O telefone toca insistentemente. Para e retoma a chamada. Não sendo o celular, que também merece um olhar mais atento antes do “alô”, já desconfio de que se trata de marketing ou golpe. E é o tempo todo assim. Gravações em que personagens se identificam com nomes e codinomes diversos – ultimamente um tal de “Leo” ganha todas as paradas – oferecendo mil vantagens em operações duvidosas. Que raiva! Não dá pra segurar alguns palavrõezinhos… E quando, apesar de todos os cuidados, nos enrolam em armadilhas pecuniárias, aí sim os xingamentos ganham o superlativo.

Nada a temer em relação a processos criminais, já que estamos protegidos no recôndito do lar. Se bem que hoje tudo é possível. Somos vigiados, filmados, monitorados, talvez até chipados e manipulados por forças invisíveis… 

Mas o que me preocupa é outra coisa. Algo mais sutil como as realidades energéticas geradas pelo conjunto da obra e a sedimentação dessas partículas vibratórias negativas no ambiente. Quem sofre com isso? O corpo e a mente. E as minhas orquídeas. Pobrezinhas!  Elas chegam floridas, desenhando corações, e logo perdem a vitalidade e as pétalas…

         Andei investigando esse fenômeno e redobrando os cuidados. Medida da água e nutrientes, ok! Exposição indireta ao sol, sempre! Correntes de ar, nunca! Apesar disso, elas continuaram definhando, então tive de concordar na teoria dos miasmas – energia negativa no entorno.

         Resolvi agir. Primeiro fiz uma espécie de limpeza na casa, com a queima de folhas de louro (não gosto de incenso), para afastar as “larvas astrais”, que são “ideias projetadas pela mente humana e materializadas no mundo astral, mantidas pela força de nossos pensamentos”. Depois, parti para um contato mais íntimo, sonoro, físico e espiritual com as orquídeas. Chego perto delas e falo de amorosidade, de alegria, saúde, bem-estar, coisa e tal. Em havendo embates políticos, elas são transferidas para outro espaço.  

         Ainda não percebi mudanças significativas – as folhas de uma das orquídeas continuam opacas e viradas ao contrário, como se quisessem dormir de bruços… ou protestar contra algo. Será que elas são avessas a notícias de rádio e televisão?

         Plantas não têm olhos nem ouvidos, mas estão conectadas por fatores comuns a todas as formas de vida na terra, reagindo ao ambiente, o que me faz refletir… Se elas, que não são dotadas de cérebro, padecem numa atmosfera carregada, o que se pode dizer de nós, que recolhemos palavras e sentimentos nocivos e os guardamos em nossa “Caixa de Pandora”, que já vem com um tubo de escoamento integrado?!