Há mais de 40 anos, entorno da Praça Centenário é palco para os produtores rurais comercializem suas mercadorias

Biscoitos, geléias, chimias, pão caseiro, cuca, uma infinidade de opções de frutas, verduras, legumes e até mesmo mudas de flores. Tudo isso pode ser encontrado em um mesmo local, todos os sábados. É na Feira do Produtor Rural, que ocorre há mais de 40 anos no município, onde esses itens são comercializados. O palco principal para a exposição desta diversidade de mercadorias, produzidos por agricultores de Bento Gonçalves e municípios vizinhos, é o entorno da Praça Centenário, no Centro da Capital do Vinho. No local, além da comercialização, muitas histórias de quem semeia, produz e colhe para levar os produtos, fresquinhos, até as mãos dos consumidores.

As histórias

Jair Canossa é morador e produtor na Linha Pederneira, interior de Santa Tereza. Há 35 anos, ele participa da Feira do Produtor Rural. Aprendeu a trabalhar na roça com seu pai e, sucessivamente, a feira também passou a ser uma atividade que os dois realizaram juntos. “Comecei aqui com ele. Desde criança, lembro que vinha ajudar. Estou dando continuidade ao trabalho desenvolvido pela família”, pontua. Na feira, comercializa diversos itens como frutas (laranja, bergamota, lima, entre outras), sabão caseiro de álcool, vinho e vinagre. Praticamente tudo é produzido na propriedade de cerca de 11 hectares. “Sempre temos aquela rotina. Sou muito conhecido por aqui e muitas pessoas passam pelas bancas para comprar”, revela.

Outro produtor é Egídio Gheno, da Linha Marcolino Moura, no município de Pinto Bandeira. Há quase 40 anos ele participa da atividade. Assim como Canossa, começou a frequentar o local com seu pai, aos 16 anos. Ele diz que, naquela época, tudo era diferente. “Se vendiam muitos produtos que hoje não são comercializados, ou vendidos em menor quantidade. Hoje, vendemos repolho, couve-flor, brócolis, bergamotas, lima, tomate, além de diversas mudas de flores e temperos, a maioria destes itens são da nossa propriedade. Gosto de vir e estar aqui”, esclarece.

Na feira, conta com a ajuda da família: a esposa Suzana Longo Gheno e a filha Lilian. “Geralmente, colhemos o que comercializamos. Se nossa venda média é de 100 repolhos, colhemos esta quantidade para não sobrar. Se sobra, vendemos com um valor um pouco mais em conta”, explica. Uma das dificuldades, neste momento de pandemia, foi a troca de horário. “Entendemos a situação, mas, com a mudança, e a feira sendo feita de tarde, muitos dos itens acabam murchando se for muito calor. O que, infelizmente, nos prejudica um pouco”, pondera.

Roque e Loreni Lovisa residem no interior de Monte Belo do Sul. Aos sábados, se deslocam até Bento Gonçalves para comercializarem seus vinhos, espumantes, bolachas, biscoitos, entre outros produtos. Apesar de não fazer tanto tempo que participam da feira, já consideram forte o vínculo entre todos os produtores e ela se tornou uma grande família. Isso é algo muito bom. Temos muitas lembranças boas, bem como amizades aqui concretizadas”, revela Lovisa. Segundo ele, gostar do que se faz é importante para o resultado do produto final. “É um prazer acordar toda manhã e ver a propriedade, mexer na terra. Isso nos impulsiona e nos deixa felizes. Além disso, sempre gostamos de estar com as pessoas, conversar. Isso faz a diferença”, considera.

O filho, Antônio Carlos Menegotto Rebello, e a mãe, Eda Menegotto Rebello, comercializam chimias, geléias, farináceos (pão, biscoito, massas, grostoli), além de diversas frutas, produzidas em cinco hectares na localidade de Veríssimo de Mattos, interior de Bento. A fabricação dos itens é feita no bairro Progresso. “Vendemos de tudo, mas, ultimamente, o que está tendo bastante saída são os itens de farináceos”, revela Rebello. Ele concorda com Lovisa quando comenta que a feira se tornou uma grande família. “É aqui que criamos amizades, desenvolvemos nossas habilidades e, acima de tudo, vendemos os itens que produzimos. Muitas vezes também é difícil, mas tudo compensa”, pontua.