Às vezes temos dias ruins. Para os místicos de plantão, geralmente acompanhados de uma segunda-feira. Sou exceção porque eu gosto das segundas-feiras. É a velha lei do retorno, se eu gosto dela, ela gosta de mim.
Engana-se quem pensa que o universo conspira contra nós. Nós conspiramos contra nós mesmos, o Universo é só o espelho.

Atualmente estou com um pé atrás com os finais de semana. A recíproca é verdadeira.

Aquele dia ruim geralmente é precedido por uma noite bem organizada. Antes de dormir você planeja como será o próximo dia, faz a agenda, separa a roupa para a academia, faz a marmita saudável no Tupperware, diz que vai acordar meia hora antes e lavar os cabelos. Feita a organização, inconscientemente seu dia que nem começou já deslancha. Você se acha digno de continuar assistindo a sua série favorita. Amigo, série é um vício, um devorador de almas trabalhadoras e com o sono em dia. Depois de uns três episódios você vai dormir com os olhos esbugalhados e com uma leve enxaqueca. São quase três da manhã, você demora a pegar no sono. Ok, não iremos desistir.

A primeira tarefa do dia já foi ignorada com sucesso. Aquela meia hora que ia levantar antes para lavar o cabelo foi transformada em 15 minutos de atraso.

7/AM. Você ainda tem que escolher a roupa que vai trabalhar, ver como está o clima naquela hora e tentar adivinhar se vai nevar ou fazer 35° durante o dia.

7:10/AM. Você já acordou atrasada vai colocar qualquer roupa que não faça sentido nenhum, que é pra passar bastante arrependimento durante o dia todinho. Escova os dentes.
7:30/AM. Você não lavou o cabelo, vai ter que fazer aquele coque clássico e nem pensar em tomar café. Essa mini corrida já fez você passar o maior calor. Deixa comida e água fresca pro seu cachorro. Pega a bolsa e vai.

7:45AM. Você ta com muito calor mesmo. Desce pra garagem, esquece o controle. Sobe. Volta. Nasceram duas gotas de suor no seu cangote. Você já esbraveja. Você está cheio de mochilas e pastas e a chave cai no chão. Tem coisa pior que isso? Tem.
No trânsito cortam a sua frente, freiam de soco, não ligam o pisca. Você acha que é um complô, pede a Deus o que fez de errado, solta um palavrão, grita que a mãe daquele motorista faz coisas horríveis.

Chega atrasada, suada e brava. Não poderia começar melhor. Ao invés de começar a trabalhar, você precisa de férias. Para finalizar, você pergunta se falta alguma coisa. Não faça mais isso. O Universo tem ouvidos. Aí se você se acalmar, respirar e conseguir enxergar o dia lindo e cheio de oportunidades que vem pela frente, a maré muda. Se você pensar que esse dia pode acabar ali mesmo, talvez sua unha quebre, você senta em cima do óculos que acabou de comprar, deixe o dedo na porta enquanto fecha, chegou na academia e percebe que esqueceu a mochila ou perde a chave de casa. Você pode simplesmente chamar um chaveiro e resolver, ou chorar, espernear, falar palavrão e depois, de qualquer forma, ter que se acalmar e chamar um chaveiro.

A escolha é sua.