Bibliotecárias Paula Porto, da Biblioteca Castro Alves e a Renata Tonini, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, contam suas histórias com a Biblioteconomia

Neste domingo, 12 de março, é comemorado o Dia do Bibliotecário. Este profissional, que vive imerso no mundo dos livros, é valioso para auxiliar na disseminação do conhecimento.

Foto: Arquivo Pessoal

A bibliotecária responsável pela Biblioteca Pública Castro Alves, Paula Porto, ressalta que sua profissão tem uma enorme responsabilidade social. “Está intimamente atrelada à maneira de como pode atuar em prol de todos os membros da comunidade em que está inserido, independentemente de raça, nacionalidade, idade, gênero, religião, língua, deficiência, seja ela qual for, condição econômica e laboral e nível de escolaridade; difundindo e facilitando o acesso dos membros de sua comunidade a informações de qualidade e promovendo ações, atividades, projetos e eventos cultuais”, evidencia.

Conforme Paula, existe uma percepção equivocada que advém do fato de o bibliotecário ter a sua atividade atrelada à nomenclatura de um ambiente físico, no caso, bibliotecas. “Para podermos falar sobre a amplitude das possibilidades de atuação do profissional, é necessário entender o principal insumo de suas atividades: a informação. Alguns exemplos de locais onde podemos atuar, além de bibliotecas públicas, universitárias, escolares, comunitárias, especializadas, hospitalares e particulares: arquivos; editoras; livrarias; empresas (controle do fluxo da informação e documentação); empresas de comunicação (da produção à divulgação da informação); jornais e revistas; organização de congressos, seminários e simpósios; centros culturais; centros de pesquisa; ensino de Biblioteconomia; banco e bases de dados”, menciona.

De acordo com a profissional, a questão dos livros ou qualquer outro tipo de informação estaria ligado a um trabalho técnico que o bibliotecário desenvolve. “Como seleção, classificação, indexação, catalogação e organização. Além disso, estamos habilitados a desenvolver hábitos que trabalhem a democratização e o livre acesso da comunidade aos conhecimentos de práticas literárias, artísticas ou informacionais. Para isso, também trabalhamos no planejamento, na organização e na execução de diversas ações, atividades, projetos e eventos culturais, como por exemplo, Feira de Livro, na qual faço parte da Comissão organizadora do município de Bento Gonçalves”, refere.

Paula destaca que sempre teve um perfil mais pragmático, por isso a profissão se adequou à personalidade dela. “Desde criança minha mãe pedia para que eu organizasse os armários e guarda-roupas de casa, fazia essas atividades com prazer, classificava por cor ou tamanho, adicionava etiquetas nos potes de chás e temperos, prática que carrego comigo até hoje. O bibliotecário está apto para atuar em duas frentes, no setor técnico e no setor cultural. Entendo a importância dos dois, mas me identifico muito com o técnico. Adoro trabalhar diretamente com os livros, na triagem, seleção, classificação, indexação, catalogação e organização. Foi através destas pequenas práticas organizacionais que desenvolvi desde minha infância, que acabei me encontrando na Biblioteconomia”, relata.

Paula destaca que, como muitos brasileiros, durante a sua infância teve poucas interações com livros e a prática da leitura. “Minha família não tinha condições financeiras de comprar livros, nunca ganhei um de presente e nunca vi meus pais lendo. Para minha sorte, morávamos bem próximo à Biblioteca Pública e, com apenas sete anos, tinha condições de ir e voltar sozinha”, lembra.

O primeiro contato da bibliotecária com a literatura foi através dos gibis. “Amava passar horas lendo suas incríveis histórias. Li e reli todos da biblioteca, sempre fui muito bem acolhida naquele espaço, por todos os funcionários e principalmente pela bibliotecária, que me apresentou o espaço infantojuvenil, lá pude desenvolver um gosto pelas mais diversas formas de literatura e aprendi uma lição valiosa, a importância e o impacto que um bom bibliotecário ou mediador tem no desenvolvimento da prática da leitura e o quão acessíveis e democráticas as Bibliotecas Públicas podem ser”, conta. Desde então, o livro sempre esteve presente na vida de Paula.

Uma paixão antiga

Foto: Thamires Bispo

A bibliotecária do Colégio Sagrado Coração de Jesus, Renata Tonini, reitera que sua profissão é a responsável por tratar, conservar e tornar acessível informações para o usuário final. “Independentemente do suporte informacional, o profissional é parte fundamental para vincular, democratizar e estimular o acesso ao conhecimento”, declara.

Para ela, sua profissão é de grande importância em diversos estágios de formação humana: desde a educação infantil até a vida adulta. “Em um mundo em que percebemos um imenso fluxo e produção de conteúdo, o bibliotecário revela a sua importância, organizando e disponibilizando, de forma acessível, para toda a sociedade”, reconhece.

Além de atuar em bibliotecas escolares, públicas e privadas, há espaço para trabalho em outras áreas. “Pode exercer a função em bancos de imagens, empresas provedoras de informação, institutos de pesquisa, museus, centros de informação, redes de dados, centros culturais, bancos e ainda como profissional autônomo. Pensando nas novas tecnologias e fluxo de dados na internet, o profissional assumiu a função de organizador, identificador e distribuidor de dados, fazendo assim que apareçam novas profissões ligadas à qualificação do bibliotecário”, menciona Renata.

A Biblioteconomia surgiu na vida da profissional forma natural. “Sempre fui curiosa e gostava muito de estar em bibliotecas. Quando criança passava minhas tardes lendo, estudando e realizando as tarefas escolares na Biblioteca Pública de Bento Gonçalves”, relata.

Quando foi morar em Florianópolis, a bibliotecária passou no vestibular para na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e se apaixonou pela profissão. “Comecei a trabalhar ainda durante o curso e percorri diversos ambientes, desde bibliotecas especializadas, universitárias e escolares”, conta.

Se passaram 15 anos de formação de Renata, e ela percebe a transformação que seu trabalho realiza na vida das pessoas. “De todas as experiências e vivências na Biblioteconomia, a da biblioteca escolar é a mais intensa e gratificante. Hoje trabalho na biblioteca do Colégio Sagrado e uso todo meu conhecimento, criatividade e entusiasmo pelos livros para promover e despertar a paixão das crianças e adolescentes pela literatura”, finaliza.