A comunidade de Bento Gonçalves dá adeus a duas emblemáticas figuras que deixaram lembranças por onde passaram: o ex-vice-prefeito Rubens Lahude, aos 83 anos, e o professor Loreno José Dal Sasso, aos 89. Ambos faleceram na quinta-feira, 30 e foram sepultados na sexta-feira, 31.

A vida política de Lahude

Lahude, natural de Santa Tereza, iniciou como dentista na cidade natal. Em Bento Gonçalves exerceu o cargo na gestão de 1989 a 1992, no mandato do então prefeito Fortunato Janir Rizzardo. Também foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Bento Gonçalves legislatura de 1969/1972, além de ter comandado a Secretaria Municipal da Saúde e a Secretaria Estadual dos Transportes, no governo Alceu Collares, e presidente Estadual de Rodagem.

Participou da transição do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em meados dos anos de chumbo da ditadura (1964 -1974). Período marcado também pela criação dos dois partidos Arena, do Estado, e de oposição, MDB, que mais passaria a se chamar PMDB. Em 2017, os delegados do partido aprovaram a volta da sigla MDB.

Durante sua trajetória, também exerceu as funções de conselheiro do Banrisul durante oito anos. Lahude era viúvo de Iraide Lahude e deixa as filhas Magali, Morgana e Michele, além de duas netas.

O ensino de Dal Sasso

Uma das principais marcas deixadas por Dal Sasso foi na educação. O professor atuou durante 45 anos na área das ciências exatas. Ele era casado com Maria Edith Selbach Dal Sasso e pai de três filhos: Jaqueline, Ricardo e Gabriela.

Durante sua trajetória, Dal Sasso lecionou em diversos educandários da cidade, assumindo, em 1968, a direção do Colégio de Viticultura e Enologia de Bento Gonçalves, onde hoje está o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), e professor de Mecanografia e Matemática no Colégio Marista Aparecida. No ensino superior, foi protagonista na consolidação da regionalização da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e dos núcleos em Guaporé, Nova Prata e de Veranópolis, tendo presidido por 20 anos a Fundação Educacional da Região dos Vinhedos (Fervi).

Dal Sasso também ocupou o cargo de diretor do Sesi, posteriormente, diretor executivo do Centro da Indústria Comércio e Serviços, CIC de Bento Gonçalves e incentivador da Rainha Ind. Comércio. Dal Sasso é autor do livro “Matemática Lições Incompreendidas?”.

Homenagens

Olinto de Rossi, 74 anos

“Lahude começou com um consultório em Santa Tereza, era, inclusive, seu cliente. Um ótimo profissional e como político, correto. Sempre grande empreendedor. Excelente pessoa, educado, tinha tratamento fora do comum. Ficamos muito amigos, foram colegas no antigo partido MDB, em 1966, quando o governo militar criou apenas dois partidos: Arena e MDB. Mais adiante saiu a lei obrigando a ter a palavra ‘partido’, e passou a ser chamado PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro”.

Elias Japur, 88 anos, primo de Rubens

“Sempre um lutador de Bento e por Bento. Uma pessoa que todo mundo gostava pela simpatia e pelo modo de falar. A notícia me pegou de surpresa, não pude visitá-lo devido à doença (coronavírus). Não sou muito eloquente com as palavras, mas essa é minha singela homenagem”.

Itacyr Giacomello, 81 anos

“Posso considerar o Rubens Lahude um amigo, tivemos uma amizade muito profunda, além de um político exemplar, da qual aprendei muito com ele. Fomos colegas do tempo de 1969, em que fui vereador ao lado dele. Sempre foi uma pessoa de grande alcance social para o bem da comunidade, observando os melhores caminhos, principalmente”.

Ildoíno Pauletto, 72 anos

“Querido e amado Loreno Dal Sasso, grande professor, que sempre lutou pela comunidade, pelo ensino, querendo o melhor para Bento. Buscou muitas alternativas de curso superior para atender a demanda existente da comunidade da cidade e região. Pessoas, que como ele, amam a comunidade, um grande amante da cidade, é difícil de se encontrar. Deixou um legado na área do ensino superior fantástico, um lindo legado a ser seguido”.

Antônio Frizzo

“Falar sobre o professor Loreno Dall Sasso é reconhecer e louvar, antes de tudo, a importância dele como um ícone, um batalhador, um esteio do ensino superior em Bento Gonçalves. Como professor, é impossível não lembrar das aulas fantásticas por ele ministradas, notadamente as de ESTATÍSTICA e MATEMÁTICA, matérias que ele dominava como poucos. E não foi por falta de seu empenho hercúleo que Bento Gonçalves deixou de ter uma universidade, cuja semente foi a Faculdade de Economia e a Fundação Educacional da Região dos Vinhedos, a FERVI. Terá ele meu eterno reconhecimento como meu professor e mentor do ensino superior, além de amigo gremista. Que Deus o receba com o carinho e consideração que ele merece”.

Darci Poletto, 77 anos

“Dal Sasso foi uma pessoa boa, teve seu tempo da Fervi. Era uma pessoa sensacional, nos deu um rumo naquele início e nos primeiros contatos com o pessoal de Caxias, ele estava presente.

Astério Grando, 70 anos

“Eu só tenho a elogia-lo e agradecer pelo trabalho que fez a Bento junto à Fervi e ao Sesi. Ele era uma pessoa muito sábia e capaz na consolidação do ensino superior até a integração com a UCS. Fui professor de economia com apoio dele na Fervi. Um exímio professor e mestre de matemática”.

Fotos: Arquivo pessoal