A família do I.G.

Itacy Luis Giacomello é colunista do SEMANÁRIO há 50 anos, é isso, 50 anos! É também o maior correspondente de órgãos de imprensa da capital do estado que Bento já teve. É também o maior “lavrador” de atas da história de Bento. Tem mais, ninguém, na história de Bento, assumiu tantos cargos de secretário, tanto que, ele hoje não senta em bancos, “ele senta na casa dele, em uma pilha de livros de ata”, parte de seu acervo histórico. Pois lá, na garagem dele, vez por outra, é onde eu “desembarco” para ouvir histórias, fazer retrospectos e constatar que, o Itacyr, tem uma obsessão: “encontrar a urna do lançamento da primeira Fenavinho, colocada ali onde era o estádio municipal, ao lado do Fórum, extinto na administração Pasin.”

A garagem

Sentados na garagem, espumante ao alcance, petiscos mais ao alcance também, somos assistidos pela Fabiane e protegidos pela “gangue” canina composta por Maia, Amora, Alonso e Ramon. Ficam postados em frente à porta da garagem, em posição de sentido e controlando o movimento da rua e da calçada. Vez por outra passa um “cobrador” e lá se vai a turma querendo pular a cerca para pegar o distinto. A família Giacomello tem também duas gatonas (de gato!), a BIANCA, que fica na sala com o Itacyr, ambos “Procurando Nemo” o dia todo pra cá e pra lá, e, a outra, a LOLA, que dorme na cama do Itacyr e, noite sim outra também, acha que a cabeça do ITA é o “cuchetto” dela. De manhã o Itacyr sente uma coceira no nariz, pensa que é mosquito, na verdade é o rabo da gata dando uma de despertador e mandando o recado: “acorda malandro que é hora de continuarmos a busca da urna da Fenavinho”. Argh, Argh, Argh, “rosna” o Itacyr, dando uma de protesto de gato. Pelas minhas observações vi que, muito embora a estreita ligação do ITA com a Igreja Cristo Rei e Igreja do São Bento, “NEM COBRADOR DE DÍZIMO” é poupado pela “guarda real”, composta por representantes de todas as raças e de todos os credos, da família Giacomello. Quando chega a FABI do trabalho, a “meninada” nos abandona e vai correndo sacudindo os “rabichos”, pois é hora da “chepa”, o pagamento dos serviços de proteção.

A família real

A família do Itacyr tem a FABI que se tornou, nesses tempos de pandemia, a maior vacinadora da história de Bento, com base territorial na Fenavinho. A maleta de trabalho dela não tem aquelas coisas médicas como estetoscópio, desfibrilador, luvas e apetrechos. Com a Fabi é assim: cara-crachá-feito! Quando se lhe perguntam “vai fazer?” ela responde “cai fora” e grita “o próximo!”. Não dá tempo para ver a “Nikita vacinadora”, muito menos para sentir a “temível” dorzinha, para quem tem medo de vacina. Se você tiver medo de vacina fique observando na rua, se vir uma mulher elegante, altiva, pró-ativa, determinada, olhe para a maleta e fuja, pois é ela própria, a FABI VACINADORA! O Governador anunciou nesta quinta que vai dar um prêmio em dinheiro para os municípios que mais vacinarem, Bento tá aí disputando a liderança, se depender da FABI o prefeito Diogo já pode ir se preparando para “levantar a TAÇA”. O Vicente é o outro filho do Itacyr. É tido como um dos maiores assadores de churrasco da Cidade Alta, com extensão no bairro Glória. Provei um, vou esperar mais dois para confirmar o veredito. Tem mais na família do Itacyr. “TAMO JUNTO”, lá na garagem, taças à mão e, de repente, não mais que de repente, chega um carro em alta velocidade e breca bem na entrada da garagem. A guarda real sai em disparada em direção à cerca e, eu, olho para o Itacyr e grito: “o que que é isso companheiro, assalto?”. Não, diz ele, é a minha neta Brenda chegando. Ela entra, faz um afago nos TOTIS e diz “continuem o trabalho de vocês”. E eles sentam, um aqui, outro lá e ficam pensando: “alarme falso, “não é a mamãe”, “a Brenda é pão dura”, “não vai servir comidinhas”. Daí a pouco volta a Brenda lá dos fundos, passo acelerado, sai garagem afora, embarca no carro e, bye, bye! O Itacyr diz “é assim mesmo, movimenta a casa toda”.

O quero-quero

Vocês sabem, o Itacyr tem um quero-quero imaginário, deve ter comprado lá na loja Imaginarium do “shoppingue” de “Caçia”. Ele mandava, quando o bicho era jovem, o quero-quero dar um giro e trazer notícias para a coluna. “Má, ele, o quero-quero le belque vecho, mal chapa come el vecho Trivelin. Le lá meso careca, estraco, el manha solque liquido, polenta sensa tocho, desso le Itacyr que vá drio le noticie e el quero-quero escrive la coluna. Far que, dopo 50 anni!” Então, entre um gole e outro de espumante, resolvemos programar uma desta “de cinquenta anni, vanti que el quero-quero vá crepar”. Tudo combinado, lavramos uma ata para decisão ter efeito jurídico e, assim se fará.

