A comunidade do bairro Progresso celebrou, neste domingo, 15, a 50ª Festa de Santa Lúcia, marco que remonta a uma história de devoção, trabalho comunitário e união. A celebração, realizada no salão da comunidade, envolveu festeiros, voluntários e moradores, que reviveram a trajetória de uma das festas religiosas mais importantes da região.

Tradição que começou com um milagre

A veneração a Santa Lúcia no bairro tem origem em um capitel construído por um jovem da família Rigon, que, após perder a visão, fez uma promessa: se recuperasse a saúde ocular, ergueria um capitel em honra à Santa, padroeira da visão. “Ele alcançou a graça e cumpriu sua promessa. Foi assim que começou a devoção por Santa Lúcia por aqui”, conta Walter João Andreoli, de 87 anos, um dos fundadores da festa.

Primeira celebração

Balduino e Ana Neri Eitelven, juntos com o casal fundador Walter e Élia Andreolli foto: Nathielly Paz

A primeira festa de Santa Lúcia ocorreu em 22 de dezembro de 1974, organizada pelos casais Walter e Élia Andreoli, Claudinho e Terezinha Rosalen, e Maurício e Sueli Conzatti. Na época, a estrutura era modesta: um salão de madeira na beira da lagoa e uma cozinha pequena. “Quem preparou as saladas foi Gentil Belisqui e Zilda Rigon, e a água era buscada com baldes. Talheres e copos eram emprestados pelas famílias”, relembra Élia Meneghini Andreoli, de 85 anos.

A celebração contou com missa presidida pelo padre Oscar Bertoldo e a presença do prefeito Darcy Pozza. “Foi um dia inesquecível. Todos ficaram até a noite, e o que sobrou do churrasco virou risoto. Ficamos conversando e rindo por horas”, recorda Élia.

Organização atual: esforço voluntário e compromisso social

Neste ano, parte do lucro será destinada às vítimas das enchentes que afetaram a região. “É uma maneira de estender nossa solidariedade, que também faz parte do espírito da festa”, destaca Tonet.

Memórias de uma comunidade em construção

A preparação da festa começa cedo, como explica Guilherme Tonet, 34 anos, membro do conselho diretivo e coordenador dos festeiros há quatro anos. “As reuniões iniciam em março. Os festeiros são convidados ainda no final do ano anterior, e em seguida começam as arrecadações de prêmios para rifas. Toda a equipe administrativa e de garçons é voluntária, e o lucro da festa é revertido para a manutenção do salão comunitário e da igreja”, afirma.

Juares Sonza, integrante do conselho diretivo, lembra dos desafios enfrentados ao longo dos anos. “Trabalho com a comunidade há mais de 14 anos. Reformamos o salão e a igreja antes da pandemia, sempre com muito esforço. Hoje, nossa estrutura está bonita, graças à dedicação de todos”, declara.

Equipe de festeiros: Márcio e Maria Bortolini; Nadir Calza e Fátima Figlerski; Noêmia Grasselli e Valmor Ribeiro; Juciane Baldissarelli e Maisson Canterle; os irmãos Ana Paula e Arthur de Souza

Ele lamenta a falta de engajamento dos jovens nas atividades comunitárias, mas mantém a esperança de renovação. “A juventude tem outro pensamento, outra atitude. Gostaria que eles assumissem mais responsabilidades, mas continuaremos ajudando no que for preciso”, diz.

Uma festa que resgata valores e união

Para os festeiros, a 50ª Festa de Santa Lúcia foi um momento de reforçar laços de fé e tradição. “Ver a comunidade reunida é gratificante. Por mais que o tempo passe, a devoção a Santa Lúcia permanece viva em cada celebração”, conclui Tonet.

A história da festa é, sobretudo, um testemunho de como a dedicação coletiva e a fé podem transformar uma simples comemoração em um legado que atravessa gerações.