O Brasil, ao longo de sua história, sempre se pautou pela participação mais direta junto aos países capitalistas, democráticos e ocidentais. Somente em poucos períodos de tempo onde o comunismo quase emplacou. Portanto, nosso país sempre esteve alinhado, podemos dizer assim, com os Estados Unidos e a Europa onde a democracia impera, o capitalismo é o sistema econômico, a liberdade ampla existe, há livre fluxo de capitais entre países, as empresas podem negociar livremente e estabelecer preços e oportunidades. Geopolítica é o nome que se dá a essas relações entre países e, notadamente, há um jogo de forças onde os países querem aumentá-la para, enfim, buscar melhorar a qualidade de vida de suas populações.

O Brasil, em 1991, estruturou junto com a Argentina, Uruguai e Paraguai o MERCOSUL participando do bloco desde então. Isso dentro da América do Sul e entre países geograficamente próximos e parceiros comerciais genuínos até por essa proximidade.

Contudo, no primeiro governo Lula, um dos maiores blocos econômicos que estava se formando foi a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) no final do século XX (1988-1992) que uniria 34 dos 35 países das Américas (exceção seria Cuba) e seria o maior bloco econômico do mundo naquele período. Não foi para frente porque o Brasil e outros países não assinaram o acordo por medo que isso favoreceria os EUA pelo poder de exportação que esse país teria. Com isso, os Estados Unidos, Canadá e México formaram o NAFTA (atualmente USMCA) que, nesse mesmo período, fortaleceu a economia desses 3 países. O Brasil, portanto, não aderiu à ALCA.

Também a União Européia começava a se formar e hoje é um bloco com 26 países membros e um dos mais fortes grupos econômicos que atuam entre si com regras comuns entre eles buscando seu fortalecimento. Há também o RCEP (Parceria Econômica Global Abrangente) com a união de 15 países da Ásia-Pacífico onde estão também China e Japão. Há outros.

Até meados dos anos 1990, a China nem aparecia nesse cenário.

Com a criação dos BRICS (BRIC acordo entre Brasil, Rússia, Índia e China, originalmente e, depois a entrada da África do Sul originando a sigla BRICS) que foi um termo de um estudo do economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O’Neil, por serem economias que estavam crescendo em níveis muito importantes, o Brasil começou a participar de reuniões principalmente com a China.

As forças geopolíticas sempre foram um dos principais temas que movimentaram o mundo político e econômico e, com o BRICS, nosso país começou a figurar mais fortemente no cenário mundial. Somos atualmente a 10ª. maior economia do mundo mas com participação entre 1 a 2% do PIB mundial. Pouco se comparados aos 25% dos EUA, 18-20% da China e entre 20 e 25% da União Européia.

A ampliação do BRICS com a entrada de 6 novos países, na minha opinião, enfraquecerá a posição do Brasil no cenário mundial pois, além de mais do que dobrar o número de países, enfraquece o peso de cada país dentro do bloco. Se mudar o nome para SUL GLOBAL como se está falando, pior ainda pois a letra B dos BRICS, que representa o Brasil, deixaria de existir. BRICS+ (lê-se BRICS Plus) ajudaria.

Além disso, a entrada de ditaduras como Irá e Arábia Saudita não ajuda em nada e só prejudica a discurso democrático que alguns governantes defendem.

Também, a ampliação do bloco favorece a China que “briga” com os EUA para ser a maior potência econômica do planeta. Pequim defendeu fortemente essa ampliação e o Brasil entrou com o apoio à Argentina, país com muitos problemas sociais e econômicos nos últimos 40 anos, agravados agora com a inflação galopante.

Fortalecer e participar de um bloco liderado pela China para fazer frente aos EUA e, possivelmente, à União Européia, não é salutar na minha opinião. Além de já ter países com governos “centralizados” ( China e Rússia ) e agora países que podem ser classificadas como ditaduras ou com menores liberdades (Irá e Arábia), fazer frente a 50% do PIB mundial e o destino de muitos produtos industrializados do Brasil, poderá sugerir retaliações à vista desses países ocidentais.

Acredito, portanto, que o Brasil só perderá com isso. Parece-me que estamos escolhendo ficar do lado errado da história.

Pense nisso e sucesso.