçalves, o tratamento feito pelo SUS é realizado a partir de uma consulta inicial com entrevista ao paciente, exame físico dos pavilhões auriculares e palpação da região. A partir daí, o local é higienizado e são aplicadas esferas ou sementes nos pontos do pavilhão auricular direito ou esquerdo, que são alternados semanalmente. “Aqui, em Bento, o protocolo contempla oito sessões de frequência semanal”, informa a responsável. As sessões costumam durar 30 minutos, pois exigem uma escuta qualificada e um exame rigoroso do prontuário eletrônico.
Núbia destaca que há poucas contraindicações, salvos os casos em que o paciente apresenta lesões no pavilhão auricular ou algum problema muito específico. “Os resultados que temos mostram a importância de melhorar a qualidade de vida de quem atendemos. A média de melhora chega a 70% após o término das sessões, com redução significativa do uso de medicação para dor”, comemora.
A técnica de enfermagem Marinilce Toseto procurou uma unidade de saúde para utilizar a auriculoterapia no tratamento de dores na coluna e crises de ansiedade. “Na primeira sessão já me surpreendi. Aproximadamente 15 minutos após a consulta, já consegui caminhar normalmente e a redução da dor foi considerável. As crises de ansiedade também diminuíram bastante”, pontua a paciente. Até o momento, Marinilce já passou por três sessões, e segue em busca do alívio de seus sintomas, com tratamentos conservadores e a auriculoterapia como técnica complementar.
Nas unidades de saúde da cidade, qualquer profissional de nível superior do SUS pode fazer encaminhamento para tratamento com auriculoterapia. A lista de espera é extensa, pois quando o paciente é chamado, fica em torno de dois meses sendo acompanhado semanalmente, para então ter alta e dar a vez a um novo paciente.
Congresso
Nos dias 30 e 31 de outubro, os auriculoterapeutas do município estarão participando do 33º Congresso do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS-RS). Os profissionais assistirão a palestras, além de ministrarem cursos e aplicarem a terapia nos próprios participantes do evento. O congresso irá acontecer nas dependências do Dall’ Onder Grande Hotel. “Nosso município tem se destacado na área. Apresentamos nossa experiência e resultados em congressos nacionais. A expectativa é grande. Nesta edição, do COSEMS-RS, vamos apresentar também um vídeo informativo, além dos cursos de Implantação de PICs e Introdutório de Auriculoterapia”, finaliza.
Veja onde agendar seu tratamento
- Unidade de Saúde Central
- ESF Aparecida
- ESF Barracão/São Pedro
- ESF Progresso
- ESF Santa Marta
- ESF Cohab
- ESF Conceição/Tancredo
- ESF Licorsul
- ESF Fenavinho
- ESF Maria Goretti
- ESF Ouro Verde
- ESF Santa Helena
- ESF Zatt
- Centro de Referência de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (CERPI- antigo Espaço do Idoso).