No início da semana, uma mulher foi flagrada abandonando um cachorro na BR-470, em Bento Gonçalves. O caso despertou a população para outros cenários de maus-tratos contra animais no município

Segundo o 3°Batalhão Ambiental da Brigada Militar, no primeiro semestre de 2020 foram 15 averiguações de situações de maus-tratos, que tiveram como resultado quatro ocorrências registradas e duas prisões. Nos primeiros seis meses de 2021 houve queda de 60% do total em comparação ao ano anterior, com apenas seis averiguações, porém com mais duas ocorrências e duas prisões. O órgão afirma receber denúncias diárias, mas na maioria das vezes não é possível registrar, pois não é informado o local específico nem o veículo envolvido.

Um dos órgãos municipais que auxilia no cuidado dos animais é o Conselho Municipal do Bem-Estar Animal (Combea). A presidente da entidade, Daiane de Mattos, afirma que a função do Combea é atuar na elaboração de políticas públicas para proteção e defesa dos animais, na sensibilização e conscientização da população sobre a necessidade de ter uma posse responsável, além da defesa dos que estão feridos e abandonados. “Também é adotar providências em casos de maus-tratos; propor campanhas de esclarecimento, adoção e vacinação; solicitar e acompanhar as ações dos órgãos de proteção e defesa, entre outros”, explica.

Daiane também é representante da Organização Não Governamental (Ong) Todos por um Focinho. Ela afirma que de janeiro a março, os casos de abandono aumentaram bastante. “Nós estamos resgatando vários animais e não só abandonados, mas também idosos e doentes. É um mix de maus tratos”, lamenta.

A dificuldade de quem ajuda os pets que ainda não têm família é encontrar lares provisórios. “Quando a gente pode, destinamos eles para lares temporários pagos. Porém, nós temos uma limitação. As pessoas podem ajudar doando os lares, nos auxiliando a custear, colaborando com campanhas de conscientização e arrecadação de rações, dentre outras ações”, ressalta.

A representante da Ong Amigos Pet, Morgana Formaleoni, destaca que convive diariamente com o abandono e faz um pedido à comunidade. “Primeiramente, é preciso conscientização. Não adote se não tem condições ou conhecimento que um animal vive, em média, 15 anos. Segundo, sempre precisamos de lares temporários, seja um voluntário. Terceiro, ajude uma Ong de sua cidade, pode ser financeiramente ou sendo um voluntário”, sugere.

A administradora Fernanda Juliana, ativista da causa animal há mais de 30 anos e idealizadora do Grupo Help Pet, afirma que dados mostram o panorama do Brasil, que aumentou em 70% os casos de abandono durante a pandemia. “Em Bento Gonçalves a situação não é diferente. Estamos vivendo o ápice do abandono de animais, acompanhando uma triste realidade que está sendo presenciada na maioria das cidades brasileiras” destaca.

Ela explica que os pets que são resgatados ficam sob guarda provisória das Ongs ou com protetores independentes. “Em casos de flagrante de maus-tratos por parte da autoridade competente, o animal é retirado e fica também aos cuidados de algum órgão da proteção animal que serão fiéis depositários até a finalização do processo judicial. Cabe ressaltar que se o animal estiver com problemas de saúde, ele será, antes, encaminhado para atendimento veterinário. Sendo que estas despesas são todas pagas pela Ong ou pela pessoa que resgatou”, frisa.

Fernanda aponta que a maioria dos protetores está com dívidas nas clínicas veterinárias da cidade. “Os valores para atendimentos aumentaram juntamente com a demanda de casos. Além disso, a ajuda da comunidade diminuiu consideravelmente”, sublinha.

A ativista lembra que maltratar animais é crime. “Eles não são descartáveis e abandoná-los é crime, segundo a nova Lei Federal nº 14.064/20, que altera a Lei nº 9.605/1998, aumentando a pena de detenção para até cinco anos para crimes de maus-tratos a cães e gatos. O abandono causa extremo sofrimento ao animal, que tem dificuldades para encontrar alimento e abrigo em ambientes desconhecidos, ficando desprotegidos da chuva, do frio, da exposição ao tempo e sujeitos a brigas, atropelamentos e maus-tratos”, evidencia.

Eles estão esperando por adoção

Fotos: divulgação

1 – Maia, Fêmea, 1 ano. Adora crianças e convive bem com outros animais. Contato para adoção: Morgana 99627-9621

2 – Odin, Macho, 2 anos – Porte médio. Só quer uma família pois é bem brincalhão. Não convive com outros animais. Contato para adoção: Morgana 99627-9621

3 – Caramelo, Macho, 4 anos – Porte grande. Um grandão com um coração enorme, não convive com outros animais. Contato para adoção: Morgana 99627-9621

4 – Gilda, fêmea, porte médio, castrada, muito carinhosa e dócil, espera há mais de um ano no lar temporário a adoção.
Contato para adoção: Facebook Todos por um Focinho

5 – Maitê, fêmea, porte M a G, castrada, dócil e carente, retirada dos tutores de maus-tratos. Contato para adoção: Facebook Todos por um Focinho

6 – Pacco, macho castrado, porte M a G, muito dócil. Retirado junto com a Maitê de maus-tratos.
Contato para adoção: Facebook Todos por um Focinho

Adoção conjunta

7 – Dora e Sofia. A Sofia, de 6 anos com a pelagem mais escura é a mãe da Dora, de 5 anos, ambas castradas. Negativas para FIV/FELV! Contato para adoção: Noely 99687-8686

8 – Maluma (macho) e Samy (fêmea), irmãos, castrados, negativos pra FIV/FELV
Contato para adoção: Noely 99687-8686

9 – Kira e Tigrinha, irmãs, castradas, negativas para FIV/FELV. Completarão 2 aninhos dia 31/10. Contato para adoção: Noely 99687-8686