Décadas de mobilização da sociedade civil e dos movimentos de mulheres têm colocado o fim da violência de gênero no topo das agendas nacionais e internacionais. Um número sem precedentes de países têm leis contra a violência doméstica, agressão sexual e outras formas de violência.

No município de Bento Gonçalves, a Coordenadoria da Mulher e o Centro Revivi realizaram inúmeras atividades e ações voltadas às mulheres durante o ano de 2016, tanto na zona urbana como na rural, com o intuito de conscientizar as mesmas sobre seus direitos, informações a cerca da Lei Maria da Penha, buscando reforçar a autoestima, dando ênfase ao atendimento, aconselhamento e apoio para mulheres em situação de violência.

Foram realizados no ano passado 792 atendimentos, sendo que ingressaram no serviço 141 novos casos. O serviço contou com uma média de 66 registros por mês, entre casos novos ou em curso distribuídos entre profissionais da área de Direito (estagiário), Psicologia, Serviço Social e Coordenadoria.

“Através de profissionais junto às audiências, pode-se realizar um trabalho mais eficaz na questão, não só com as vítimas, como também com os agressores, através dos Grupos Reflexivos de Violência Doméstica”, explica a coordenadora do Centro Revivi e da Coordenadoria da Mulher, Regina Zanetti.

O perfil sócio-demográfico da demanda assistida pelo serviço é basicamente de mulheres jovens e adultas por terem vida social mais ativa, o que lhes confere maior vulnerabilidade. Em comparativo com o ano de 2015 permanecem casos de violência na faixa acima dos 30 anos a 60 anos, correspondendo a mais de 70%.

Diferente da violência que ocorre em âmbito público e com diversidades de pessoas, a violência doméstica ocorre, na sua maioria, no seio privado e apresenta sempre o mesmo perfil de vítima esposa ou filha espancada, abuso sexual contra mulheres e crianças da família. Além disso, a consolidação da família como estrutura da sociedade impenetrável constitui a esfera privada como um lugar culturalmente propício para que as relações violentas constituam-se em rotina. Portanto, o local predominante de ocorrência da violência permanece sendo a própria residência, no espaço doméstico, correspondendo a 85% dos casos.

Os resultados mostram que a agressão sempre vem acompanhada de duas ou mais formas (psicológica, física, moral e/ou patrimonial), dando destaque para a psicológica que apresentou um aumento significativo em relação a 2015.

A porcentagem de mulheres que registra ocorrência contra o agressor na Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres (DEAM) chega a 86%. Os boletins são registrados em maior número nas segundas-feiras, o que demonstra o resquício do final de semana conturbado das famílias. “Ainda é comum encontrar resistência entre as mulheres em situação de violência em expor seus problemas e sentimentos, o que representa enorme sacrifício para muitas delas, inclusive pelo fato da reação inesperada do companheiro ao ter ciência da denúncia realizada contra ele, podendo até se tornar ainda mais violento. Por outro lado, com maior divulgação da Lei Maria da Penha, através da mídia, encontros e palestras apresentando os direitos das mulheres e demais instrumentos de proteção, estas se encorajaram a buscar a Delegacia para realizar o boletim de ocorrência”, observa Regina, que complementa: “Você, que é mulher vítima de violência, não se cale, denuncie!”.

Denúncias podem ser feitas através do disque 180, na Delegacia da Mulher pelo fone (54) 3454-2899 ou no Centro Revivi através do (54) 3454-5400.

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