Hoje, 25 de julho, é comemorado o Dia do Escritor. Em Bento, alguns autores contribuem para a formação cultural da região, além de estarem presente no processo de aprendizagem das pessoas ou na ampliação da imaginação.

Firmino Splendor, importante autor de livros com tema “uva e vinho”

Foto: Conceitocom Brasil

O enólogo e professor, Firmino Splendor foi anunciado nesta terça, 19, como escritor homenageado da 37ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, que ocorre entre os dias 5 e 16 de outubro. “É uma honraria muito grande receber este reconhecimento para integrar a feira do livro”, destaca o autor.

Splendor nasceu no dia 2 de novembro de 1940, na Linha Graciema, Bento Gonçalves. Em 1960, passou a frequentar a Escola de Viticultura e Enologia, onde formou-se como enólogo. Após alguns anos, tornou-se o primeiro presidente e sócio fundador da Associação Brasileira de Técnicos em Viticultura e Enologia.

Como escritor, lançou 14 livros técnicos e 5 obras sobre histórias de famílias, além de inúmeras publicações com o tema “uva e vinho”. Destacou-se, em 2019, ao publicar o livro “A Epopeia da Uva Isabel no Rio Grande do Sul”, primeiro obra literária no Brasil em torno deste assunto.

Escritor e poeta bento-gonçalvense

Natural de Bento Gonçalves, Clóvis da Rolt cursou licenciatura em Artes Plásticas na Universidade de Caxias do Sul (UCS), bacharelado em Filosofia no Centro Universitário Claretiano, além de mestrado e doutorado em Ciências Sociais na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Poesias, ensaios e textos acadêmicos são escritos pelo bento-gonçalvense desde 2004, quando publicou seu primeiro livro, “Canção de Vidro”. Mas a prática começou na adolescência, quando descobriu que a arte, a poesia e a literatura seriam as formas pelas quais buscaria um entendimento sobre quem ele é e do mundo à sua volta.

Foto: Arquivo Pessoal

Clóvis Da Rolt, escritor e poeta bentogonçalvense

O autor revela que hoje, quando analisa a primeira obra com uma certa distância, percebe que necessitava de mais amadurecimento. “Fico satisfeito em constatar que, atualmente, em relação àquele primeiro trabalho, tenho uma bagagem que me permite a autocrítica e um juízo mais apurado”, diz.

A oportunidade de publicar pela primeira vez aconteceu devido ao trabalho incansável da professora Eneida Tremea, que, na época, dirigia a biblioteca pública de Bento Gonçalves. “Ela me colocou em contato com profissionais da área da literatura e encampou um projeto para a publicação do material”, conta Da Rolt.

O autor tem dois livros em andamento, que versam sobre poesia e contos curtos. Ele conta que, ultimamente, tem gostado bastante de textos opinativos, pela liberdade que permitem nas decolagens expressivas. “O ensaio é como uma sala de espelhos que reflete muitas imagens, sem o compromisso exaustivo de demonstrar questões absolutas”, ressalta.

Dias atrás, uma leitora que ele considera bastante qualificada e que, inclusive, foi sua professora na graduação, enviou-lhe uma mensagem na qual dizia que estava lendo seu livro mais recente, Terra de exílio. “Ela estava fascinada com a profundidade dos textos. É isto que busco: tocar as pessoas com as palavras, fazê-las ver com olhos emprestados” lembra.

O livro de ensaios, foi adotado recentemente como leitura dirigida junto ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Nove de Julho, em São Paulo. “Para mim, isso é um motivo de grande satisfação”, orgulha-se.

Questionado sobre o apoio à cultura em Bento Gonçalves, Da Rolt diz que, atualmente, há uma qualificação maior em relação ao apoio a futuros escritores, através de oficinas de escrita, círculos de leitura e eventos específicos da área. “Também há que se mencionar uma maior presença de políticas públicas para a cultura, o que pode ser uma ferramenta para o investimento na formação de novos autores e na produção e circulação de suas obras. Porém, de nada adianta contarmos com boas obras literárias, excelentes editoras e professores empenhados no ensino da literatura, se não tivermos leitores competentes” finaliza.

Literatura fantástica como paixão

Lucas de Lucca apresenta uma edição especial de “O Corvo Negro”, intitulada “A Vingança do Órfão”

Foto: Arquivo Pessoal

Escritor desde os 16 anos, Lucas de Lucca sempre foi apaixonado por livros e jogos de fantasia, buscando inspirações em personagens de Assassins Creed e encantamentos de Skyrim para desenvolver seu primeiro livro, “O Corvo Negro”. Conta que começou a escrevê-lo durante uma viagem em família, onde preferia ficar na casa fazendo esboços do que, no futuro, se tornaria sua obra de maior sucesso. “Odiava praia naquela época, fiquei na casa que meus pais alugaram, escrevendo alguns esboços, aproximadamente 60 páginas em bloco de notas”, conta.

Segundo Lucca, a fantasia é o gênero mais fácil de alguém começar a escrever, porém, o mais difícil de se dominar. “A criação de um mundo fantástico, por mais que seja inspirada no nosso, depende de convencer totalmente o leitor de que aquilo é plausível, mesmo não tendo nada de racional. É raro um escritor conseguir fazer esse tipo de arte”, ressalta.

O autor revela que, apesar de amar elementos fantásticos, atualmente está cada vez mais seguindo para o drama e a literatura contemporânea, trazendo um pouco de humor para os momentos conturbados que a sociedade vem enfrentando. “Quando escrevia fantasias, estava em outro momento de minha vida, inserido em outro contexto e lutando outras lutas. O momento que vivemos hoje, no Brasil e no mundo, é de questionamentos, guerras digitais e ideológicas, de ódio, mas ao mesmo tempo da busca por amor. Não consigo, como contador de histórias, ficar sem trazer a realidade que vivo para dentro do que escrevo”, revela.

Bento Gonçalves tem uma excelente estrutura pública para fomentar a arte e a literatura, e foi, com o apoio do Fundo Municipal de Cultura do município que o autor realizou o sonho de publicar seu primeiro livro. “Não conseguiria chegar tão rápido onde estou sem a ajuda do financiamento cultural. Nunca vi, em nenhuma outra cidade, essa oportunidade do escritor se desenvolver rapidamente, o que é uma vantagem gigantesca para, facilmente, estar inserido no mercado nacional”, finaliza.

Além de ser um excelente escritor, Lucca atua como coordenador de projetos culturais e artísticos desde 2016, fazendo parte de mais de 30 eventos e produtos artísticos. Em 2018 fundou a Flyve, uma editora conceito que produz livros de autores brasileiros, com projetos gráficos artísticos e que se destacam no mercado.