De acordo com estudo divulgado nesta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 2014 e 2018, a renda dos 5% mais pobres no Brasil caiu 39% e, como consequência, a extrema pobreza aumentou em 67% neste interim. Segundo o levantamento, esse avanço na extrema pobreza ocorreu em função de desajustes no Bolsa Família. Seja por conta de perdas reais no valor do benefício, que não foi corrigido segundo à inflação em 2015 (quando esta girava em torno de 10%) e em 2017 (já com inflação menor), como também devido à redução no número de beneficiários.

É estimado que 900 mil pessoas foram desligadas do programa em 2019, acarretando no surgimento de uma fila média anual de 500 mil pessoas que deveriam estar sendo atendidas, mas ainda estão esperando para serem cobertas pelo Bolsa Família. Há outras estimativas que apontam que 1 milhão de pessoas estavam na fila para serem atendidas pelo programa em 2019.

O Bolsa Família é um programa de combate à extrema pobreza que cobre um quarto da população brasileira. Focalizado em crianças e famílias abaixo das linhas de extrema pobreza e pobreza estimadas pelo governo, o benefício é oferecido através de um cartão magnético em posse das mães e/ou mulheres da família em 90% dos casos. O valor de elegibilidade inicial ao benefício básico, hoje em 89 reais por pessoa, é bem próximo da linha mais baixa de pobreza das metas do milênio da ONU no valor de U$S 1,25 por dia ajustado por paridade de poder de compra.

Para Marcelo Neri, Diretor do FGV Social, os desajustes no Bolsa Família dos últimos 5 anos significaram um ajuste fiscal nos ombros dos mais pobres que quase não contribuiu para a questão fiscal do país e ainda desprotegeu os brasileiros mais vulneráveis durante um período de crise econômica.

Fonte: FGV Social