Na tarde desta quinta-feira, 26, dois novos casos da doença foram confirmados; até o momento, Bento Registra oito pessoas infectadas
Durante a live diária realizada pela página do Hospital Tacchini, no Facebook, a médica epidemiologista, Nicole Golin, demonstrou preocupação, quanto a gravidade dos últimos casos de coronavírus em Bento Gonçalves. Nesta quinta-feira, 26, a médica confirmou mais dois casos da doença, que aguardam a contraprova enviada ao Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen), totalizando oito pacientes acometidos pela Covid-19. Segundo a profissional, uma possível desmobilização no isolamento domiciliar da população, deixou as autoridades em alerta.
Conforme a epidemiologista, são quatro homens e quatro mulheres, com idades entre 55 e 70 anos. os últimos casos confirmados exames mostram que há oito exames que aguardam resultados do Laboratório Central Público do Rio Grande do Sul (Lacen). Dos casos mais graves está o paciente, morador de Serafina Corrêa, que permanece internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). No entanto, outros três casos suspeitos de Covid-19 também estão isolados no complexo hospitalar.
A médica ressaltou que das quatro situações, três pacientes estão em ventilação mecânica. “Os últimos dois casos que chegaram até o hospital, precisaram imediatamente de suporte ventilatório, em estado grave”, ressalta. Segundo Nicole, na unidade de internação, seis pessoas estão internadas com problemas respiratórios. Destes, um paciente confirmou a infecção e seu quadro de saúde é considerado bom e mais cinco casos suspeitos. “Os números começaram a mexer. A nossa ocupação do Tacchini, hoje, está em 41%, o que é relativamente tranquilo. Mas o que começou a nos preocupar é o visível aumento da movimentação nas ruas da cidade e não foi suspenso e nem revogado nenhum decreto de isolamento social no município”. “Identificamos isso, claramente, no número de atendimentos entre ontem (quarta-feira) e hoje”, explica.
Ainda, segundo a médica, cerca de 100 pessoas, consideradas casos suspeitos, estão sendo monitoradas em casa. “Essas informações recentes começam a desenhar a situação no município. Se formos fazer uma análise dos últimos dias, tivemos mais casos graves internados. Parece ser o início efetivo da nossa curva. E isso, parece ocorrer pelo fato da desmobilização do isolamento domiciliar. A atitude das pessoas está mudando, infelizmente”, revela.
A médica ressalta que ainda não é o momento para a desmobilização da comunidade. Segundo ela, a circulação de pessoas na cidade precisa voltar a reduzir como nos primeiros dias. “Nós vínhamos vindo num movimento muito positivo. Enquanto, a gente não tiver acesso a testes em grande escala, que não vai ocorrer em quatro, cinco dias e desmobilizarmos o isolamento, correremos um risco monstruoso, com a possibilidade de colapso do sistema de saúde: escolher quem nós iremos atender”, observa.
Durante a transmissão, a médica pediu que a comunidade colabore e divulgue a gravidade da situação. “A atitude que a população assumir vai ter um diferencial muito forte nas evoluções de curva”, aponta. Ela citou exemplos de países que realizaram o isolamento social e que apresentaram resultados positivos. “Para nós (equipe) acendeu uma luz amarela. Estamos com a estrutura leve, ainda. Mas o que nos preocupa é a gravidade dos últimos casos que chegaram ao hospital. A busca pelo pronto-socorro já está dando sinal de aumento. Não era para ser agora”, revela.
Conforme a médica, há oito exames que aguardam resultados. Segundo Nicole, não há exames disponibilizados pelo Ministério da Saúde, o que impede de uma análise da situação em ampla escala. “Esperamos um posicionamento deles (Ministério) e os critérios para a gente poder utilizar os testes. É uma ação que faz parte do processo dos países que tiveram resultado melhor, que é a testagem ampla que permite o bloqueio vertical, liberando as pessoas para a realização de atividades do cotidiano”, finaliza.