De tristezas, alegrias e esperanças

Esta sexta-feira amanheceu triste em meio à névoa que se abateu sobre a cidade. E eu estou triste diante do cenário de vida, embora tenha resquícios de alegria.

A nossa Revolução

Embora na Itália tenha uma estátua de Garibaldi em cada praça pública, nosso “herói” não é muito venerado por lá, Anita sim é muito reverenciada. Garibaldi é tido, pelo menos no norte do país, como um mercenário, lutava por dinheiro e não unificou a Itália coisa nenhuma, é só ir lá e ver, politicamente está unificada, mas na cabeça das pessoas não! Quando veio para o Brasil, lutar pela Revolução Farroupilha, veio contratado por Bento Gonçalves que, sabe-se, faliu de tanto dinheiro que gastou na defesa, sobretudo, do “não pagamento de impostos absurdos à coroa”. Me entristece também saber que foi preciso, fruto da fogueira de vaidades e da necessidade de salvar o movimento com um acordo “honroso”, dizimar mais de cem negros que, após lutar pelos “ideais” farroupilhas foram traídos, emboscados e mortos. Outros tantos foram presos, nada do que lhes foi prometido foi cumprido, ou seja, a libertação após guerra, escravizados que eram nas fazendas. Desunidos, sem dinheiro, os Farroupilhas firmaram a paz com o Duque de Caxias. Garibaldi voltou para a Itália e levou Anita, que pariu seus filhos, contam por lá, “no lombo do cavalo”, uma heroína. Vidas jogadas fora, um estado destruído, humilhação, a menos que o legado de que tanto nos orgulhamos seja “a coragem mostrada ao empunhar das armas e os ideais, estes discutíveis”.

O que resolveu?

Estou aqui neste instante a tomar o meu chimarrão, que particularmente me foi proibido pelos médicos, mas se é derivado de uma planta e não tiver açúcar na sua composição, meu estômago vá lá, que aguente, é o que me resta de bom do tal tradicionalismo. Acho que a pandemia veio também para dar um “paratequieto”, nesse negócio de “fandango, trago e mulher, churrasco e bom chimarrão” que é “para quem pode e não para quem quer”. Por outro lado, nosso estado está pior do que estava quando foi declarada a Guerra dos Farrapos. Lutamos por igualdades sociais, por melhores condições de desenvolvimento empresarial, por empregos, melhorias nas estradas, por uma reforma tributária, por mais tolerância e respeito político, pela igualdade tributária. O que nos sobrou da “revolução”? Um governador com o chapéu na mão, lutando para pagar as dívidas do estado, sem condições de amanhã nos dar um estado evoluído, moderno, não condenado ao individualismo do “salve-se quem puder”.

Pobres atletas

Como ex-dirigente do Clube e Membro Fundador da Associação dos Clubes do RS (hoje extinta), deploro a situação humilhante em que se encontram os jogadores de futebol, falo em especial do meu estado. Não há competição da Divisão de Acesso, da Série B, jogador de futebol passou a ser, não uma profissão, mas sim, uma atividade descartável. Vale aquilo que a televisão quiser comprar, fora disso não vale muito. Auxiliar de pedreiro, pintor, gari, auxiliar de encanador, estas são algumas profissões que sobraram para os jogadores de futebol que tiveram que abandonar a atividade. A imprensa também é culpada disso, uma culpa compreensível, mas vejam bem: correu pelo mundo foto e notícias sobre a reforma que Neymar está fazendo na sua casa de veraneio em Mangaratiba, belíssima zona litorânea no Rio de Janeiro, com a construção de uma boate subterrânea, com isolamento acústico, “porque os vizinhos estão incomodados com o barulho que a boate atual proporciona”, situação que contrasta, por exemplo, com a situação dos jogadores do Botafogo que estão há quatro meses sem receber salário e são quase todos derivados da base que os garimpou nas praias e favelas da Grande Rio. E contrasta também com o pobre agricultor que, no subsolo de sua casa, guarda a enxada, o ancinho, talvez um tobatinha 96 e, quem sabe, uma Brasília amarela para vir para a cidade. E, para quem, como eu, chamava esposas de jogadores e dava dinheiro para elas comprar leite para as crianças porque o pai não fazia isso, gerando brigas e desentendimento que se refletiam dentro de campo. Pobres crianças desses jogadores desempregados, se já não compravam leite jogando, imaginem agora. Desolação. Falar nisso, o Grêmio vai pagar 7 milhões por mês para Cavagni? Melhor fazer o que ele fez “CAVAgni buraco” para plantar flores, foi o que fez ao renovar com Ferreira, o jovem da base.

