Momento marca o início da Revolução Farroupilha, um dos episódios históricos mais marcantes para a comunidade gaúcha

O 20 de setembro é uma data especial para os que nasceram no Rio Grande do Sul: é celebrado o Dia do Gaúcho. O momento marca o início da Revolução Farroupilha, revolta civil mais longa do Brasil e motivo de orgulho ao povo sul-rio-grandense. Em Bento Gonçalves, muitas são as atividades que ocorrem durante o ano e especialmente no mês de setembro. Desta forma, as tradições da cultura gaúcha são mantidas que, em muitos casos, são passadas de geração para geração.

Uma das pessoas que honra as tradições é Jocemir Stormoski. “Sempre gostei do meio tradicionalista e ia aos rodeios com meu pai, desde criança. Depois, com o passar do tempo, não tive uma participação assídua neste meio. Porém, há alguns anos tive a oportunidade de comprar meu primeiro cavalo e, a partir daí, comecei a participar mais de rodeios e CTGs”, conta.

Para ele, preservar a cultura é um dever. “Gosto de passar para meu filho, Theo, e quem mais estiver comigo que não é somente tradição, é buscar e usufruir as coisas boas do passado, por meio da nossa cultura, vivenciar e preservar a coragem do povo gaúcho. Hoje, como capataz da Campeira do CTG Laço Velho, sinto que posso contribuir mais com a preservação da nossa cultura e tradicionalismo”, aponta.

E, para isso, ele possui alguns hábitos. “Durante todo ano usar nossa pilcha gaúcha, participar de jantares em CTG, bailes e rodeios. No mês mais esperado do ano por todos nós, nos orgulhamos de montar nosso acampamento na ABCTG e lá tomar um bom chimarrão com os amigos a qualquer hora, fazer uma comida campeira e um bom churrasco e, claro, participar das atividades dos Festejos Farroupilhas. Por isso, trago comigo uma frase, de Bernardo Fragoso, que resume bem o sentimento tradicionalista: ‘Se trouxeres teu orgulho de ser brasileiro, te entregarei a minha honra de ser gaúcho”, ressalta.

Vinícius Martins Barp tem 28 anos e participa desde os oito do meio tradicionalista. “Naquela época, comecei a dançar na invernada artística no CTG Laços Da Amizade, e danças Gaúchas de Salão. Também dancei nas Invernadas Mirim e Juvenil incentivado por meu tio, Sinval Martins, que era instrutor de danças Gaúchas de Salão e também pelo meu pai Dilceo Barp. Depois de alguns anos entrei na Invernada Juvenil do CTG Laço Velho, onde dancei também na invernada adulta, hoje faço parte da Campeira do CTG Laço Velho, onde laço e frequento rodeios”, comenta.

Conforme ele, o tradicionalismo já está no sangue. “Nesse meio fiz muitas amizades, tenho orgulho de ser gaúcho e poder fazer parte dessa tradição. Uma das coisas que mais gosto de fazer é andar a cavalo e comer um bom churrasco, principalmente nos Festejos Farroupilhas, onde estão acontecendo alguns eventos em Bento, no Parque da ABCTG, como rodeio, bailes, busca da chama crioula, integração de invernadas, entre outros. Inclusive, fui campeão em uma laçada que teve nesse rodeio”, salienta.

Cavalgada Solidária

Integrando a programação dos Festejos Farroupilhas de Bento Gonçalves, na quarta-feira, 20, foi realizada, às 9h, a Cavalgada Solidária. A atividade iniciou com saída da Igreja Cristo Rei até o Parque Municipal de Rodeios – ABCTG, onde aconteceu a Missa Crioula.

A Cavalgada, que neste ano teve um apelo solidário, percorrendo as ruas da cidade, convidando a população à levar doações até o Parque Municipal de Rodeios. Foram doados alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza, ou ração, que serão destinados às famílias atingidas pela enchente.

Em seguida, ocorreu o Tradicional Churrasco Campeiro.

Curiosidades

Chimarrão – Uma das maiores expressões das tradições gaúchas é o chimarrão. Foram os índios guaranis e caingangues que viviam em terras gaúchas que deram início a tradição, ainda no século XVI. No Rio Grande do Sul, não se trata só de tomar o mate, mas de todo o ritual de preparo e consumo. A bebida é amarga e deve ser ingerida pelando de quente. Se você for convidado para uma roda de chimarrão, nada de sugerir uma mistura de açúcar ou frutas para suavizar o gosto, tudo bem? Também não espere que o anfitrião te ofereça o primeiro gole. Após montar o mate na cuia, com a erva e água quente — que não pode ser fervida para não amargar ainda mais o chimarrão — é ele quem começa a degustar a bebida. Só depois ela é compartilhada com o restante da roda. Não tire a bomba do lugar, nem chame de canudo. Não tenha nojo de dividir o mate com os demais. Lembre-se sempre de que este é um movimento cultural.

Músicas tradicionais – Tão característico quanto o chimarrão são as músicas típicas da região. Além do ritmo, as letras apresentam a expressão mais pura do regionalismo.