Obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de embutidos podem estar contribuindo para o aumento da incidência
O câncer colorretal é o terceiro mais incidente no mundo e, no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima uma média de 36 mil novos casos/ano, atingindo ambos os gêneros em igual proporção. Neste cenário, destaca-se o aumento da incidência da doença entre a população mais jovem, com menos de 50 anos. Pesquisa da Sociedade Americana de Câncer em 2017 revelou que pessoas nessa faixa etária têm o dobro de risco de desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com câncer no reto em comparação aos indivíduos com 55 anos ou mais.
O oncologista Rafael José Vargas Alves, do Grupo Oncoclínicas em Porto Alegre, afirma que maus hábitos, como obesidade e sedentarismo, são fatores que podem estar associados com o crescimento do risco deste tipo de câncer em jovens. Além disso, o especialista lembra que o consumo excessivo de embutidos já foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como risco nível 1. Ou seja, há evidências de que esse consumo aumente o risco de câncer, embora ainda não existam dados conclusivos sobre o consumo exagerado em relação ao impacto entre os jovens.
De acordo com o oncologista, em torno de 35% dos cânceres de cólon em jovens (menos de 50 anos) tem um fator genético hereditário identificado. “Portanto, a maior parte dos tumores nesta população mais jovem são chamados de esporádicos e, provavelmente, tem uma relação com hábitos de vida”, observa. “O alto consumo de carne vermelha, obesidade, diabetes, alterações na microbiota intestinal (microrganismos que habitam o intestino) ou infecções podem estar envolvidos na gênese desses tumores, mas o mecanismo ainda é desconhecido”.
Na maioria dos casos, os sintomas da doença estão relacionados ao comportamento intestinal, incluindo diarreia ou constipação, fezes finas e que apresentem sangue. Inchaço frequente na região abdominal, gases, fadiga ou falta de energia e perda de peso súbita também fazem parte da lista de sintomas possíveis. Pessoas que apresentam pólipos (lesões benignas) estão mais propensas a desenvolver tumores.
Em relação à população mais jovem, o oncologista afirma que os sintomas são frequentemente inespecíficos, como uma dor abdominal vaga ou perda de peso. Os tumores de cólon do lado esquerdo são mais comuns em jovens e podem levar à alteração no formato das fezes e no hábito intestinal. Enquanto os tumores do lado direito causam mais sintomas relacionados à anemia. “O diagnóstico tardio na população jovem também é problema de saúde pública, pois, na maioria das vezes, os jovens não valorizam os sintomas por se tratar de uma doença rara em sua faixa etária. Outro fator importante é que muitas destas pessoas só vêm a pensar em ter um seguro saúde na velhice. Portanto, essa população jovem, por não possuir um seguro saúde, pode ter mais dificuldade no acesso ao diagnóstico”.
Indicada como rastreamento após 50 anos, a colonoscopia pode detectar e tratar lesões pré-malignas”. Dr. Rafael acrescenta que nos EUA e em outros lugares do mundo, essa idade passou para 45 anos frente aos dados do aumento da incidência da doença nos mais jovens. O especialista do Grupo Oncoclínicas ainda destaca a importância da prevenção e afirma que a doença em estágios iniciais pode atingir taxas de cura de mais de 80%. A cirurgia é o tratamento mais usual, podendo ou não ter algum tratamento complementar com quimioterapia ou até quimiorradioterapia (QRT).
Fonte: Moglia Comunicação
Foto: Reprodução