Todos “bonitinhos”

Eu não sei o que vai acontecer a partir do momento em que os pré-candidatos virarem todos candidatos. O que eu deploro é o que eu estou vendo agora, nas redes sociais viraram todos bonitinhos, mostram suas caras, suas famílias, seus pets, postam Lives, fotos históricas, memórias, uma maneira de fazer campanha, e/ou ser lembrado. Pandemia cruel! O eleitor teria que contratar um agente do FBI especialista em decifrar aqueles rostos. O que há por trás daquela fisionomia? Um homem de princípios, de moral ilibada, trabalhador, que vai defender os interesses do povo e de que forma, qual o seu plano de atuação em favor do interesse público? Pois é, eu deploro sim. O vírus. Ele está nos roubando o palanque, as reuniões públicas, os comícios, as proposições, os debates, as visitas, essas coisas “quentes” que nos façam poder escolher o melhor ou o “menos pior”. Errar por ignorância é doloroso. Viramos todos dependentes das redes sociais, mergulhados num mar de agressões, maledicências, vaidades, comodismos, mas também, cumpre dizer, uma ferramenta importantíssima, se bem utilizada. As colocações que se apresentam: “Face” é para os velhos, “Instagram” é para os jovens. Se a forma, e não a comunicação, é importante, com todo o respeito sou mais do carteiro que fazia dois mil quilômetros no lombo do cavalo para levar o correio nos tempos da Diligência. Leiam a história do Lampião e vejam como é que ele se comunicava e como é que foi traído. No “tête a tête”! Nada substituirá o valor do contato pessoal, da voz ao telefone, da visita e nem mesmo das “cartas de amor” encantadas por Bethania.

Todos os candidatos estão encantadores nas redes
sociais. E as propostas?

A visita indesejada

Leio tudo sobre saúde, em revistas, jornais, “lives” de médicos, artigos na internet. Assim, com essa “bagagem”, quando vou ao médico vou “armado e perigoso”. Certa ocasião, ao dar um “pitaco” sobre a minha próstata, meu médico ficou fulo da vida e me disse “tu fica lendo essas porcarias na internet, se tu quer encontrar chifre em cabeça de cavalo tu vai encontrar”. E disse mais: “te preocupa com o problema quando ele aparecer”. Me recolhi à minha “santa ignorância”. Em outra ocasião, por andar meio sem força física, “não conseguia mais subir nem descer escada correndo” como é meu hábito, munido de informações derivadas de pesquisas a respeito da VITAMINA D, fui ao meu Clínico e, ao “chegar chegando”, eu disse “doutor nós nunca pesquisamos como anda minha Vitamina D, o que o senhor acha de um exame para ver como ela anda? De posse da requisição lá fui eu para o Tacchini passar pela “tortura” de encontrar uma veia para tirar “meu sangue real”. O resultado acusou: carência da valiosa vitamina, “estrela” até nesse processo do Corona por favorecer a imunidade. Pílulas aos domingos por 6 meses e, após, “três degraus por vez ao subir a escada”. A recomendação médica veio na seguinte forma: 10 minutos por dia de “sol nas canelas”. Assim, após o almoço, munido de meu chapéu europeu, celular e óculos de sol, lá vou eu para a sacada do quarto “dar um bronze nas canelas”. Questão de 5 semanas atrás, sentado numa cadeira de praia, canelas ao sol, olhei no chão e lá estava ele aos meus pés, UM GAFANHOTO! O que tá fazendo aí rapaz? Tu também tá com carência de vitamina D? “No, no, senhor, estoi a fazer reconhecimiento”. Estoi com mi bando acampado em lá frontera Argentina/Brasil e necessitamos estudar las condiciones que hai acá em Brasil, entonces, como ostedes tiene batido lata contra nosotros em passado distante queremos saber de las condiciones de combate que vamos enfrentar”. Mas tu veio só pra isso cara e logo ‘prá’ cima de mim que ainda estou traumatizado e cansado de tanto bater lata e expulsar tua turma invasora? “No, no senhor, hai outros motivos, estoi a observar tambien las condiciones del Covid-19, mui perigoso, mui mortal por acá. Tiene mas senhor, los pesticidas, no hay muchas lavouras orgânicas por acá, somos saudáveis no podemos correr riscos, salud es lo que interessa, lo resto no tiene pressa”. Então pelo que observo tu não vai recomendar a invasão ao RS? “Entiendo que no, senhor, vamos a ver lo que dizem los demás colegas que estan por outros puestos estratégicos por aí. Tiene mas, senhor, las condiciones climáticas, es mui frio acá”. Por isso que tu tá aqui na minha sacada tomando banho de sol, fugindo do frio? “Si, si senhor pero já me voi retornar à Argentina, gracias pela estada senhor, asta lá vista”. ‘Asta la vista nadie GAFANHOTO PREDADOR, vai lá incomodar o MADURO e o MORALES’!