Sintomas como renite, crises respiratórias e irritações na pele marcam a chegada da primavera; especialista aponta cuidados

A chegada do mês de setembro traz consigo a beleza e o aroma das flores. É o tempo de colorir as paisagens e perfumar os ambientes. No entanto, junto consigo, a primavera acaba sendo a vilã para algumas pessoas que sofrem com as famosas alergias e crises respiratórias, em virtude do pólen liberado pelas flores que acaba entrando em contato com a mucosa respiratória, responsável em provocar as reações. Sintomas como coceira e irritação no nariz, coriza e espirros são comuns nesse período do ano, principalmente as pessoas que são diagnosticadas com rinite alérgica. Especialista dá dicas para prevenir e minimizar os problemas causados nesta época do ano.

Médico alergista e imunologista, Dr. Cassiano Mescka. Foto: Arquivo Pessoal

O médico alergista e imunologista, Cassiano Marçal Mescka, explica que dificilmente há possibilidade do ser humano evitar ou bloquear a exposição ao pólen, devido a leveza e facilidade de dissolução pelo vento. “As pessoas alérgicas sabem bem o efeito que períodos de calor e vento causam em suas vidas, pois nestes dias há alta liberação de pólen na atmosfera, com concentração de até 50 partículas por metro cúbico de ar”, explica.
Segundo estudos, o horário com mais pólen costuma ser pela manhã. Na região Sul do país, a polinização é intensa e o que mais causa alergia são as pólens de gramíneas.

Principais sintomas

Ainda de acordo com médico, os sintomas mais frequentes encontrados em pacientes que sofrem nesse período são os espirros, além das coceiras nasais e ardência nos olhos, características presentes em quem sofre de rinoconjuntivite alérgica. Além disso, obstrução nasal, coriza e lacrimejamento abundantes também são apontados como sintomas comuns nessa época do ano. “Pessoas muito sensíveis podem também apresentar tosse, chiado no peito e falta de ar. Os sintomas se parecem com forte resfriado que pode não passar e durar meses, acrescido de uma incômoda sintomatologia ocular. Alguns pacientes com um tipo de alergia chamada dermatite atópica podem ter piora da condição da sua pele neste período”, ressalta. Segundo Mescka, no caso da polinose, os sintomas acometem mais o nariz e os olhos. Asmáticos com sensibilidade ao pólen, também podem referir tosse e falta de ar.

Principais tipos de alergia na Serra

Questionado se há alguma influência em virtude do clima da Serra Gaúcha, Mescka explica que devido aos invernos rigorosos, seguidos da primavera intensa, pacientes acometidos de sintomas alérgicos tendem a desenvolver o problema com maior periodicidade, principalmente nesse período do ano, quando ocorre a polinização. “O fator etiológico principal são grãos de pólens de plantas alergógenas que se depositam nas mucosas, produzindo reação alérgica inflamatória”, pontua.

Em estudo realizado no Rio Grande do Sul, pesquisadores encontraram a prevalência da polinose entre 14 a 22% da população, dependendo da região pesquisada. “Os pólens alergênicos podem ser produzidos por várias plantas, sendo em nossa região as mais comuns o Lolium multoflorum, mais conhecido como Azevém, o Ligustrum e outras árvores, mas devido a seu pequeno diâmetro e peso, o pólen das gramíneas é o principal responsável pelos sintomas”, ressalta Mescka.

Como prevenir?

Mesmo não tendo a gerência nas estações do ano, o médico pontua alguns cuidados básicos para diminuir os sintomas, proporcionando melhor aproveitamento da estação:

– Manter janelas fechadas à noite. Utilizar ar condicionado com filtro, quando for possível;
– Manter as janelas fechadas do automóvel;
– Evitar atividades ao ar livre, cortar grama ou serviços de jardinagem durante os dias de maior concentração polínica, ou seja, naqueles ensolarados, quentes, secos e ventosos;
– Evite fumar: a fumaça de cigarro agrava os sintomas de alergia;
– Estando na rua, usar óculos de sol, para diminuir a impactação de pólens nos olhos;
– Evite andar de moto ou bicicleta sem proteção para os olhos;
– Ao tomar banho à noite, lavar os cabelos, para evitar a deposição de pólens no travesseiro e cama. Evitar colocar roupas para secar no exterior em dias de vento. Roupas úmidas coletam pólens que podem agravar a alergia;
– Caso possível, programar suas férias na praia ou em outras regiões onde não houver polinose;
– Usar as medicações medicação prescritas pelo seu médico. Existem tratamentos eficazes para minimizar os efeitos da alergia e trazer mais qualidade de vida.