A Dona Olga, minha sogra, sempre foi uma pessoa bonita. Agora, com 93 anos, bisavó, continua muito linda. Tem os cabelos brancos que parecem tingidos de prata; rugas no rosto que não precisam ser disfarçadas; o corpo um pouco arqueado cujo defeito, se assim podemos definir, pouco se nota com as passadas curtas das seguras caminhadas; os olhos sem pintura e a boca sem batom ainda são parte de sua beleza da juventude.

Para minha felicidade vejo na Dona Olga o futuro de suas filhas.
Conheço idosos homens e idosas mulheres, que aceitaram a nova fisionomia da idade. São rostos enrugados que o tempo marcou com novos traços, cada um destes traços observados diariamente na mirada matinal no espelho.

Alguns tentam melhorar a aparência (não condeno a vaidade) porém o limite está em não estragar o que a natureza fez. Vi rosto deformado, ao ponto do ridículo, em jovens e idosos que tentam ser melhores do que são. Vi “enchimentos”, que mudaram feições ao ponto do irreconhecível. Rostos rebocados de ruge e batom, parecendo máscaras de carnaval, são só disfarces de um ego que não aceita a própria visão no espelho.

Serei idoso como a Dona Olga, naturalmente. Farei cirurgias, as absolutamente necessárias, aquelas que permitirão manter a vida com qualidade. Nada mais. Que venham as rugas; que venham os cabelos brancos, a barriga grande, a corcunda e tudo o mais que a natureza modificar em meu corpo. Ainda serei o mesmo, apenas mais usado. A vaidade está num plano inferior.

Uma comparação entre o ser humano e uma cidade é até possível se separarmos a natureza dos materiais: o homem tem sua vida limitada pelo tempo e uso dos materiais que o compõem: pele, músculos, cabelos e tudo o que a maravilha do Criador fez. Uma cidade é construída pela ação dos homens e ela sobrevive, cresce e se moderniza com a continuidade das ações dos homens.

Ruas são abertas, casas são substituídas por novas, recupera-se o que deve ser mantido e se investe naquilo que dará qualidade de vida para os cidadãos que usufruem da cidade onde vivem.

Administrar uma cidade é mantê-la moderna, organizada, segura e saudável. Um cidadão feliz com sua cidade é o reflexo de uma boa administração pública

Além de flores nas praças públicas, meio fios das calçadas com pintura, ruas limpas, decoração para os dias de festas e tudo o mais que pode ser comparado ao “ruge e batom”, é necessário investir nas “cirurgias” da renovação para que a cidade não fique velha.

Sem infraestrutura viária as “veias da cidade” entopem com o tráfego. Sem a infraestrutura sanitária os esgotos comprometerão a saúde pública. Sem investimentos concretos não há futuro e a velha cidade terá sua imagem arranhada.

Que a nossa Bento Gonçalves seja o melhor lugar para viver.