A propagação do coronavírus (Covid-19), infectando e causando a morte de milhares de pessoas ao redor do planeta, foi elevada à categoria de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença, que foi registrada inicialmente na província de Wuhan, na China, ainda no ano passado, se espalhou pelo mundo. Eventos esportivos e culturais cancelados, cidades vazias e o medo das pessoas mostram o tamanho da doença que está mudando o comportamento mundial
Sobre a expansão assustadora no número de pessoas infectadas, daquelas comprovadamente com a doença e o terror que se espalha diante do número de óbitos, especialmente na Europa e mais precisamente na Itália e na Espanha, as previsões “mais otimistas” estimam que o vírus – que tem índice de letalidade de 2%, ou de 15% em pessoas com mais de 80 anos – pode infectar até 70% da população mundial.
A alta prevalência esperada colocará o coronavírus no posto de uma das maiores pandemias de todos os tempos. Capaz de fazer frente a casos nem tão recentes, mas que muitos contemporâneos ouviram falar ou chegaram a estudar nos bancos das faculdades ligadas à área da saúde, principalmente estas, como a Gripe Espanhola que assolou o mundo em 1917 ou a Peste Bubônica de alguns séculos passados e que se estendeu por 10 anos, de 1343 a 1353.
Saiba mais sobre as pandemias
Gripe Espanhola
A gripe espanhola foi uma variação do vírus Influenza (comumente associado às gripes recorrentes e ao H1N1). A origem da mutação do vírus da gripe é desconhecida. Os casos tiveram início de 1917 e desde então ela se coloca como uma das doenças mais resistentes de todos os tempos. A letalidade da gripe variou entre 6% a 8% durante o surto.
Com estimativa de até 100 milhões de mortos ao redor do mundo, a Gripe Espanhola infectou 27% da população mundial e milhares de pessoas no Brasil. A estimativa é de que mais de 35 mil pessoas tenham morrido no país. Uma delas foi o presidente Rodrigues Alves, que faleceu antes de assumir a presidência pela segunda vez.
Peste Bubônica
A peste bubônica é uma doença causada por uma bactéria presente em ratos pretos. Pulgas que morderam os ratos ao entrar em contato com os humanos transmitem a doença que causa febre, dores de cabeça e vômitos, além de um inchaço enorme dos gânglios linfáticos, além de manchas pretas ao redor da pele.
A doença passou a se espalhar por toda a Europa e estima-se que ela tenha matado mais de 50 milhões de pessoas entre 1343 e 1353. A falta de higiene e saneamento dificultou a contenção da peste que atingiu toda a China, Oriente Médio, Rússia e chegou até a Escócia.
Varíola
A varíola é uma doença que assolou a humanidade por muito tempo. Registros mostram que o faraó Ramsés II morreu vítima da smallpox, erradicada no planeta desde 1980 graças a uma grande campanha de vacinação. No entanto, entre 1896 e até ser de fato erradicada, cerca de 300 milhões de pessoas morreram por causa da doença.
Edward Jenner descobriu a vacina da varíola em 1796, a primeira vacina de todos os tempos. Apesar disso, a capacidade de vacinação – bastante limitada – global da doença, que tinha taxa de mortalidade de 30%, fez com que a varíola se mantivesse na humanidade até os anos de 1980. Transmitida por via aérea, causava uma série de verrugas cheias de pus no corpo do infectado.
Tifo
O surto de tifo matou mais de 3 milhões de pessoas no espaço de quatro anos, entre 1918 e 1922. As condições pós-Primeira Guerra deixadas na Europa criaram um ambiente de miséria altamente propício para o desenvolvimento de doenças. Uma precária rede de saneamento acabou espalhando ratos por todo o continente, especialmente na Rússia.
O tifo tem origem similar à peste bubônica. A transmissão é justamente originada de pulgas que morderam ratos infectados. Os sintomas eram a dor de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas.
Cólera
A cólera ainda não foi erradicada e matou, entre 1817 e 1824, milhares de pessoas ao redor do planeta. Alguns estudiosos asseguram que essa foi de fato a primeira epidemia – ou pandemia! – que alcançou todos os continentes, ao contrário da peste bubônica, que se manteve na Europa, Ásia e Norte da África.
A bactéria da cólera libera uma toxina que provoca diarreia intensa e o portador pode acabar morrendo por desidratação. A proliferação é similar ao da poliomielite, na água e alimentos infectados. Segundo a OMS, de 100 a 120 mil pessoas morrem todos os anos devido a doença que poderia ser erradicada com vacinação e saneamento básico universal.
Tuberculose
Os poetas românticos brasileiros tanto escreveram sobre o “Mal do Século” que muito provavelmente o leitor já saiba algo sobre o surto de tuberculose que ocorreu entre 1850 e 1950. Isso mesmo, por 100 anos! A doença ataca o sistema respiratório e atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo, a cada ano. É possível que mais de 1 bilhão de pessoas tenham morrido por conta da tuberculose.
Causado por uma bactéria – bacilo de Koch –, a tuberculose só conseguiu ser eficientemente tratada pela penicilina, antibiótico descoberto por Alexander Fleming. Atualmente a doença é considerada controlada, mas ainda afeta regiões mais pobres do planeta e especialmente portadores de HIV.
HIV
Desde 1980, segundo estatísticas não confirmadas, mais de 20 milhões de pessoas devem ter morrido devido às complicações causadas pela Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Causada pelo vírus HIV, que é transmitido principalmente através das relações sexuais, a epidemia de Aids começou mesmo na década de 1980 e continua se expandindo ao redor do mundo, especialmente porque nenhuma cura para a doença foi encontrada ainda apesar dos esforços do meio científico.
Existem duas prevenções possíveis para o HIV: camisinha e profilaxia pré-exposição (o PrEP). Entretanto, após o surto dos anos 1980 e a forte educação contra a Aids, menos precaução tem sido tomada, o que provocou um aumento de 21% dos casos, somente no Brasil, entre 2010 e 2018. É uma das maiores pandemias da história que perdura e ainda não tem cura.
Fonte: www.hypeness.com.br – Yuri Ferreira