Educandário deve atender crianças do maternal ao 9° ano
O primeiro educandário do Caminhos de Pedra, interior de Bento Gonçalves é carregado de histórias, afinal, o espaço é centenário, foi criado em 1912. Inicialmente, pertencia ao município, mas desde 1965 passou ao Estado. Ao longo de todos esses anos, recebeu diferentes denominações, mas atualmente é chamado de Escola Estadual de Ensino Fundamental São Pedro. Contudo, está desativado desde o início deste ano.
Com os alunos precisando se deslocar até o município para estudar, os pais começaram a se preocupar com a possibilidade de eles perderem a cultura local, segundo a presidente da Associação Caminhos de Pedra, Maristela Pastorello Lerin. “As famílias começaram a indagar que eles saem daqui, vão para uma escola na cidade, aonde a realidade é outra e acabam perdendo na questão cultural e da língua”, pontua.
Assim surgiu a ideia de dar vida novamente para a escola da comunidade, mas de uma forma totalmente diferente. Visando, principalmente, garantir a manutenção das tradições locais. “Como a Associação está aqui e abrange bastante a parte cultural, se pensou, em grupo, em montar um sistema diferenciado, para atingir a criança desde pequena, para que ela possa trabalhar aqui, dar sequência ao roteiro. Quando chegar no Ensino Médio, já é outra conversa e ela tem o poder de escolha, mas que conheça as nossas raízes”, explica.
Como a intenção é fugir do método tradicional de ensino, Maristela conta que está sendo buscado métodos diferenciados para implementar no futuro educandário. “Vamos aplicar várias frentes que atinjam as necessidades da comunidade, buscando uma escola modelo, de referência na Serra Gaúcha, com métodos europeus”, antecipa.
Entre os diferenciais na metodologia de ensino, está o ensino do Talian, uma mistura dos dialetos trazidos da Itália pelos primeiros imigrantes, com palavras do português e do italiano gramatical. Mas vai além. “Vai ter gastronomia, música, o brincar livre, natural, ao mesmo tempo usando a tecnologia”, conta.
As disciplinas obrigatórias em qualquer colégio farão parte, mas a forma como é ensinado será diferente. “Com outro olhar. Na matemática, as crianças vão aprender que dois mais dois são quatro, mas como chega no dois mais dois? A criança vai trabalhar construindo. Por exemplo, o que é preciso para ter uma banqueta? É necessário árvore, lapidar, parafusos, pregos, ferramentas. Para encontrar pronta tem um processo”, exemplifica.
Localização
A sede da nova escola será no mesmo local da antiga. Entretanto, como o prédio é considerado patrimônio histórico cultural, não é possível mexer na estrutura externa. Posteriormente, a ideia é construir outro espaço. “A princípio será por etapas, a primeira é manter o que se tem, começando a atender as séries inicias. Depois, vai ser feito mais um prédio na parte de trás, mas com uma arquitetura que case com o Caminhos de Pedra”, afirma.
Previsão
Embora o projeto ainda esteja em fase inicial, a expectativa é que a escola esteja em funcionamento já no próximo ano. “É a nossa previsão. Depende do Estado que está tramitando para fechamento da atual, depois tem o processo de cedência, as reformas necessárias e captação de recursos arquitetônicos e pedagógicos”, informa.