Campanha março lilás visa trazer conscientização sobre a importância da prevenção da doença, que é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil

O câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, é atualmente o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
A principal causa desse tipo de câncer é o vírus do HPV, que se adquire principalmente por via sexual. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital. É importante lembrar que o tabagismo e baixa imunidade devido ao uso de medicamentos ou pela presença de imunodeficiências são fatores de risco para o desenvolvimento da doença.


Em estágios iniciais, o câncer de colo uterino não costuma apresentar sintomas. Somente em fases mais avançadas da doença, a paciente pode ter sintomas como sangramento vaginal, secreção vaginal anormal em quantidade, cor e odor; dor pélvica, desconforto ou sangramento nas relações sexuais e até mesmo alterações urinárias ou intestinais, em casos mais avançados.

Segundo a mastologista e ginecologista Aline Valduga, o diagnóstico é feito através da história clínica, exame físico, coleta do citopatológico de colo uterino e a realização de biópsia do local. “O tratamento irá depender de que estágio a doença foi detectada, e em fatores pessoais da paciente, como idade, doenças pré-existentes, desejo de ter filhos, entre outros. Em estágios iniciais o procedimento de escolha costuma ser cirúrgico e poderá ser considerado curativo. Já em casos mais avançados, o tratamento será com quimioterapia e radioterapia, ou somente quimioterapia”, esclarece.

Esta doença é mais frequente em mulheres em idade reprodutiva, entre 35 e 44 anos. Raramente ocorre antes dos 20 anos, razão pela qual se recomenda que o rastreamento se inicie a partir dos 25 anos.

Em mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero, a causa é a infecção persistente pelo vírus do HPV. O uso de preservativos em todas as relações pode ajudar a diminuir a transmissão do vírus. Porém, a melhor maneira de prevenção é a vacinação, de preferência antes do início da vida sexual, para que a vacina garanta a proteção antes do contato com o vírus por essa via.

Vacinação

Existem dois tipos de vacinas disponíveis no Brasil, a quadrivalente e a nonavalente. Ambas são seguras e eficazes na proteção contra diversos tipos de câncer, incluindo os de colo de útero, boca, vulva, vagina, pênis e ânus. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a única vacina disponível é a quadrivalente, que é indicada para crianças a partir dos nove anos até os 14 anos. Dos 15 aos 45 anos, a vacina também está disponível para homens e mulheres que estejam vivendo com HIV, pacientes transplantados ou oncológicos, além de vítimas de violência sexual.

Na rede privada, a vacina pode ser feita dos nove aos 45 anos. É importante frisar que naquelas pacientes que já tiveram lesão pelo HPV, a vacinação reduz a chance de recidiva de lesão e de reinfecção em até 80%. “O ideal é receber a vacina antes do início da vida sexual, mas até os 45 anos de idade ainda há grandes benefícios na vacinação, inclusive para aqueles pacientes que já iniciaram vida sexual ou já tiveram lesão pelo HPV”, ressalta a médica.

Quando se fala em rastreamento de lesões que podem gerar um câncer de colo de útero, que são as lesões de alto grau (NIC2 e NIC3), a indicação é realizar o exame citopatológico, também conhecido como Papanicolau. É recomendado que o exame seja iniciado aos 25 anos e mantido até os 64 anos. Além disso, desde 2019 há a recomendação de se associar a pesquisa de HPV DNA, realizada através de uma coleta semelhante à do citopatológico, e que é capaz de identificar qual tipo de HPV presente ou descartar essa possibilidade. Dependendo do resultado desse exame, que deve ser repetido a cada cinco anos, o rastreamento da mulher pode mudar. Após detectada e confirmada a lesão de alto grau do colo uterino, é indicada a sua remoção através de uma cirurgia chamada conização.

A conização, assim como a traquelectomia radical, são procedimentos cirúrgicos que possuem indicação baseada no tamanho do tumor e conservam o útero. Quando a paciente deseja gestar e possui um câncer de colo de útero em estágio inicial, é possível realizar um desses procedimentos. Porém, estas pacientes podem ter dificuldades para engravidar, apresentando necessidade de tratamentos de reprodução assistida, além de um risco maior de abortos, trabalho de parto prematuro ou incompetência istmocervical.

Recomendações e prevenção

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda uma abordagem integral para prevenção e controle do câncer do colo do útero. O conjunto de ações recomendadas inclui intervenções ao longo da vida. Deve ser multidisciplinar, abrangendo componentes de educação comunitária, mobilização social, vacinação, triagem, tratamento e cuidados paliativos.

Outras intervenções preventivas recomendadas para meninos e meninas, conforme apropriado, são a oferta de educação sobre práticas sexuais seguras, incluindo o adiamento no início da atividade sexual; a promoção do uso e fornecimento de preservativos para os indivíduos com vida sexual ativa; advertências sobre o uso do tabaco, que muitas vezes começa durante a adolescência, e que é um importante fator de risco para o câncer de colo de útero e outros cânceres; e a circuncisão masculina.