O almoço de família

Pois na segunda-feira que passou, não nesta, na outra, eu estava concentrado no trabalho e, de repente, liga o Itacyr todo emocionado, olhei para o telefone e caiam lágrimas e, eu pensei “veja os milagres da privatização”. Deixei o ITA respirar e, ainda envolvido na emoção, ele me perguntou: “tu sabe onde eu fui almoçar ontem (domingo)?”. Eu respondi: “tu almoçou ontem?”. Depois do meu kkkkk, ele disse: “sério, tenta adivinhar onde eu almocei ontem”. Eu disse: “ITA eu sei onde eu almocei ontem depois de esperar duas horas na fila, foi lá no DI PAOLO onde estava também o CLEMER, ex-jogador do Inter e hoje latifundiário rural”. “Bem, mas me conta, onde afinal tu almoçou?”. E ele “lá no BARRACÃOCITY”. “Lá no Posto?” eu indaguei. “Sim, como tu sabe?”. Eu disse: “só pode ser lá, tem comida boa, já estive lá, aliás, foi lá o último encontro da família Caprara, cinco gerações presentes”. Ainda sob forte emoção, ITA continuou a contar. “Henrique, me trataram como um rei, nunca me senti tão valorizado”. Aí, eu dei asas à imaginação.

Itacyr: “cara de malandro, pinta de malandro”? 50 anos de colunismo no SEMANÁRIO com paz e amor.

O almoço

Quando Itacyr adentrou o recinto, tendo como escudeiros a neta BRENDA e o companheiro dela o ADEJAN (lá no Barracão esse nome é de príncipe da Arábia Saudita), o gerente da Casa gritou para sua assessoria: “lá vem o ITACYR, preparem-se, mesa 4 a postos, atendimento VIP, cadeira especial estofada, o melhor vinho da casa, afinal, disse o gerente “ele é amigo do Henrique, que nasceu aqui em BARRACÃOCITY” e “calunista” do SEMANÁRIO, o maior e melhor”. E lá se foi o ITA e sua corte, “cheio de fomão e emoção”. Sentados, assistidos, saudados, banheiro oferecido, essas coisas, o gerente olhou para a cozinha e, novamente em altos brados, falou: “reforça o caldo do capeletti, joga dentro mais uma galinha que não bota ovo”. E o Itacyr, ainda lacrimejante, disse: “eu nunca comi tanto na minha vida, fui tratado como um rei (de novo!), um atendimento que eu nem sabia que merecia”. E eu: ”bem, e aí Itacyr, tu ficou tão contente que saiu cantando aquela musiquinha “comi, comi, comi, e depois comi, comi?” E, usando meu imaginário ainda, eu disse: “ITA, eu fico imaginando aquelas senhoras da cozinha, uma com o braço em cima do ombro da outra, se olhando e dizendo: “varda Giacomello, QUE BELO RAGAZZO MA el ga manha tanto que me par que el vá crepar. E acrescentou: e varda quela ragazza como le bela”. “Má quela lá ze neta”, disse a outra. “Ma no comare!”, disse mais alguém. E a terceira, querendo também acrescentar algo, disse: “má el ga mia porta encieme el Quero-quero, qui que fá la noticia de questa manhada elora?” “Sonti mi ga dito quelaltra!”. Ao sair do restaurante a equipe toda, a recepcionista, o barman, os garçons, o TOTI, guarda do restaurante, todos foram até a porta e disseram: “obrigado Itacyr volta sempre, os amigos do Henrique serão sempre bem-vindos”. He, he, he! Será que foi por isso que o ITACYR chorava quando me contava, porque em BARRACÃOCITY mando mais eu do que ele? Mando? Há severas controvérsias.

Epílogo

Quero dizer a vocês que a narrativa acima é fundamentada em fatos reais e, as interpretações são do meu imaginário, mas são fiéis às observações por mim coletadas. Em tempo, quero dizer que constatei no Quero-quero traços de reumatite, fadiga mental e cansaço extremo de tanto ouvir falar do PEDÁGIO; DO CORONA, DO LÁZARO, O SERIAL KILLER, E A INCOMPETÊNCIA DE PRENDÊ-LO; DE PRIVATIZAÇÕES E TANTAS OUTRAS COISAS QUE ESTÃO “TORRANDO O SACO” DOS BRASILEIROS! E O QUERO-QUERO TAMBÉM ESTÁ DESOLADO, O FERRO DE CONSTRUÇÃO SUBIU 80%; A CARNE DE SEGUNDA CUSTA MAIS DE 40 REAIS AO QUILO; A GASOLINA ESTÁ A R$ 6 O LITRO; A INFLAÇÃO SUBIU 0,3%; E NÃO TEM AQUELA DO BALÃO MÁGICO “TUDO O QUE SOBRE DESCE”, PORQUE O QUE SOBE NÃO DESCE MAIS! PRONTO, CANSEI, PAREI DE ESCREVER, NÃO SEM ANTES CANTAR: MÉRICA! MÉRICA! MÉRICA! COSSA SARÀLO STA MÉRICA, LE MAI PIU UM BEL MAZZOLINO DI FIORI!