Foi a partir de suas palavras que a escritora bento-gonçalvense Eliana Sebben foi convidada a integrar a Academia Luso-Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul no final de 2021

Os olhos miram o horizonte, buscando na deslumbrante paisagem observada, a melhor inspiração para escrever, no caderno que é companhia diária, as primeiras palavras para compor mais uma das milhares de poesias já feitas pela Eliana Sebben. Foram elas que ajudaram a escritora da Capital Nacional do Vinho a ser convidada para integrar a Academia Luso-Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul no final de 2021. Ela é a primeira bento-gonçalvense e a segunda da Serra Gaúcha a entrar para o rol de escritores da entidade. A solenidade oficial de posse ainda não foi realizada por conta dos protocolos de prevenção à Covid-19, entretanto, o certificado de integrante da instituição já está nas mãos de Eliana.

O mundo magnífico das letras começou a fazer parte da vida de Eliana quando ela tinha 11 anos. Foi depois de uma visita com a turma da escola que tudo aflorou. “A professora convidou os alunos para fazer um passeio e, após, era para escrever alguma coisa sobre a atividade que tivesse visto. Tinha uma árvore muito linda. Sentei embaixo dela e a descrevi. A professora leu e incentivou a escrever mais, pois ela disse que tinha encaixado tão bem, e que mesmo a pessoa não conhecendo o local, conheceria através das minhas palavras. A partir disso, comecei a escrever e não parei mais”, enfatiza.

Durante sua trajetória, lançou alguns livros e, ultimamente, participa muito de antologias e foi por conta disso que recebeu o convite para fazer parte da Academia Luso-Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul. “Tenho 11 livros inéditos, prontos, cinco desses, com aproximadamente 200 poesias é só sobre Bento Gonçalves. Não pretendo lançá-los em breve, e é aí chegou o convite para participar da academia. Eu participei de uma antologia com o presidente da entidade, João Riél, ele leu a minha poesia e entrou em contato comigo”, conta.

Atualmente, as poesias escritas por Eliana são sobre o município, a cidade, o Vale, e tudo que existe de melhor em Bento Gonçalves, trazendo o leitor como um ser integrante daquele local. “Ao ler, ele me disse: o que você descreveu é como se eu estivesse no lugar, no momento. Desta forma, ele pediu para eu continuar mandando poesias. Mandei mais de 400”, lembra.

Em uma conversa, ela comentou que tinha um livro praticamente pronto sobre Imigração Italiana em Poesias, com 500 páginas. “Conto toda a história da imigração italiana em poesia, desde que vieram da Itália e os locais que passaram em Bento Gonçalves e cidades dos arredores, com algumas fotos. Descrevi tudo como era antigamente, a colheita da uva, do feijão, que contam um pouco da minha história e em cada local apresentado na obra literária, faço uma homenagem para alguma pessoa. Penso que é uma obra para as escolas e a ideia surgiu, pois tenho uma filha pedagoga e ela trabalha com as crianças. Um dia, ela perguntou para as crianças de onde vem o leite, elas falaram: da Parmalat”, revela

Para ela, esse foi o ponto chave para que tomasse uma decisão. “Foi neste momento que caiu a ficha de que estava na hora de fazer um livro contando a nossa rica história de uma maneira que todos entendam, com as fotografias, para acreditarem que é verdade. Iniciei este livro há quase doze anos e agora ele está praticamente finalizado”, considera. Ela agradece, da mesma forma, a todas as pessoas que oportunizaram que esse livro saísse do papel.

Diariamente, é na poltrona, ao lado da janela, que Eliana escreve. “Para escrevê-las, tem que sentar, olhar, se entregar. Me entrego para aquilo, para aquele momento. Desde sempre escrevi somente poesia. Tenho a necessidade de escrever. Sento na minha poltrona, ao lado da janela, olho para fora, escrevo, descrevo, viro a página, começo a transformar tudo aquilo na poesia. Guardo, fecho o caderno, depois volto e faço a poda da poesia. Não é simplesmente escrever, mas lapidar e transformar”, revela.

Ela comenta que ficou muito feliz e grata pela oportunidade. “Nossa, quando recebi a notícia, chorei muito. Um choro de felicidade. Agradeço muito pela oportunidade”, conclui.