Nesta terça-feira, 5, a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem-Estar Social da Câmara Municipal de Bento Gonçalves, em reunião ordinária, seguiu com os debates sobre a instalação de dois empreendimentos de grande porte no Vale dos Vinhedos, o Be Wine Resort e Gramado Parks.

Na última sessão, realizada na terça-feira, 29 de março, a Casa Legislativa abriu espaço para os representantes do Grupo Salton e da Gramado Parks apresentarem aos vereadores o Projeto Enoturístico do Vale dos Vinhedos. Dessa vez, a BeWine pode prestar esclarecimentos sobre a proposta aos parlamentares.

Na oportunidade, o CEO e fundador da BeWine, Rafael Zardo, apontou o principal objetivo do resort. “É um projeto totalmente ligado ao enoturismo. Estamos trazendo para Bento Gonçalves o maior parque temático de vinhos do mundo e é uma lástima que ele não fique na Capital Nacional do Vinho. Ele foi modificado durante vários meses, para que pudesse estar de acordo com as normas do município, do Ipurb e também do Plano Diretor do Vale dos Vinhedos”, ressalta.

De acordo com ele, o empreendimento irá triplicar o número de parreiras existentes. Zardo esclareceu ainda sobre a questão da Denominação de Origem (D.O). “Tem vários investidores, de todas as partes, que querem montar vinícolas no Vale dos Vinhedos após a implantação da BeWine. Na questão da D.O, nós compramos dois terrenos. Em um deles, nunca foi plantado um pé de parreira. E no outro, que tem menos de um hectare, o antigo proprietário usava para a produção pessoal. Então, imagina que de menos de um hectare de uva comum, nós vamos mais do que triplicar a área cultivada de uva vinífera, inclusive para a produção do nosso próprio vinho. Para isso, vamos fazer parceria comercial com alguma vinícola do Vale dos Vinhedos. Ou seja, só vem agregar e a acrescentar”, frisa.

Zardo relatou o esforço de manter o projeto em solo bento-gonçalvense. “Estamos tendo negativa de pessoas do próprio setor, que muitos deles nem conhecem o projeto. Continuamos tentando fazer com que a BeWine fique em Bento Gonçalves, mas se for da vontade de que ela não fique, infelizmente nós vamos levar o maior Parque Temático de Vinhos do Mundo para outro lugar. É uma lástima que um ponto turístico não queira receber turistas. O que mais me deixa perplexo são os argumentos que foram usados na distrital, nenhum deles com fundamento. Mas, com certeza vamos dar a volta por cima, reverter isso e colocar a cidade no mapa do vinho mundial”, salienta.

Por fim, Zardo destacou a falta de comunicação com o Conselho de Planejamento Distrital. “Não fomos procurados por eles ainda. Não houve nenhum tipo de diálogo, apesar de sempre termos nos colocados abertos para isso durante meses. Em todo esse tempo, conversamos com o presidente da associação, da Aprovale, secretários, prefeito, e nos colocamos à inteira disposição para que fossem feitas todas as modificações do projeto para que ele chegasse aos 100%”, expôs.

Tratativas encaminhadas

Na terça-feira, 29, a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem-estar da Câmara Municipal de Vereadores, liderada pelo vereador Anderson Zanella, solicitou a anulação das decisões da reunião do Conselho Distrital que vetou os empreendimentos, e pediu a suspensão do alvará de construção do Castelos do Valle Resort, por considerar que tem características semelhantes às dos empreendimentos vetados. Segundo Zanella, os documentos foram encaminhados nesta terça-feira, 5, ao Ministério Público e Prefeitura de Bento Gonçalves para que sejam tomadas as devidas providências.

Segh se posiciona

O Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh) divulgou nesta segunda-feira, 4, um manifesto se posicionando a favor de órgãos e entidades que votaram contrariamente à instalação dos empreendimentos. “Igualmente defendemos que o diálogo franco e aberto seja mantido para a implantação de empreendimentos, revitalização dos existentes ou novas políticas adotadas, preservando-se a essência de cada território, de onde se originaram as marcas fortes como a de Bento Gonçalves. O olhar deve ser a médio e longo prazo também, evitando a descaracterização como observada em outros destinos e impactos irreversíveis que prejudiquem a qualidade de vida dos moradores e do visitante”, diz trecho do documento, assinado pela diretora executiva do sindicato, Marcia Ferronato.

O empresário do setor de gastronomia, Marcos Giordani, acredita que a melhor solução para a situação é o diálogo. “Nesse momento acho que é necessário um pouco de cautela. Precisamos de muita calma e conversa. Acho que esse é o principal ponto que temos que enfatizar, tentando entender todos os lados e acredito que só assim conseguiremos chegar em um consenso. Entendemos perfeitamente que o nosso turismo é sustentável e que investimentos sempre são importantes, mas vamos entender o que é melhor para todos e solucionar da melhor forma possível”, conclui.

Foto: Laura Kirchhof